Bem, supondo que Deus exista e que, portanto, fale, que seja Jesus Cristo, como afirma João(?) no seu Evangelho, "Verbo que se fez carne", precisamos localizar essas falas.
Se, afinal, estão localizadas no contexto desse clero teológico-científico, únicos a validar o que as Escrituras dizem, assim considerada reduto provável é último dessa(s) palavra(s), supostamente de Deus.
Como se procede por hipóteses, feita aqui uma concessão ao método, sugerimos ser possível que Deus, sem torniquetes de ídolo a Ele atribuídos, porém Pessoal e agente, conceda ao ser humano a capacidade de registrar, por escrito, traços de informações sobre Si.
As próprias Escrituras, pelo menos em dois lugares, afirmam ter ocorrido esse expediente, em 2 Pe 2,21, "homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo", e em 2 Tm 3,16a, "toda Escritura é inspirada por Deus".
Deixamos aqui, à parte, as filigranas da exegese dos textos, sem busca pela autenticidade deles, como se exige peremptoriamente, porque nos interessa apenas a ideia sugerida. Homens podem falar da parte de Deus? Como "movidos" pelo Espírito Santo? Deus pode inspirar as Escrituras?
Ora, exige-se muito, por meio do rigor acadêmico-científico, do Deus que a Bíblia apresenta. Não estou me expondo à execração, pelo menos por esse motivo, acusado de depreciar a academia nem a ciência.
O que estou querendo expor é o argumento de que, até que ponto é possível revisar a Bíblia dos relatos de falas e atos de Deus, sem que, precipuamente, seja distorcido o Deus que a Bíblia expõe, do modo como o faz.
Porque se, nas Escrituras, fala-se a respeito de Deus, mas nela mesma ou por meio dela Deus não fala, há duas possibilidades ou duas personalidades, em jogo, para Deus: um será o que fala e como fala e outro será aquele a respeito de quem falam, do modo como falam.
Homens falaram, da parte de Deus, autores de texto, como quaisquer outros, motivados para tanto, somente que, o agente dessa motivação foi o Espírito e o assunto foram dados de fé, experiências de vida com Deus.
E Deus, Pessoa, pelo menos capaz de inspirar, ou seja, agir no intelecto humano, podemos até recorrer a um intercâmbio, tanto de textos, os acima mencionados, ao mencionar a ação do Espírito, quanto a um intercâmbio, agora entre as duas pessoas da Trindade.
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A essa altura, podemos sugerir que, num contraponto de argumentos entre a existência, em si, da Trindade, ação de Deus e ação do Espírito, frente à possibilidade de atuar no ser humano, de modo a que registrem, em nome de Deus, inspirados por Deus, movidos pelo Espírito, tenham assim escrito de modo autêntico.
Resume-se: Deus e o Espírito, em parceria, supostamente, poderiam agir no ser humano, a fim de que escrevessem? Portanto, caso afirmativo, em que grau Escrituras? Podemos citá-la, em seu tempo, afirmando ter sido nesses critérios escrita, "homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo"?
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