sexta-feira, 11 de setembro de 2020

1978 - Parte um

 1978

    Desde 1969, lá iam quase 10 anos, eu participava do Acampamento Ebenézer, em Pedra de Guaratiba, extensão de formação para os alunos do Seminário Teológico Congregacional do Rio de Janeiro, seção internato. 
   Portanto, estava formado na aura de influência dos seminaristas, equipantes do Acampamento, que era enfatizar, naquele contexto, sua história de vocação, abrindo nossa visão para o desafio missionário e mesmo vocacional para o ministério.
   Certa vez, num dos cultos, houve uma verdadeira festa de ágape, quando todos nós nos abraçamos, na velha capela da Pedra de Guaratiba, após o culto da noite, que antecedia o banquete.
   Como se diz, foi um chororô, todos se abraçavam, era época da direção do Acampamento pelo pr Amaury Jardim e sua esposa Rute, temporada de jovens, quer dizer, acho que eu tinha meus 15 ou 16 anos, o que vai dar em 72 ou 73. 
     Essas reuniões, as mensagens desses cultos missionários, os testemunhos desses seminaristas, muitos deles hoje pastores ou esposas de pastores, beirando seus 50 anos de ministério, tudo junto contribuía para a manutenção de um permanente apelo vocacional.
    E ainda em 1977 ocorreu um fato que me alavancaria para a equipe da Estância Palavra da Vida, em SP, que foi a amizade com a hoje apóstola Silvia Thompson. A família dela ia à minha igreja, em Cascadura, pois sua mãe era líder na COUAF, a confederação de senhoras congregacionais.
     Essa propaganda do Palavra da Vida incluía indicação para compor a equipe do Acampamento deles ou da Estância. Eu avaliei que meu perfil se encaixaria mais com o da equipe da Estância. Enviei formulário e dados e fui selecionado. 
    O plano era passar o Natal com eles lá, para um treinamento inicial. Primeira vez na vida, fiz barba em barbeiro, véspera da viagem. Cheguei no ap do Méier cheio de manchas vermelhas. Dorcas matou a charada: não era urucubaca de barbeiro: era um tipo de alergia de corpo inteiro.
     Não viajei no tempo aprazado. Procurei me enturmar depois. Chegava-se a Atibaia, onde pernoitei na casa de irmãos, para dia seguinte ir para a Estância Palavra da Vida. Pois foi lá, noutro culto desses de emoções a mil, choro e ágape de montão, que me desloquei do grupo, deixando-o ainda dentro do auditório, no chororô, saindo por uma porta lateral, e me lembro ter feito uma oração. 
     Num alpendre externo, era à noite, olhei o descampado lá embaixo e também mirei o céu lá em cima. Nela pedia a Deus que, caso houvesse de verdade uma vocação específica para mim, que nunca fosse algo por mim mesmo criado, forçado, fantasioso, mas que fosse autêntico. Essas orações a gente faz, mas depois até esquece. Mas o efeito delas fica. 
     O ano de 1978 me jogou, então, dentro do seminário.

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