sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Memorial com Aires de plágio - 3

 E passei na tal Imobiliária *****, que não tinham ética nenhuma. Vamos explicar. A então noiva sugeriu e a saída vislumbrou-se. Os caras tinham um ap à venda. Era num edifício na Itendente Magalhães, que inicia ali no Largo do Campinho.

  Vendido o Gol 1980 verde-musgo-metálico, um amigo tinha um amigo que estava a vender uma versão mais moderna, desta vez modelo 1984, mesma marca, porém carburação dupla.

  Consumia uma gasolina doida, mas era de uma potência especial. Nele, várias vezes fiz Meier-Bangu, um namoro por lá, visto que o do Cachambi havia terminando. Mas isso é outra história.

   Voltando ao ap onde somos encontrados, no início desta história, pois esse mesmo Gol prata 1984, por intuição, quando o adquiri, raciocinei que seria a entrada no ap exatamente para residência.

   E estava justo no intervalo do namoro. O que configura providência de Deus, porque não havia ainda noiva no meu horizonte, porém apenas namorada, como candidata à posição. E exatamente se cumpriu esse desígnio.

   Colocamos à venda. Eu estava iniciando o mestrado na PUC/RJ. Havia um casal de colegas, aliás ela e ele pastores, que se interessaram em comprar.

   Lembro que foi, na época, 14 mil o valor, moeda de 1991/1992. Demos como entrada e garantimos o ap, para pagar 3 (três) prestações de 600, variando pela poupança.

  Era um absurdo a poupança daquela época, você ganhava uma cota de 35 a 40% ao mês, para a inflação engolir 50%. Pedi que anotassem no contrato o valor, pois havia a expressão "variando pela poupança".

  O interlocutor sem ética disse que não precisava, porque estava implícito. Eu infantilmente concordei. Quando fui pagar no mês seguinte, 30 dias após a entrada, ele mencionou o "variando pela poupança".

  Então eu falei 600. Ele disse não, adicionando a variação daquele mês. Quando eu reclamei, ele argumentou que lêssemos o contrato. Pois já sabemos o que estava lá.

   Foi cerca de 630 + 714 + 800 e tantos e terminou em 900 e lá vão outros. Deus é tão fiel, aliás, retire-se o "tão", nem precisa, é fiel, que nesse meio tempo, passei a receber, pelo mestrado da PUC, uma bolsa do CNPQ.

   Ajudou no pagamento das duas últimas prestações. Porque a noiva, nessa altura, já oficializada, com ela combinamos dividir 1/2 + 1/2 as prestações. O primeiro 1/2 era meu. O outro, seria 1/4 + 1/4.

    Esse primeiro 1/4 meus pais e o outro seria a noiva + os pais dela. Deu para esconder da noiva, para não alarmá-la, a jogada antiética da Imobiliária *****, porque eu cobri as iniciais. Na terceira prestação, essa da ordem dos 800, a gente redividiu.

   Mas a última, foi suprida já com a ajuda da bolsa de estudos. Adquirido o ap. Agora, outra história foi a reforma do ap.

SEGUE

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Memorial com Aires de plágio - 2

    Havia um carro. Antes deste, o primeiro. Um Gol 1980, verde metálico, corroído da linha da metade da porta para baixo. Meu pai era pastor em Seropédica, na época um distrito de Itaguaí, hoje município, de destaque, pois onde se situa a UFRRJ.

   Ovelhas dele, o Alício, lembro o nome, que tinha sua casa colada ao templo da igreja, mantinha em casa um oficina de autos concorridíssima. Mecânico muito experiente, se não me engano, fora também caminhoneiro.

   Inusitado é que Alício era portador de uma doença degenerativa nos olhos. Então, e a isso eu assisti, vi-o apalpar peças ao redor do motor de veículos, indicando e perguntando ao mais velho, José Paulo, o que via com os olhos dele.

  Seguia orientando. O menino com ele dialogava. E a mecânica ia se resolvendo, pelo tato e experiência do pai, com os olhos do filho. O pessoal da igreja, aliás, um dos maiores piadistas, o diácono Nicolau Tunala, ria de ver, desta vez, um chapéu dirigindo a caminhonete da família: era o caçula, acho que Maurício seu nome, sentando no colo do pai, com o chapéu dele, ao volante, enquanto Alício acionava pedais e marcha. Assim percorriam os labirintos dos bairros internos da Universidade, para atender emergências, onde se confundem as unidades de departamentos dela com locais de moradia como, por exemplo, Agronomia.

