quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Mal traçadas linhas 52

      Diálogo sobre o nu e a perda da inocência.

      Ei, patrulhadores de plantão: este texto é dedicado a vocês. Meu nome é Cid Mauro Araujo de Oliveira, 60 anos, professor e pastor protestante.

     Tenho treinado e vou continuar assim, tentando não nutrir preconceitos e procurando respeitar o diverso, o diferente, o outro (ou a outra), quem quer que sejam.

        Mas não abro mão do meu direito de discordar, de achar de mau gosto, de achar estúpido e mesmo estranho, antinatural e fora dos padrões que uma grande parcela conservadora da sociedade aceita e tem o direto de defender.

       Profetas e donos da mídia, pelotão de plantão dos bonitos, sarados e bonitas, que despejam TVs afora sua opinião, parabéns por defendê-la de forma tão renhida e bem articulada. Mas não passa da opinião de vocês. Respeitem a nossa.

      Quem inventou o nu foi Deus. E quem, definitivamente, perdeu a inocência do nu fomos nós. Talvez uma criança ainda seja o símbolo da inocência. Mas se não houver cuidado com ela, seja que adulto for, ainda que pai ou mãe, ocorrerá perda precoce de sua inocência.

       Vocês têm preconceito contra a Bíblia. Isso porque não sabem como lê-la. Ela reflete, em suas páginas, posturas certas e posturas erradas da humanidade. Escolher somente os trechos que expõem essa visão distorcida, muitas vezes até nela enfatizada, não é honesto.

      A mensagem principal do Livro é sobre amor e preservação da inocência. Nu, na Bíblia, significa que assim nos vê Deus. E que a roupa com que nos veste não é fantasia ou maquiagem. Mas poucos tem coragem para estar nus diante dEle.

      Os covardes não comparecem nus diante de Deus. Aliás, é preciso chegar nu à Sua presença, crendo que Ele existe e que dialoga: estamos, definitivamente, nus e fora do paraíso. Mas Deus nos aceita como estamos. Não nos aceita como somos, porque perdemos a inocência.

      Pura pretensão de vocês (ou nossa) pensar que somos donos da inocência. Aliás, falando em crianças, Jesus disse que se não nos tornarmos como elas, nem enxergar enxergamos o Reino de Deus.

     Se existe um Deus ou se existe um espaço onde Ele reina, Jesus confirmou que esse espaço existe e está dentro de nós. Quanto a crianças, até mães e pais precisam aprender com elas, do modo como Jesus disse que importa aprender.

      O diálogo do nu está no Gênesis. Foram criados homem e mulher, macho e fêmea, nus, à imagem e semelhança de Deus. Primeiro sintoma da perda da inocência é a fuga de Deus. É esconder-se de Deus.

       Deus procura o casal. Estavam escondidos porque, definitivamente, haviam perdido a inocência. A desculpa dada por estar escondidos foi sua nudez, vista com malícia. Não existe nudez neutra ou sem malícia.

        Depois que a malícia entrou na vida do ser humano, nenhuma nudez é inocente. Não mais existe neutralidade. Mas caso se queira recuperar inocência, compareça diante de Deus.

         Este é o permanente convite e proposta da Bíblia. E, como disse Jesus, se não nos tornarmos como crianças, nem ver veremos o lugar do Reino, que é onde e quando Deus habita dentro de nós.

      Pretensão sua supor inocência. No diálogo da nudez, todos nós estamos nus e fora do paraíso. Perdeu-se a inocência. Nem pai, nem mãe tem inocência. A não ser que compareçam diante de Deus.

        Mas isso não é para covardes. Não é para quem se desnuda, pensando que assim fazendo, tornou-se inocente. Pretensão sua. Pretensão nossa.
   
     

terça-feira, 3 de outubro de 2017

LEITURAS BÍBLICAS - Apologia 4

        Não adianta remediar: no que se refere à Bíblia, a narrativa do milagre lhe é comum. Pode-se argumentar, bem, mas ela não é toda milagres. Pode-se retirá-los do foco, e ler com proveito o que restar.

