segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Possível avivamento – Esdras 8:1-12
     
       Muito se tem falado sobre avivamento. As pessoas têm uma vaga ideia do que ele representa. Mas é suficiente para que seja desejado e sobre ele seja feita muita propaganda. Entre o povo que retornou do exílio em Babilônia, em cerca de 536 a. C., mesmo que a intenção não fosse iniciá-lo, alguns elementos apontavam para sua possibilidade.

1.      Todo o povo se ajuntou como um só homem: havia, da parte do povo, um consenso. Alguma razão havia para que se ajuntassem como um só. Toda a vez que isso ocorre e, principalmente, quando ocorre no contexto da ação do Espírito de Deus, é sintoma positivo, como em Atos 2:44, no início da vida da igreja,ou como na congregação do deserto em Êxodo 36:5-7;

2.      Pediu para que Esdras trouxesse o Livro da Lei: outro sintoma do interesse do povo e da própria receptividade para a ação do Espírito era pedir para que fosse trazido o Livro da Lei, que era a Bíblia daquela época. Não há como haver um verdadeiro avivamento sem que a Bíblia, a palavra de Deus, seja colocada em primeiro lugar. Também em Atos 2:42 a igreja experimentava ‘perseverança na doutrina dos apóstolos’, o que representa fome e sede pela palavra de Deus;

3.      Esdras trouxe o livro da Lei para todos os que eram capazes de entender o que ouviam: a Bíblia é para ser entendida, lida e explicada para todos. Outro exemplo de avivamento e diligência para o aprendizado das Escrituras foi por parte do rei Josafá, em 2 Crônicas 17:7-9, enviando os mesmos levitas para ensinar a palavra de Deus ao povo, do mesmo modo que Josué e da herança que deixou aos israelitas (Josué 23:6);

4.      Os levitas ensinavam ao povo e o povo estava no seu lugar: três coisas são fundamentais no modo como a Bíblia foi transmitida ao povo: (a) a duração; (b) a abrangência e (c) a organização. A leitura e o ensinamento durou toda uma manhã, alcançou, certamente, de crianças a idosos, passando por adolescentes, jovens e adultos, e foi feita por uma liderança, os levitas citados nominalmente, preparada e disposta a fazer setorialmente e com inteligência.

         Talvez nem se soubesse se a intenção objetiva era promover um avivamento, como hoje se pensa em fazer frequentemente. Mas o começo e as atitudes definidas certamente e naturalmente se tornaram o ponto de partida de um deles.

                         Cid Mauro Oliveira

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Sobre ordenações ao ministério e sobre como deve ser lá no céu.



               
  Sobre ordenações ao ministério e sobre como deve ser lá no céu.

                   De novo utilizando a vasta liberdade de que a gente dispõe ao escrever em blog, desta vez me dedico a um texto que procura avaliar ou fazer digressões a respeito do que vai definido no próprio título, ou seja, a propósito de ordenações ao ministério bem como as coisas lá na congregação celestial. As duas fotos acima dizem respeito, isto é, ilustram o assunto, visto que nelas aparece um sujeito ajoelhado, na primeira, enquanto um outro grupo de sujeitos impõem suas mãos, num cerimonial característico de igrejas evangélicas, assim denominado "Ordenação ao Ministério". Enquanto que a outra mostra um aspecto do púlpito como se apresentava no dia, o sujeito de pé, mais à esquerda da foto, olhando para as anotações sou eu mesmo, o mesmo que se apresenta ajoelhado na foto anterior.

                   Coisas do céu, digo, porque na galeria dos pastores presentes, incluído aquele que está também olhando suas anotações ao púlpito, ao centro, entre os outros cinco pastores assentados, conheço-os todos pelo nome: Jorge Mota, ao púlpito, no centro e, sentado ao seu lado, Maurillo Neves Moreira (que foi quem batizou a mim e a minha esposa), sentado bem abaixo de mim, à esquerda, José Alves Barbosa, amigo de meu pai há anos, ao lado dele Helio Rodrigues Martins, pastor de minha prima, na Congregacional do Encantado, RJ, e os dois à direita, meu pai, Cid Gonçalves de Oliveira e, ao lado dele, estrema direita, Antonio Limeira Neto. O placar desta foto é, incluído o meu nome que, a partir dessa data aí, 2 de janeiro de 1983, passaria a ser chamado "pastor", dá 7 X 3, quero dizer, três pastores ainda estão por aqui, eu, que escrevo estas notas, Helio Martins e José Alves Barbosa, enquanto quatro já estão no céu, Jorge Mota, Maurilo, Cid e, o mais recente assim promovido, o Limeira.