   Pois foi Zé Paulo que acusou esse apodrecimento precoce da lataria verde-metálica, propositalmente assim pintada, desse Gol 1980. E eu estava na oficina ali do km 49 da antiga Rio-São Paulo, em Seropédica, justo porque capotara com o carro numa curva da Estrada do Caçador. Ixi! Vou falar muito desta estrada ainda.

   Explico. Estávamos, família toda, Dorcas, Cid e eu, no Sítio Bom Pastor, assim identificado por Onésimo, dos três, o irmão do meio de minha mãe. Eu havia trocado todos os quatro pneus desse referido Gol 1980. Novinhos, pretinhos, e eu, novo de carteira, acelerei bravo num curva, estrada de terra.

   O bólido verde-musgo-metálico desarvorou  numa bruta derrapagem. Sabe-se como são derrapagens. Ainda mais para novatos de carteira. Total desorientação. O volante, levíssimo, eu o movia a lado e outro, próximo dos 360⁰ de mobilidade. E nada.

    O carro tomava o rumo que queria. E havia, a estrada era senda estreita, um parapeito natural de terra, mini barranco à altura dessa meia porta do carro, essa mesma, de onde para baixo, a lataria podre foi substituída por plastic, segundo acusara o Zé Paulo, pois meus olhos não eram acurados para tanto.

   Por cima desse barranquinho, uma cerca de arame farpado, e, lá embaixo, talvez, pelo menos, uns 3 a 4 m de altura, um trecho de pastagem. Ao ver o carro desgovernado, seguindo o rumo que escolhia, ainda mais motivado pelo meu desgoverno ao volante, girando a lado e outro, quando a regra é soltar volante, deixar aprumar e, quem sabe, orar, desesperei-me revolvendo o volante leve.

   Foi quando o Gol 1980 decidiu chocar-se contra o barranquete e, pelos princípios da física, por si mesmo, alavancar-se no impacto, pôr-se a si mesmo sob duas rodas, mais especificamente as do meu lado, arrastando-se, impiedosamente, com a lateral verde-metálica no terreno arenoso, eu já achando que, ou ficaria de ponta-cabeça ou despencaria no pasto lá embaixo, talvez o pânico, talvez a oração, dei com a mão direita no banco do carona, num superesforço, foi então quando, quem sabe, pela oração do pânico, dessas não formuladas, mas expressas por instinto (de sobrevivência) aterrissei atravessado na estradinha.

   Ufa! Apareceu alguém, que não sei de onde, nesse trecho de sitiantes, deduzi que a tudo assistiram, para me ajudar a pôr o bólido encostado ao barranquinho, agora amigo, que evitara, mesmo a custo do meio risco de capotagem 180⁰, que eu me precipitasse pasto abaixo. Oh, barranquinho amigo!

   E ali ficamos, comentando, carro inativo, porque aqueles Gol de época, atrás, tinham um eixo de rodas traseiras inteiriço. No meu caso, com a capotagem 90⁰, ele amassou e travou a roda traseira na lataria. Mais tarde, indo a Seropédica, narrando essa aventura acima ao Zé Paulo, ele trouxe um afastador, após ter deduzido a necessidade de seu uso, até o local do sinistro. E foi quando segui, com um certo rebolado, atrás, de eixo descêntrico, a caminhonete da oficina, para levar o bólido Gol 1980 verde-musgo-metálico para a respectiva funilaria e mecânica de troca para um novo eixo.

   Daí ele dizer: O Sr não notou não, essa diferença entre a meia porta, friso para cima, e a parte de baixo? Respondi não, nada havia notado. Plastic puro, está toda podre. Continuei sem notar a sutil diferença, que os olhos lúcidos dele logo perceberam.

   Mas o motor era o máximo. A prova foi a aceleração com pneus novos, numa reduzida para a terceira marcha, numa curva de estrada de areia. Tudo isso para dizer que a venda do Gol 1980 verde-musgo-metálico vai propiciar a troca por um Gol prata 1984, de dupla carburação, cuja venda, agora deste, servirá como entrada para a compra do ap. Lembram, que esta havia sido a deixa para a continuação? 

SEGUE (Haja paciência).

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Memorial com Aires de plágio

3 de janeiro de 1995, com certeza

   Chegamos ao AP. Recém-casados, talvez, pelo menos, havia umas 4 a 5 horas. Lá estava uma pilha de presentes no chão. Alguns com bilhetes dos dadivosos convidados. Uns 400, segundo avaliação da oposição.

   Fomos dormir. A ideia, como até hoje, ora, quase 31 anos depois, foi estocar os supérfluos na casa da sogra, no caso, da esposa. Após essa conferência, no aprazado dia acima citado, fomos dormir.