       Equívoco. O essencial da Bíblia é miraculoso. É dizer que Deus assumiu forma humana em seu Filho Jesus, morreu e ressuscitou, trazendo consigo dentre os mortos todos os que nEle creem.

        Ainda se pode argumentar: mas é possível ler a Bíblia com proveito, desconsiderando seu essencial. Certo. Mas o principal da condição humana, que é a vida, se perde.

      Porque o efeito não é esse de marketing da fé, como muito hoje se pratica. Não atinar com o essencial, na Bíblia, é não atinar com o milagre, esse, principal, que é a vida, a própria existência humana.

     Jesus afirma "eu vim para que tenham vida, vida plena". A biológica todos, até animais e flores a tem. Mas "vida plena", só encarando de frente o milagre, o essencial do Livro: Deus que se fez homem, para ganhar-nos de volta à vida.

      Qualquer outro milagre entre aqueles narrados nas Escrituras é secundário. Aliás, a própria narrativa deles aponta para o milagre. Esse maior e definitivo, a favor do homem.

      A Bíblia é um livro a favor da vida e a favor do homem, ser humano: homem e mulher. Qualquer outra leitura é equívoco. Aliás, em suas páginas, quando são encontradas narrativas contra a vida, pode creditá-las na conta do homem.

      O Livro também nos mostra em todas as nossas contradições, como quando, de modo suicida, colocamo-nos contra Deus, contra o outro e contra a natureza. Típico do ser humano. Infelizmente.

     Portanto, a partir de então, entenda o inusitado da Bíblia: o Deus que começa, em suas páginas, como criador e doador da vida, não abandona o homem à sua própria sorte.

      Deu-se em amor, fez-se homem, deixou-se morrer, exatamente para desmoralizar a morte. Esta não o pode segurar em seu seio. O que não significa, apenas, uma remota ressurreição.

      No diálogo com a irmã de Lázaro, que disse acreditar, um dia, nessa remota ressurreição, a ela Jesus disse: eu sou a ressurreição e a vida. Desde agora, no seu momento de fé, quem crê ressuscita.

      Jesus disse: vim para que tenham vida e vida plena. E perguntou Jesus, ao cego recém curado: "Crês nisto?".
   

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

LEITURAS BÍBLICAS - Apologia 3

     O Apocalipse conquistou espaço, transformando-se quase que numa marca, que muitas vezes significa algo bem diferente do que o plano original da obra sugere.

     Por causa de sua típica linguagem e imagens fortes, o termo "apocalipse" que, mais estritamente está relacionado ao conteúdo do livro, significando "revelação", passou a ser associado a calamidades que prenunciam o "fim do mundo".

     Um mergulho nas descrições detalhadas dessas imagens apocalípticas, longe de nos colocar num contexto fantástico ou mítico, acaba nos jogando de encontro à realidade louca das épocas vividas pela existência humana.

       Caminhando de hoje para o passado, destaque-se quando o apocalipse fala de contaminação das águas, rios e oceanos, ou da capacidade que bolas de fogo têm de queimar a terça parte do mar ou da terra.

        Impossível não associar aos modernos e devastadores efeitos da poluição ambiental e da capacidade humana de explodir o mundo com armas nucleares.

      Caminhando em direção ao passado, vamos nos deter no ambiente da chamada Grande Guerra, a primeira, em que, proporcionalmente, a capacidade humana de matar em massa apareceu, em seu début, na idade moderna.

      O volume de tropas, com as máscaras antigases horríveis, a inauguração das metralhadoras contra as formações de cavalaria e as condições desumanas dos extensos labirintos de trincheiras tipificam as descrições de bandos de gafanhotos em guerra no texto apocalíptico.

     E com relação às imagens mais aterradoras ou, desejando-se assim indicar, as mais loucas do livro, associadas a bestas com várias cabeças e chifres, dragões e seres mistos fantásticos que emergem do mar, essas cenas não se situam assim tão distantes da realidade.