                 Por isso escolhi falar dessas duas coisas (1) ordenação pastoral ou ministerial e (2) coisas da congregação lá no céu. Vamos começar por essa segunda, mesmo porque serão digressões, como já mencionei, visto que não dá para saber ou, pelo menos, estabelecer com os critérios daqui, mesmo com toda essa tecnologia cada vez mais avançada, a nosso (des)favor, como e o que se passa lá, na congregação celestial. Apenas aprendemos (e divulgamos) no Seminário onde estudamos, com vistas a tal ordenação ao ministério, que há, pelo menos, três tipos de congregação (ou igrejas, ekklesia, no grego): (a) a igreja militante, (b) a igreja local e (c) a igreja celestial. Isso mesmo, entre outras coisas que, como pastores, divulgamos por aí, e que, resumidamente, confere com o que segue.

                A (a) igreja militante são todos os crentes em Cristo vivos e atuantes neste planeta - que acreditamos ser o único existente com vida; (b) igreja local é o grupo restrito de crentes de uma determinada comunidade, dessas situadas em bairros das diversas cidades, vilas, povoados pelo mundo afora; (c) igreja celestial são todos aqueles que, uma vez tendo crido em Cristo ainda em sua vida, morreram e aguardam a ressurreição prometida por Jesus. Está lá, na cartilha de Teologia. E a gente, assim denominado "pastor", crê, pratica e espalha por aí esses conceitos. Agora passo às digressões. Mais ou menos deve ter ocorrido o seguinte diálogo:

               "Oi, Limeira", assim disse Clovelina, com aquele clássico sorriso, belíssimo desde quando a conhecemos, porém muito mais bonito ainda lá, na congregação do céu. E Limeira, não tão sorridente ainda, terá respondido: "Poxa, Lilina, nem para me esperar...". E ela contra-argumentando: "Apenas fizemos uma troca: você me esperou na igreja, quando casamos e, agora, esperei você, mas só um pouquinho." E só então Limeira deu o sorriso dele. Assim estão os dois por lá, com aqueles sorrisões que, se já eram tão lindos aqui, imaginem por lá...

              Assim são as coisas por lá, na congregação celestial. O tempo contado não é o mesmo daqui. Por isso que, quando Lilina e Limeira lá se encontraram, não contava o tempo que Limeira reclamou. Ele só reclamou, por causa do impacto do encontro, ainda não refeito da troca da igreja de cá, pela de lá, e por meia chateação de Lilina ter-se adiantado. Mas, instantaneamente a chateação aqui mencionada se desfez, como tudo e muita coisa se desfaz lá, na congregação do céu. Logo, logo se enturmaram, fosse com os colegas de turma que aparecem na foto, do placar "sete por três", ou seja, três ainda por aqui, Cid Mauro, Helio Martins e Barbosa (como meu pai o chamava, "o Barbosa"), e quatro já por lá, Cid Gonçalves, meu pai, Maurillo, Jorge Mota e, agora, mais recentemente, o Limeira. E muitos outros que já nos anteciparam na volta para casa.

              Não dá para saber, sejamos sinceros e práticos, como é a congregação lá no céu, com detalhes, ou vá lá como seja, com os critérios e exigências do modo de conhecer as coisas como o desenvolvemos nesses séculos todos de vida aqui no planeta. Mas podemos imaginar, aí sim, com certeza, que a turma de lá não enfrenta uma porção de coisas como enfrentamos aqui embaixo. Uma delas, já mencionada, é a questão do tempo, como o contamos aqui no planeta. Uma vez lá, acaba esse negócio de contar anos, dias, meses, segundos, minutos, ufa, até o, literalmente (nosso) fim. Não. Lá na congregação de cima, na igreja do céu, o tempo é eternidade. O tempo não conta.

