segunda-feira, 19 de março de 2018

Artigos soltos 29

       Ao contrário - final

       Pela divisão que sugiro no texto de Isaías 53, faltam três abordagens dos contraditórios, assim denominei, da lógica corriqueira.

      Assim completam-se sete, mais os quatro antes abordados, perfazendo uma quantidade simbólica. O próximo é a reclamação do profeta de que um juízo opressor arrebatou o Servo.

      Por duas razões interessante. Porque abateu-se sobre esse servo inocente a notável sina da condição humana, que é exercer domínio opressor e, outra coisa notável, Deus permaneceu indiferente.

      Ateus de plantão culpam Deus pelas mazelas humanas. Quanto maior a perversidade perpetrada e, ora, nelas a humanidade se supera a si própria, culpam Deus.

      Este não deveria ter criado o homem, duma vez por todas, ou não tê-lo feito com defeito ou ainda deveria sempre e constantemente impedir-lhes a maldade.

      Mesmo ao preço da liberdade? Direitos humanos, ora, deve incluir liberdade de escolha. Assim como responsabilidade por aquelas feitas, boas ou ruins. Deus não tem nada a ver com isso.

      Jesus foi cortado da terra dos viventes por juízo tipicamente opressor: marca corriqueira da condição humana. Assuma-se a responsabilidade. Contado com e como um malfeitor qualquer. Pois sim: discute-se exatamente hoje direitos humanos, proteger bandidos ou mocinhos?

       Aliás, quem é quem nessa diversidade? Mesmo que sejam falsos mocinhos ou verdadeiramente bandidos, perdura e prevalece seu direito humano. Quanto a Cristo, taxado como bandido foi, pelo menos depois de morto, acalentado por um rico.

      Alguém dirá: o que viu nele José de Arimateia para que o privilegiasse com uma sepultura no Jardim da Saudade (Morada da Paz, no Acre) túmulo de luxo na Judeia daquele tempo?

      Sim, contraditório que esse companheiro de marginais fosse destacado com esse privilégio da parte de um dos notáveis na sociedade. Não é comum que esse abismo entre classes seja anulado.

        Por fim, um dado de aparente contrariedade da condição amorosa do Pai. Diz o profeta que "ao Senhor agradou moê-lo". Aqui se entende a troca que Deus opera e todo o contraditório se resolve num gesto. Não acusaram Deus de indiferença, diante da maldade humana?

      Ora, acusem-no agora por indiferença ou maniqueísmo, diante da tortura à qual foi submetido o Filho. Não. Não queiram nem saber. Nunca entendam essa troca.

      O texto segue explicando que toda a maldade humana Deus fez recair sobre o Filho, para que pudesse oferecer chances iguais de perdão a todos, a qualquer um, até incluídos os que afirmam, sem nenhuma chance de confirmação, a não ser por sua própria vaidade, que Ele não existe.

      Todo o contraditório se resume nesse gesto do Pai, deixando nas mãos da humanidade confirmar sua maldade, desde que arrebatem por juízo opressor o Filho e, sem saber, operem o sacrifício que Deus aceita em lugar de todo o que crê.

      Servo sofredor. Jesus Cristo. Expiação de todo o pecado. Única oportunidade de perdão, para si próprios, os que creem, assim como para os outros e para todos, quando creem.

     Deus não é indiferente à maldade humana, escolha primária, homem/mulher, da condição humana. Exercem sua liberdade, condenam-se nela e por ela, mas em Cristo encontram o perdão. "A tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação", segundo ensina Paulo Apóstolo.

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