   Ah, sim: esquecimento, a viagem de núpcias ficou para uma semana depois, por razões que podem ser mencionadas, no caso, fatos do calendário feminino.

3 de janeiro

   Dia seguinte, domingo, pudemos acordar mais tarde. Sol convidativo, havíamos decidido almoçar numa churrascaria na Barra da Tijuca. Agenda cumprida. Porém, para um casal duplamente contido, no caso, no apetite, a consumação foi mais cara.

    Estávamos de carro. Aqui, se não me falha a memória, foi o Escort marrom metálico, do amigo do sogro, agora o meu, amigo dele, bem-entendido, pois o motor caiu, e quem atendeu foi o Benvindo, em todas as horas, mecânico careiro, mas eficientíssimo, ali para oa lados da Aquidabã, morro acima na direção do Lins.

   Falando do AP

   Dia desses a conversa versou sobre onde morar. Os pais, agora os meus, ameaçavam sugerir que ocupassemos o ap deles ali no Meier. Nem pensar, advertiu a, na época, noiva. Nem titubeei.

   Mas ela, para corroborar, veio com a história do "eu te conheço", para frisar que jamais aceitaria ficarmos, de boa, no ap do Meier. Acho até que deve ter reforçado essa blindagem com a sogra (agora, a minha).

   Ora, dizia ela, por que não procurar naquela imobiliária perto de sua casa? Ridículo, eu achava. Argumentei, mas ora, como vou fazer para comprar? Eu não sabia, por absoluta incompetência financeira que, ainda que não fosse empregado, minha renda abaixo do abaixo, mas seria necessário ter os recibos da declaração de imposto de renda.

  Eu disse a ela: entendeu? Ela respondeu: custa passar? Foi o que fiz. Por ironia, chamada Ética a maledita que, lá na frente, vai trapacear. Compramos. Milagre esse.

SEGUE



Romã na SEE

 Tudo acidente


Dizem

A vida não tem criador
Aliás, esta teoria do acidente
Tem autor
Deve ter ganho o Nobel
Nada estúpida, porém menos complicada
Muito menos complicada do que o real
Vida toda gasta no estudo dela
E eu, por acidente, esbarrei com ela
A vida da romã


Dela pouco, melhor, nada sei
Apenas evocação da infância
Quando minha saudosa mãe
Extasiáva-se com romãs
Olhe, Cid Mauro, ela dizia
Que lindo!
Multicor multissementes
Apertadas entre si, em seu cerne
Agora lhes vejo no pé
Fotografando-lhes as etapas



                    



Deus deve mesmo ter gasto toda a eternidade
Imaginando e depois fazendo
Provável que, primeiro, visse o esboço
Mentalmente
Para só depois expor o croqui
Diz a teoria do Acidente que foram milhões
Os anos
Enganou-se na conta
Foi eternidade.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Copacabana sem prosa e em verso

NA
Passos e Tradições
Uma delas reza sigilo
"O que aqui se ouve, aqui fica"
Eram gigantes
Porque lidar com o emocional
É desafiador.
Muitas histórias
Que lá ficaram
Mas que cumpriram um tour
Por nossas próprias vidas
Herança do NA foram amizades
Plena terapia.
Hilede dali foi dádiva
Acompanhamo-nos até seus 89 anos
Mesmo após deixar Copacabana
Visitavamo-nos em Copacabana
Rica era a história de Hilede
Desde o casarão em Botafogo
Onde viveu a família Catanhede
Até o AP da Tonelero
Quando no elevador cruzou com JK
Lembrava do tumulto do 4 agosto 1954
Assassinato de Rubens Vaz
Hilede testemunha da história
Quantas histórias,
Quanto compartilhamento
Falar dos jantares no casarão da infância
Falar dos familiares de sua extensa família
Falar de suas experiências de fé
De sua competência em anos de serviço
As três amigas
Hilede, Eunice e Jucira
Marcas de vida vivência valor
Juntos em torno da Bíblia
Dias a fio, semana a semanas
Visitação pelo bairro
Arte contínua de Eunice
Juntas em meu casamento
Juntas no nascimento de meu filho
Juntas no culto de gratidão no Meier
Juntas e juntos eternamente