                Tristeza. Outra coisa da qual não adianta tentar fugir ou viver como se ela não existisse. Aliás, é Paulo, o apóstolo (de novo ele) que menciona a expressão excessiva tristeza, isto é, uma tristeza além da conta, e ele menciona essa expressão exatamente quando fala da morte de crentes, de entes queridos nossos que partem lá, para a congregação do céu (aqueles que, como está lá na cartilha, antecipadamente creram em Cristo): não sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. Lá não existe mais tristeza. As coisas daqui ficam aqui e, uma delas, não adianta ser hipócrita, cínico ou insensível porque, com certeza, vamos esbarrar com ela pelo caminho, que é a tristeza, essa fica por aqui. Por isso digo que o sorriso, aquele sorriso que sempre nos encantou e que aparecem nas fotos que ficaram, os sorrisões de Lilina e Limeira, lá no céu, ficaram muito, mas muito mais bonitos mesmo.

                O tempo. A tristeza. A comunhão. Outra coisa - desculpem a palavra 'coisa', meio imprópria - que aqui define o que é igreja e que outro apóstolo, desta vez João, afirma que temos com Deus, é a comunhão, quando diz que a nossa comunhão é com o Pai e com seu filho Jesus Cristo, essa comunhão que experimentamos e por ela nos deliciamos, principalmente quando diz respeito ao contexto da igreja local, quando diz respeito ao testemunho que carregam consigo esses crentes que, ainda, por aqui peregrinam, e, com respeito aos que partiram e deixaram, após si, mesma qualidade de testemunho, que se constituem para nós, uns aos outros, como recomenda a cartilha (refiro-me à Bíblia) exemplo e modelo de fé - visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas - assim como Cristo, Ele mesmo se constitui modelo por excelência, sim, falando de comunhão, pois, no céu, a comunhão é perfeita. E a definição de igreja é comunhão. Privamos e devemos privar dessa comunhão aqui na terra, ela é real e deve formar, conceitual e praticamente, igreja - esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Mas lá na congregação do céu, entre si e com o Pai, nossos irmãos que lá estão experimentam perfeita comunhão.

               Não há intervalo de comunhão. A geografia é obstáculo, muitas vezes, para a comunhão que existe entre os irmãos na igreja daqui. Embora, pelo conceito em si, de comunhão, ela nunca deixe de existir entre nós, aqui na terra, muitas vezes, estando longe, há um, digamos, intervalo de comunhão. No céu não há intervalo de comunhão. Entre a igreja daqui e a de lá há, sim, um intervalo de comunhão. Mas um dia, Paulo de novo, ele diz que então Deus será tudo em todos, haverá comunhão total, sem intervalos. E aquilo que Jesus, na chamada oração sacerdotal, definiu como o que é igreja em essência, quando disse a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste, essa comunhão, que define o que é igreja aqui, que devemos ter como modelo e prática essencial da igreja, lá na igreja celestial já é perfeita. E o pessoal fica lá, aguardando a vez da nossa chegada. E nós ficamos aqui, cumprindo o ministério que Cristo deixou a nosso cuidado, tendo a rodear-nos essa 'nuvem de testemunhas'.

              Falta, para terminar essa licença a mais do blog, falar de ordenação. A foto mostra a minha ordenação. Uma coisa (de novo, a palavra quebra-galho) digamos assim, meio formal. Sim, porque é necessária, como cerimonial, mas independe de quem impõe a mão ou de quem recebe a imposição de mãos. Explico. Não há virtude em quem impõe mãos, não flui deles para o ordenado nada em especial e, também, se o tal ordenado, com todas as etapas anteriores que autorizam o tal cerimonial, quais sejam, lustrar as cadeiras de um Seminário, para ser aprovado nas sabatinas e provas, passar (ou sofrer) as inquisições (desculpem) as inquirições da famosa banca ou concílio, enfim, ser indicado para a ordenação, toda essa burocracia (até necessária, admito) não filtra ou não será definidora de nada, a não ser que, de Deus, realmente, haja uma verdadeira imposição de mãos (dEle, quero dizer, mãos de Deus) sobre o, assim chamado, candidato. Autenticamente vocacionado por Deus, então tudo o que fizerem, candidato, examinadores, colegas de ordenação, isso estarão fazendo em obediência ao e em nome do Pai. Se não...

