quarta-feira, 27 de julho de 2022

Jeremias 5

     Vale ressaltar os homens (e mulheres) dessa época. A começar pelo anônimo "povo da terra", assim indicado e assim desconhecidos no texto. Salvaguardam Jeremais, do mesmo modo que fizeram com Josias quando, ainda menino, teve seu pai Amon assassinado, em vias de ser usurpado o trono.

   Esse "povo da terra" garantiu ao menino de, apenas, 8 anos ocupar o trono, portanto tinham força política e militar. Muito provavelmente, também econômica. Esse mesmo menino, aos 16, apega-se extraordinariamente à lei do Senhor.

   E próximo dos 20, vai empreender uma reforma político-religiosa de vulto, demolindo templos idólatras erguidos ainda na época de Salomão, queimando em seus altares os ossos desenterrados de seus sacerdotes.

    E, quanto ao templo de Jerusalém, promoveu reformas, visando comemorar as festas esquecidas, e foi nesse afã que comunicaram a ele terem encontrado abandonado, no mais interior do templo, o rolo de um exemplar da lei de Moisés.

    Uma vez que o ouviu lido, Josias rasgou suas vestes, em sinal de contrição, e mandou procurar Hulda, a profetisa, a fim de esclarecer detalhes. Ela confirmou que não mais havia remédio, porque todo o povo estava enquadrado na categoria "maldições", do Deuterinômio, em função de suas escolhas erradas.

     Josias, com o rasgar de suas vestes, demonstrava sensibilidade diante das palavras que ouviu. E o fez, antes de ainda mandar consultar a profetisa. E outras atitudes mais ele implementou, como ter comemorado a Páscoa e reformado o sacerdócio, até que, em 2 Crônicas 34, afirma-se que, enquanto Josias viveu, o povo perseverou apegado ao Senhor.

    O vazio da morte de Josias gerou profunda carência, deixando a Jeremias a chance de, na qualidade de profeta, ocupar essa brecha, em sua vocação específica. Foi assim também cerca de 150 anos antes, quando morre o rei Uzias, da mesma  marca de caráter de Josias e, ao morrer, desperta-se a vocação de Isaías, profeta em Judá nessa época, ocupando o mesmo vazio deixado por rei tão consagrado ao Senhor.

    Uma lista extensa de anônimos, herdeiros da reforma de Josias, afinal apoiadores dessa continuidade com Jeremias, assim como os herdeiros da marca de caráter que teve Uzias, ou Azarias, como foi chamado, esse restante fiel, como é nomeado a Isaías em sua vocação.

    Esse rei, do tempo de Isaías, somente foi lamentável em seu exemplo ter ousado, como se fosse um dos sacerdotes, entrar no Santo Lugar do Templo em Jerusalém. Deus não permitiu essa profanação. Quedou-se portador de hanseníase e teve de terminar seus dias apartado do povo, do modo como era visto naquela época quem contraísse esse mal.

     E tristeza das tristezas, a idolatria, enfrentamento comum ao ministério dos dois profetas, ambos dirigindo-se a Jerusalém, separados por 150 anos, influenciado que era o povo por seus vizinhos, os anos decorridos e a força desse mesmo ministério profético não conseguia avançar com o povo na mentalidade de ter apenas Deus como único.

    A oração do Deuterinômio, que tão bem resumia esse princípio, "ouve, Israel, o Senhor Deus é único", síntese a mais avançada da fé, Isaías e Jeremias nunca obtiveram unanimidade e, inacreditável, nem apoio das lideranças, fossem policiais, religiosas e da mesma escola sua, mas dos pseudoprofetas.

    E não adiantava, para os contemporâneos de Jeremias, tomar dos rolos de Isaías, onde se registrava o milagre do cerco dos assírios a Jerusalém, com também a cura milagrosa de outro rei piedoso, desta vez Ezequias, porque quanto ao cerco dos babilônios, não haveria anjos que dispersassem seu exército, como foi com o de Senaqueirbe. Não contassem, no tempo de Jeremais, com o livramento havido no tempo de Isaías.

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