Copacabana sem prosa e em verso

Nomes
História e seu nomes
Mas há anônimos
Traição da memória
Eneias, Urias, assim assonante
Hilede Catanhede
Nome de uma pérola de pessoa
Pertencia ao grupo de estudo bíblico
Católica
Havia católicos e judias
Belíssima mistura
Divertido perguntarem
Se o pastor protestante
Por acaso, quereria convertê-las
Não quis, eu disse: nem a mim converti
Estudamos profetas, maiores ou menores
Estudamos Salmos e ainda Jó
Compartilhamos fé
Conselhos e confidências
Me lembrou Hannah
Certa vez, fora de hora, avistamo-nos
Conversa sensível
Mas de decisão muito pessoal
Disse não poder escolher por ela
Foi ela que me ensinou
Fez uma escolha de amor
Verdadeiro, porque improvável
Oramos juntos
Oração transconfessional
Pastor protestante e mulher judia
Hannah lembrou Hannah bíblica
Hannah lembrou Esther
Hannah lembrou Rute
Hannah lembrou a mulher virtuosa
Uma kintnet
Um sobradinho
Uma varanda sobre o restante de nossas vidas

Copacabana, sem prosa e em verso


Verso
Diverso
Transverso
Muito pode a poesia
No meu caso, amplifica
Explico
O que faltou à memória
Ela supre.
Copacabana, ah, Copacabana
Declinada em pálidos versos
Que não lhe façam justiça
Justifica-se
Quanta história
Que história!
Múltipla
Quanto a mim, um kintnet
Tão pequeno, tão amplo
Síntese de todos os sonhos
Igreja pode ser sonho, se bem vivida
Vívidas (e vividas também) lembranças.
207 um sobradinho
Uma varanda sobre o restante de nossas vidas
Olhar pela janela
E vislumbrar pálida ideia de todo o bairro
Uma presença preenche toda a sala
Eunice Spiller
Temperamento expansivo
Como gostava de referir meu pai
E com ela mais outros anciãos
O grupo do NA
As idosas dos estudos bíblicos
Antigo Testamento
Marcante presença da colônia judaica
Nomes
Fernando Campelo
(Campeão, quer escrever meu corretor)
Sim, Campelo Campeão
Na idade, na produtividade,
Na atividade, na cortesia
Na dedicação com d. Helô, como dizia
Com netos e filhos
Com a igreja.
Anciãos foram meus 🏆troféus.

sábado, 2 de dezembro de 2023

OBSERVAÇÕES AO LIVRO: SUPERSTIÇÕES E PRESSÁGIOS DA HUMANIDADE

No trecho "Qual o legado"

Atribuir a Paleontólogos e Arqueólogos certeza, com seus "fósseis de milhões de anos", é dogmatismo científico, ou seja, atribuir à ciência total conhecimento de todos os fenômenos possíveis ou conhecidos. Nem ela mesma admite para si essa infalibilidade. Portanto, afirmar que cientistas têm todo o respaldo de certeza, é o mesmo que o dogmatismo religioso, que pretende ter a verdade absoluta.

 Sobre "Natureza":

Ainda que, na capa do livro, escrita com "N" (com certeza não proposta como uma deusa), é óbvio afirmar que dela todos fazemos parte, dela provimos e para ela retornaremos. Mas tal afirmação, por si, não nega e nem comprova a inexistência de Deus. Afirmar que somente ela existe, que somente a ciência (que ainda não o fez ou comprovou) conhece sua (da natureza) origem ou negar que essa origem esteja em Deus, do mesmo modo, é fé, ou seja, fé na natureza, fé na ciência ou fé na não existência de Deus. Afirmar que Deus existe é uma afirmação de fé. Afirmar que Deus não existe é uma afirmação de fé: seja fé na existência ou fé na não existência.

Sobre "Religiões e Divindades":

   Afirmar que a fragmentação do cristianismo depõe contra ele, porque o próprio cristianismo afirma que somente há um Deus, não depõe contra o cristianismo, mas sim contra o ser humano. Não se pode impor unanimidade. A própria história da igreja católica, por si, ensina que um só cristianismo é impossível. Ela tentou implantar, depois tentou impor. Qualquer imposição de unanimidade, seja política, religiosa, cultural, artística, científica, enfim, é totalitária. Pelo contrário, conhecimento sobre Deus, ou seja, teologia, ainda que Deus seja um mito, pressupõe liberdade. Ainda que, para isso e por causa disso, haja fraude na postura de muitos "líderes cristãos". Identificar e distinguir esse despreparo ou fraude ou má fé, enfim, é tarefa para uma sociedade crítica bem formada, infelizmente inexistente neste país.