                 Mas entre os pastores que ali estavam, cada um deles tem sua história e cada um deles, geração anterior à minha, algum tipo de exemplo deixam para mim. Posso até começar pelo mais conhecido exemplo, que foi o de meu próprio pai, numa pose característica sua, na foto, tão familiar a mim, que foi aquele que traçou em minha vida seu exemplo pessoal de fé. Costumo dizer que ele me ensinou o apego à Bíblia, enquanto que Dorcas me ensinou o apego à igreja. Ou outro, o pastor que, desde meus 10 anos de idade e até o dia dessa ordenação aí, 2 de janeiro de 1983, contava eu 26 anos incompletos, acompanhou-me, pregou, batizou a mim e a minha esposa, enfim, pastoreou por 15 anos a Igreja Evangélica Congregacional em Cascadura, RJ, o pastor Maurillo Neves Moreira e, coincidentemente (ou não) a quem sucedi no ministério, como pastor, nessa mesma igreja. Ainda mais um, que não aparece nessas fotos, Amaury de Souza Jardim, a quem convidei para o sermão do dia, a chamada parênese, que me viu chegar a Cascadura em 1966, de quem fui (e sou) amigo e companheiro de seus filhos e filhas, enfim, orou por mim na época de meu atropelamento em 1967 e me deu assistência no Hospital dos Servidores do Estado, juntamente com o pastor Teodoro José dos Santos, enfim, histórias e mais histórias, esses homens impõem mãos, literalmente.

               E Antonio Limeira Neto, casado com Clovelina, a amiga de infância de minha mãe, Dorcas, duas famílias que sempre caminharam, pastor os dois, Cid e Limeira, educadoras as duas, Dorcas e Lilina, em paralelo, sua família e a nossa, sempre sabendo nós das idas e vindas do casal, andanças e mudanças de ministério, entre Bahia, sua terra natal e Rio de Janeiro, eu conhecendo desde muito novo os filhos do casal, as meninas, Nídia e Nádia, e o casal posterior que Deus acrescentou, Paulo e Núbia. Se ordenação também significa que aqueles que impõe suas mãos sobre o ordenado têm, com ele, alguma identidade ou transmitem, não no ato, em si, explícito no cerimonial, mas na história de vida transmitem algum exemplo ou modelo, como a Bíblia afirma que Jesus planejou ser e desejou que fôssemos uns para os outros, Limeira transmitiu-me exemplos e em suas pegadas andei, se isso significa dizer que, com prazer, aceitei (e muito me honrou) o convite para pastorear Copacabana, igreja que ele ajudou a instalar na zona sul (a única congregacional naquela área da cidade do Rio de Janeiro), assim como segui os rastros de Nelson e Josilene Rosa, o casal que ele convidou para abrir campo missionário em Rio Branco, Acre, e para cá vieram em 1984, no ano seguinte de minha ordenação. E aqui estou, desde 1995. Pegadas de Antonio Limeira Neto.

                 Tempo na congregação do céu, não conta. Tristeza, na congregação do céu, não há. Comunhão, na congregação do céu, é perfeita. Ordenação, uma formalidade, mas, dependendo de quem é ordenado e de quem impõe mãos, há sentido. Eu tenho avaliado, basicamente, ao longo da vida, o sentido que tem ter sido eu, ou me permitir ter sido ordenado. Dos bons exemplos de meu pai, eu posso até dizer, vivo deles, pelo menos aqueles que consegui reter. Também daqueles que o pastor que durante 15 anos foi considerado o meu pastor, guardo lembranças e marcas. E do Limeira, presente em minha ordenação e também de quem guardo lembranças e com quem convivi e no rastro de quem andei e ando, guardo lembranças, sou grato a Deus e fico imaginando atividade e dinâmica suas lá na congregação do céu. Sorrisões, aqueles, de Limeira e Clovelina. Sonora gargalhada a dela, desenho cuidadoso, sorriso que se desenhava aos poucos, obra de arte curiosa e provocativa, enigmática, silenciosa, o sorriso dele naquele rosto enorme, característico, nordestino. Ele esteve presente em minha ordenação. Aceito mais essas mãos impostas sobre minha cabeça. Relutei, Deus sabe muito o quanto, em me permitir ser ordenado. Aliás, durante muito tempo, achei que fora um gesto meu de covardia. Mas ao longo do tempo, Ele, Deus, tem confirmado o chamado. Sou um dentre eles. Sou pastor. E prossigo na esteira e pegadas dos que me precederam. Até o dia de estar com eles naquela congregação.

