quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Mal traçadas linhas 34.

   

          Igreja é sentimento.

          Muito mais do que lugar, embora lugar também seja parte integrante. Mais do que doutrina, embora doutrina sadia, como diz Paulo Apóstolo, seja essencial. E mais do que somente reunião, embora comunhão, outra definição de igreja, não possa prescindir de gente que caminhe junto, compartilhando o mesmo pão.

          Mas em que lugar? Qualquer. Onde Jesus estiver. Eis que estou convosco todos os dias. Onde estiverem dois ou três reunidos. Jesus disse que edificaria sua igreja. E o sentimento de que aqui falamos é o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus. "Tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus."

          Daí, dizermos que, caso haja local e doutrina, ou quaisquer outros fatores e dados a acrescentar, porém se não houver sentimento, pode ocorrer, incidentalmente, igreja institucional, mas não haverá igreja real.

            Jesus carregava consigo um sentimento. A sede do sentimento é o coração. Claro que usou sua inteligência e procurou dotar seus discípulos de doutrina, definição e regras básicas, simples, diretas, ao alcance de qualquer um, para identificar o que era ser igreja no mundo, distinguido do que, absoluta não, ou disfarçadamente fosse igreja.

            E claro que promoveu, indicou, ensinou e conviveu em comunhão, não somente entre Si e os discípulos, mas exerceu-a pública e democraticamente, sendo até discriminado por, supostamente, escolher mal com quem desejava exercer tão distintiva e exclusiva marca, a da comunhão, que é mistura.

            Só que comunhão tem, como fundamento, a restauração, no homem, da ação de Deus. Comunhão começa com Deus e só é possível se Deus operar, no homem, cura. O principal mal na condição humana é que, em essência, o ser humano é rebelde a ação de Deus em si mesmo.

           Pode, aparente, social e superficialmente admitir que acredita, adora e adota Deus, isso se chama religião. Mas, no cara a cara com Deus, na intimidade com Deus, o ser humano descobre seu estado de rebeldia, sua natural rejeição e predisposição ao que é vil.

           Isso porque o ser humano se descobre inimigo de Deus, de si mesmo e do outro. Vai descobrir que precisa, humildemente, da ação de Deus em sua vida. E Deus se fez homem para manter comunhão com o ser humano. 

           Em tudo equiparou-se ao ser humano, condição humana, vida e morte, exceto no pecado. Daí ter Jesus Cristo autoridade sobre o pecado, por tê-lo vencido em si próprio, sobre a morte, por ter ressuscitado, e colocar-se equiparado ao mandamento, pelo fato de nunca tê-lo transgredido.

           Amor é o sentimento. Se alguém perguntar por que Deus se fez homem, a resposta é por causa do sentimento. Tende em voz o sentimento, o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus. Igreja é sentimento. Igreja é a prática do amor. Em todo lugar. Entre todos e qualquer outro.

           Jesus andou por toda a parte, praticando o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, dizem as Escrituras. Carregado desse sentimento. Carregado de amor. Edificando sua igreja, que Pedro, apelidado "pedra", por Jesus, diz que é composta por "pedras que vivem". 

          Somos pedras que vivem, altar tosco, soerguidos e edificados sobre o fundamento, que é Jesus. Obra inacabada, que Deus, o arquiteto, continua a construir, dando o acabamento, do qual o Espírito é o artífice. Edifício, segundo dizem as Escrituras, para habitação do próprio Deus.

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