     Isso porque simbolizam a urdida maldade humana, para a qual qualquer representação horrenda corresponde a menos da realidade. E o figurino dessas cenas em pouco, muito pouco difere dos "ismos" que, já há cem anos, invadiram as artes e tornaram corriqueiras imagens não menos esquisitas.

     Impressionismo, Expressionismo, Cubismo, Abstracionismo, enfim, ondas que se misturam à tendência humana de experimentar estados mentais de diferentes estágios, em função da ingestão de alucinógenos, tão frequentes já no século XIX, turbinados no século XX e servidos delivery  neste século.

     Definitivamente, o Apocalipse não se situa assim tão distante da realidade. Na verdade constitui-se, em atualíssima linguagem, num retrato que foca, transparece e bem delineia o louco contexto no qual o homem moderno, aliás, ao longo da sofrida história da humanidade, inscreveu-se a si próprio.
     

LEITURAS BÍBLICAS - Apologia 2

       O livrinho de Ester reserva um mosaico de informações detalhadas sobre variadas rotinas no contexto do Império Persa que, muito provavelmente, nenhum documento antigo oferece.

         Só que se configura um problema: numa análise geral de sua moldura, comentaristas avaliam que não são todas essas informações que podem, indistintamente, ser tomadas como literais.

      Evidentemente que não fica claro quais delas são confiáveis. Na verdade, sempre se procura buscar fora da Bíblia fontes que confirmem o que está escrito nela.

     Mas, e se ocorrer o contrário, ou seja, o texto bíblico apresentar fatos que, simplesmente, não poderão ser nunca comprovados fora dele, porque somente são mencionados no Livro?

      Entre a gama de dados fornecidos em Ester, um deles, essencial como principal fio condutor de toda a trama narrada, que foi o levante contra os judeus, sobre ele já li não ser possível comprová-lo, pois não há nenhum resgistro dele nos anais do Império Persa.

       Neste caso, a realidade se impõe. Os críticos assinalam que, numa época obscura da antiguidade seria improvável que um governante caprichoso intentasse pôr fim a uma dada etnia achada entre outras diversas no contexto do Império que governava.

     E em pleno século XX uma ordem politico-social se instala para, sistemática e calculadamente promover o extermínio dessa mesma etnia, em escala mundial, por cima e com desprezo dos supostos avanços civilizatórios que separam esses dois períodos da história.

       Trata-se do império do nazismo, movimento alemão de ultradireita, esboçado a partir de 1933, liderado por Adolf Hitler, causa geopolítica da Segunda Guerra Mundial, que se estendeu de 1939-1945. Embutido e camuflado nesse contexto, a planejada implantação da chamada Endlösung der Judenfragen, a Solução Final, o plano de extermínio total da etnia judaica.

      Supor, portanto, que toda a armação de Hamã, o agagita, no livro de Ester, para exterminar os judeus, por não constar em outros registros seja uma construção puramente literária, sem respaldo na realidade, no mínimo é, de modo gratuito, uma tentativa frustrada de menosprezar o texto como fonte histórica fidedigna.

domingo, 1 de outubro de 2017

ESCOLA DE TEOLOGIA


INSTITUTO LOGOS - PREPARAÇÃO DE LIDERANÇA

     Os tempos modernos têm colocado a liderança evangélica diante de desafios constantes, devido à rápida revolução de costumes e de conceitos. É necessária uma preparação para defesa dos pontos de vistas específicos da visão bíblica de mundo, que não é preconceituosa e excludente, como se vem declarando, apenas diferente da postura mais comumente divulgada.

OFERECEMOS DISCILINAS POR MÓDULOS BEM DEFINIDOS EM AULAS SEMANAIS. O CURSO BÁSICO SERÁ OFERECIDO EM 1 ANO, COM A GRADE INICIAL DE 10 DISCIPLINAS:

INICIANDO COM: Introdução ao Estudo da Bíblia - Temas Polêmicos da Atualidade - Noções Jurídicas Básicas - Dinâmica de Leitura Produtiva

(Esboço de embrião para um Instituto que a gente poderia implantar, com outras igrejas e ou pastores. De repente, a fagulha produz um incêndio)