  Cid Mauro Oliveira.
             



quinta-feira, 30 de maio de 2013

          Seja você também uma bênção

          Aqui ao meu lado está minha querida mãe, Dorcas Lima Araujo de Oliveira, amiga de Clovelina (Lilina) D'Ávila Limeira, que se conhecem há 80 anos. Ela lembra que realizaram juntas, na Igreja Evangélica Congregacional de Nilópolis, em 1933, ambas com 3 anos de idade, foram anjinhos na peça "As dez virgens". Com elas, participaram Tia Zilda, Celeste e Ivone, que eram irmãs, Aceli Cordeiro, Bili (Adelaide, mãe de Jaíra), Maria Cardoso, tia de Lilina, irmã da mãe dela, Alina, entre outras. Era uma quermesse para angariar recursos para colocar o piso da recém-construída Igreja.

          Eu me orgulho, sempre no bom sentido, no sentido bíblico, de pertencer a essa geração como filho. E também de ter, como amigos e irmãos, as filhas e o filho do casal Antonio Limeira Neto e sua esposa, Clovelina, que já está com Jesus, juntamente com meu pai, Cid, e tantos outros, na Igreja do Céu, no momento em que escrevo estas linhas.

          Um dia, pelos idos de 1990, Limeira esteve lá em casa, morava eu no Méier, RJ, ainda solteiro, e me convidou para ser pastor em Copacabana. Era uma igreja, a única Congregacional plantada num bairro da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Limeira havia começado com a família Spiller, com a Igreja Evangélica Congregacional de São João de Meriti e com a matriarca Eunice Spiller, também já na Igreja do Céu, esta que foi, com mais orgulho ainda, a minha diaconisa enquanto fui pastor ali naquele bairro. Num daqueles dias, cerca de 1 ano após o convite de Limeira, saí com 1 kg de ouro, uma barra em meu bolso, embrulhada numa sacola de supermercado, para comprarmos a kitnet onde nos reuníamos: fui de ônibus de Copacabana ao Centro do Rio para pagar a metade ao proprietário.

          Dr. Fernando Campelo, o outro diácono da Igreja, como era conhecido, atualmente membro dessa mesma Igreja do Céu, filho do pastor Campelo, aquele mesmo do Nordeste, evangelista da Igreja Evangélica Pernambucana, que batizou e encaminhou ao ministério Júlio Leitão de Melo, patriarca da família Leitão, segundo nos informa seu neto, de mesmo nome, ajudou-nos, juntamente com o pastor José Remígio Fernandes Braga, a completar os restantes 11 mil dólares, a outra metade equivalente que, juntamente com a barra de ouro, formariam a soma requerida para tal compra. Consumou-se. De Copacabana, só saí, com tristeza, mas certo que que era, da parte de Deus, um chamado, para outro lugar, outros trabalhos missionários abertos por Antonio Limeira Neto.

          Em 1983 ele desafiou o casal Nelson e Josilene Rosa a iniciar um trabalho em Porto Velho, capital de Rondônia mas, como não deu certo, o desafio ganhou 540 km adiante, até Rio Branco, no Acre, estrada de terra, terra, não, atoleiro de barro tabatinga, na época, 5 dias para se alcançar (hoje 5h30min, com o asfalto), capital onde estou com minha família desde janeiro de 1995. Fosse Copacabana, fosse Rio Branco no Acre, segui no encalço dos trabalhos que Limeira, o pastor Limeira, grande amigo de meu pai, Cid Gonçalves de Oliveira, resolveu abrir no Norte do Brasil, incluídos os campos missionários de Manaus, AM, e Boa Vista, RR, todos abertos na mesma época. E tem mais: pelo que eu saiba, existe um único Templo sobre rodas que eu conheça, uma igreja móvel montada sobre um caminhão de carroceria conversível, idealização e realização dele. E tem muito mais...

         Conheço pouco da vida de Limeira e Clovelina, além dos depoimentos de seu livro "Da seca à fonte - Trajetória de um pastor", da convivência desde a minha pequena infância com suas filhas e filho, da amizade com sua filha Nídia Regina, desde que fomos colegas na turma 1978-1981 do Seminário Teológico Congregacional do Rio de Janeiro. Nídia, Nádia, Núbia e Paulo conhecem muito mais de Limeira e Clovelina. Grande privilégio, meus queridos, grande dádiva. "Imitai o exemplo de homens (e mulheres) como esses, como essas".

