A igreja do exílio.
Daniel e seus companheiros formaram uma congregação no exílio. Reuniam-se em conjunto e constituíram-se em padrão para os exilados. Num período de angústia tão aguda para o povo de Deus, perdidos os elementos de sua identidade, terra, Templo e rei, esses jovens compreenderam a urgência em se tornar a “igreja” do exílio.
Em
Babilônia, os judeus reuniam-se em grupos separados. Não mais tinham o Templo de Jerusalém como
referência. Então, formaram as sinagogas. Você sabe a importância delas? Além de
servirem a Paulo, séculos depois, como referência, em suas viagens missionárias pelo mundo romano, o culto que praticamos, desde o tempo da igreja primitiva, é sinagogal:
cânticos, orações, testemunhos, leitura da palavra e pregação.
Daniel e seus companheiros serviram como modelo ao povo do exílio em Babilônia:
testemunho, quando se negam a adorar a estátua de Nabucodonosor; comunhão em
oração, quando Daniel solicita que intercedam devido à entrevista dele com o
Imperador; segurança de fé a todo o preço, quando afirmam que, ainda que não
fossem salvos da fornalha, independente do livramento, o Deus deles era o
mesmo.
Outra
marca decisiva dos jovens era a definição clara dos dons concedidos por Deus
a eles e seu uso. Em Dn 1:17, está escrito que Deus deu aos amigos de Daniel
conhecimento em toda a cultura e ciência e a Daniel entendimento em toda visão
e sonhos. Não significa que há “dons de interpretação de sonhos”. Na Bíblia, é
raro ocorrer esse expediente. Entre José e os sonhos interpretados de Faraó e
Daniel e os sonhos interpretados de Nabucodonosor decorreram, aproximadamente,
1.000 anos.
Mas
inteligência em toda a cultura, ciência e enxergar as visões com que Deus quer
alertar sua igreja, são dons muito raros hoje em dia, mas essenciais, que o empenho e disciplina diária desses jovens lhes proporcionou. Precisamos exercê-los, buscando a disciplina e o exemplo
de vida desse grupo consagrado de irmãos, modelo da congregação do exílio e,
certamente, modelo atualizado para as congregações atuais.
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