Morte e passado sangrento nas religiões: fato verdadeiro. Mas a culpa não é das religiões em si. Até a Bíblia afirma que a primeira morte nela registrada foi um assassinato por causa de religião. Caim matou Abel porque o Deus não aceitou o sacrifício dele e sim o do irmão que ele assassinou. Aliás, leia com atenção o versículo de Gênesis 4,4: "Deus atenta para Abel", ou seja, havia autenticidade em Abel, mas não havia em Caim. A religião em si não foi a causa do assassinato. Aliás, de novo, Caim foi religioso: ofereceu uma oferta a Deus, mas não era autêntico. A causa de usar religião para matar está em Caim. O Deus disse isso a ele: "há em você um desejo contra você que você deve dominar". Gênesis 4,7. Usar religião para fazer guerras ou como motivo de vingança e assassinato não tem a própria religião como causa. A causa está no ser humano. Aliás, este é um princípio bíblico, expresso pelo próprio Jesus: ²⁰ "E (Jesus) dizia: O que sai do homem isso contamina o homem. ²¹ Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as fornicações, os homicídios...". Marcos 7:20,21.

     Usar a religião para "um passado cruel e sangrento de muitas guerras e milhões de mortes desnecessárias" (p. 2) isso procede "do interior do coração dos homens", de onde sai tudo o que é mau. Qualquer pretexto, para o ser humano, é motivo de guerra. A cura disso não está na religião. A Bíblia sabe e afirma isso todo o tempo.

E como é o Deus bíblico:

  "...provas concretos de que o mundo surgiu de uma explosão 'Big Bang'" não é uma afirmação científica. Big Bang é uma teoria. Teorias são montadas, enunciadas e sustentadas por hipóteses. Tem tempo de duração e prazo de validade. Aliás, o Big Bang pressupõe a existência de partículas, de onde procede, no choque delas, a matéria. Mas a ciência não tem para as partículas uma teoria. Porque não há como definir, para elas, uma origem. Elas são o axioma da teoria do Big Bang. Então, essa teoria ajusta-se à afirmação bíblica de Gênesis 1,3: "Disse Deus: Haja luz; e houve luz". Independentemente da existência de um Deus, essa afirmativa bíblica é científica. Porque, segundo a teoria do Big Bang, a partícula, a luz está na origem do universo. Veja as experiências do LHC no link abaixo:


Quanto à afirmação de que Deus é mau, então vamos supor que o Deus da Bíblia é uma invenção humana imperfeita e, por isso, como está afirmado no texto bíblico e, na p. 2, nesta unidade do livro "Superstições..." haja uma argumentação irretocável: Deus não existe. Continuamos a ter um problema. A maldade não está em Deus (porque ele nem mesmo existe). Mas a maldade existe e, como já afirmamos aqui, Jesus a denuncia como procedente de dentro do ser humano. Chegamos a um termo: 1. O Deus bíblico (ou qualquer outro) não existe; 2. A maldade, irrefutavelmente, existe; 3. Deus não é a origem da maldade.

   E quanto a destruir o mundo, ainda que Sodoma e Gomorra seja lenda, há duas concretas possibilidades irrefutáveis: 1. O mundo todo, como Sodoma e Gomorra, tem concreta possibilidade de ser totalmente aniquilado pelo fogo nuclear; 2. O mundo todo tem concreta possibilidade de ser inundado por água, cientificamente asseverado, se levada em conta a teoria do aquecimento global (vide reportagem no link abaixo):


Portanto, afirmar que houve um dilúvio não é anticientífico, independente de se acreditar ou não na história de Noé. Fases de inundações, congelamento, descongelamento do planeta são comprovações científicas.

Sobre a Bíblia afirmar sobre Deus que ele se ira, que castiga, que impõe juízo, que se vinga, lembrar da definição de gênero literário. A Bíblia precisa ser entendida de maneira acadêmica e não reducionista. Trata-se de uma literatura extensa, multifacetada, escrita por vários autores, que se utilizam de gênero diverso. Pretende, sim, que nela esteja contida a revelação sobre Deus. Mas não escapa de ser uma obra literária humana. Por isso, numa linguagem de expressão antropomórfica, ou seja, modo humano de se referir a Deus, emoções, aspectos e reações humanas são a Deus atribuídas. Aliás, o ponto central da Bíblia é dizer que Deus se fez homem em Jesus. E este homem é perfeito. Portanto, justificar guerras de extermínio (aliás, agora em pleno século XXi vemos um líder judaico afirmando a necessidade de extermínio do Hamas) é uma função humana. Vingar, irar-se, castigar são funções humanas. Mas também a Bíblia revela um Deus de bondade que rejeita e reprova o mal. Senão, não seria bom, mas seria cúmplice. Daí a afirmação de que Deus rejeita quem não rejeita a maldade. Mas é o único que perdoa, acolhe e cura o ser humano da maldade. Basta que esse ser humano assim deseje. Como não foi com Caim.

  Continua a leitura do excelente Superstições e Presságios da Humanidade" e suas argumentações. Até o próximo texto.