         Aprendamos a honrar o bom exemplo que as gerações que nos antecederam deixaram e imitemos esse exemplo. Há um hino cantado por Steve Green, que diz, no inglês, "Oh! May all come behind us find us faithful/May the fire of our devotion light their way/May the footprints that we leave lead them to believe/And the lives we live inspire them to obey". Desculpem citar todo o coro e ainda citar no inglês: não é exibição, mas é para que outros traduzam mais fielmente. Mais ou menos assim:

        Oh! Tomara que todos que venham depois encontrem em nós fidelidade. Tomara a chama da nossa devoção incendeie o seu caminho. Tomara as pegadas que deixarmos conduza-os a crer e a vida que vivermos os inspire a obedecer. Como eu disse, talvez tenha falado mais sobre Limeira do que sobre Clovelina, minha querida Tia Lilina. Mas, o que foi Limeira sem Lilina? O que são Nídia, Nádia, Núbia e Paulo, e os respectivos genros e a nora e os respectivos netos sem esse casal? Então valeu a pena lembrá-los aqui.

        Também, como eu já disse, conheço deles muito menos do que eu deveria conhecer. Mas conheço o suficiente para me encher de alegria e realização por ter visto, conhecido e convivido com essa qualidade de gente que, como Deus recomendou a Abraão "sê tu uma bênção", bastou para eles ser bênção para tantos, por onde passaram. Muito grato a Deus por sua vida, muito grato a vocês, Limeira e Clovelina. Rio Branco, Acre, 30 de maio de 2013.
                          
                      Cid Mauro e Dorcas Lima Araujo de Oliveira.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

O maldito da hora

   Este será um texto rapidíssimo. Mesmo porque é necessário pouco, mesmo porque a maestria do apóstolo Paulo e seu fôlego bastam para resolver esse problema. O problema de meu colega Marcos Feliciano, também chamado pastor, é uma falha flagrante na leitura que faz ou que, induzidamente, resolveu apoiar, com relação à história de Cam, filho de Noé.
 
   Numa outra oportunidade, quem sabe, até vamos até o Antigo Testamento dar uma olhadela naquela história. Mas, por hora, já dizemos, basta. Basta dar uma olhadela rapidíssima na "Carta de um só fôlego", na Carta aos Gálatas, na qual Paulo foi desafiado a resolver o urgente  problema da "carga adicional" que crentes denominados "judaizantes" queriam jogar sobre os ombros dos cristãos recém-convertidos daqueles dias.
 
   Os judaizantes queriam obrigar esses novos crentes a guardar a lei de Moísés, outro absurdo em si mesmo, porque nenhum homem, nem o próprio Moisés "guardou" ou observou, de modo absoluto e completo, a Lei de Moisés, assim denominada. Também não vamos a Romanos, outra carta magistral de Paulo, apóstolo, para comentar essa história de obrigação em guardar a lei dos judeus. Isso faremos noutra oportunidade (como diz o autor da carta aos Hebreus).
 
    O que desejamos destacar é o que está escrito em Gálatas 3:13-14 e, para isso, vamos escrever aqui literalmente: "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro), para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido."
 
    Ou seja, Jesus Cristo é o maldito da hora. Literalmente esse texto aqui citado esclarece qualquer dúvida. Não há maldição sobre nenhum vivente, porque Jesus se fez maldição por todo e qualquer vivente. Ou, se preferirmos, todos os viventes, indistintamente, são malditos, mas, por outro lado, não são mais malditos, porque Jesus Cristo se fez, na cruz, maldição no lugar de todos e de quaisquer viventes.
 
     Se preferirem, malditos, no caso, são Sem, Cam e Jafé, indistintamente, os três filhos de Noé. A Bíblia é o único livro que afirma que todos, indistintamente, pecaram e são carentes da glória de Deus. Paulo discute isso exaustivamente na carta aos Romanos. Está lá no capítulo 3 este trecho aqui citado. Então, europeus brancos, asiáticos amarelos, indígenas amorenados, africanos negros e qualquer outra raça ou etnia, pelo que a Bíblia afirma, são pecadores carentes da glória de Deus. Ou como dizia uma antiga versão, são pecadores destituídos da glória de Deus.
 
    Por hora basta. Até poderemos voltar a este assunto posteriormente. Por hora, basta dizer que Jesus Cristo é o maldito da hora. Se fez maldição, voluntariamente, por todos e um por um, indistintamente, para que a bênção, aqui chamada "bênção de Abraão", que é sinônimo de "bênção da salvação" ou "bênção da fé" alcançasse a todos, mais uma vez, indistintamente. "Pois todos pecaram e carecem (ou estão destituídos) da glória de Deus"... continua o texto... "sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus...".
 
    Jesus: o maldito da hora.
 
                                                                          Cid Mauro Oliveira.