Os escritos de Jeremais demonstram, quanto a sua forma, um bom exemplo de como se desenvolvem os documentos canônicos. Daniel já os consultava no período final do exílio.
O que demonstra a credibilidade deles, resultado de um profeta solitário, que afirmava que toda uma geração viveria em Babilônia, por 70 anos, enquanto todos os outros falsários falavam em 2 anos. Pois o cerco, no tempo de Zedequias, rei entre 597 e 586 a. C., foi que durou esse tempo.
Os rolos de Jeremias já foram colecionados nesse período. Costuma-se chamar primeiro rolo esse que foi queimado por Jeioaquim, compreendendo os capítulos 1-25 da disposição atual do livro. Uma vez queimado, foi recomendado a Baruque reescrevê-lo e acrescentar ainda mais oráculos.
No exemplar da Septuaginta, após esse trecho vinham às profecias às nações. Está registrado no trecho da vocação do proefeta também noemeá-lo às nações. Fossem as vizinhas, no entorno da Palestina, como aparecem no início da profecia de Amós.
Assim como as nações remotas, alinhadas como num triângulo ao redor da nesga de terra voltada para o Mediterrâneo que é a Palestina: fenícios ao norte, representados por Tiro e Sidom, a Mesopotâmia ao nordeste, do outro lado do deserto da Arábia, e Egito ao sul.
Ao sul, império egípcio da Antiguidade, e ao nordeste, os neoimpérios assírio e babilônico, estava explicado por que a Palestina era um corredor natural, do caminho percorrido por Abraão, a partir da caldeia, pelo chamado crescente fértil, até se chegar ao Egito, celeiro do mundo antigo, atravessando, exatamente, a Palestina.
Por isso Jeremias prevenia que, a panela que se derramava, a partir do norte, trazia à Jerusalém o império babilônico, com Nabucodonosor, em 586 a.C, como trouxera os assírios, com Salmaneser, em 722 a. C., para o cerco a Samaria. Por esse caminho, um dia, virão os Persas, em 536 a. C. e, mais adiante, os gregos, este o primeiro império do ocidente, em 330 a. C, antes dos romanos, que alcançarão a Palestina, com Pompeu, em 63 a. C.
Jeremias profere essa coleção de oráculos às nações, atualmente numa posição diferente, no texto hebraico massorético, nos capítulos 46-51. Na posição atual, a partir do capítulo 26, constam trechos considerados biográficos do profeta. Os estudiosos atribuem, ou não, a Baruque, o escriba do profeta.
Há um estudioso chamado Movinckel que define, em termos gerais, para os textos de Jeremias, três fontes e tipos diferentes. Essa maneira de enxergar teve retoques, com a continuidade das pesquisas, mas indica de modo claro e geral o que se tem no livro.
Os documentos A seriam o que se denomina ipisissima verba do profeta, ou seja, saíram de sua boca e se compõem, na sua maioria, de textos poéticos. O tipo B contém esses textos biográficos, portanto narrativos, resultado de uma breve biografia do profeta, escritos, provavelmente, por Baruque. E os chamados textos C, ainda que apresentando material original do profeta, porém até então desconhecidos, pertencem à escola deuteronomista de redatores que, por todo o livro, editam seus retoques.
Exemplo desse trabalho é o texto de Jeremias 7, do sermão à porta do templo, que vai provocar a convocação ao palacio, sob Jeioaquim que, por sua vez, rasga e queima o rolo escrito dos oráculos do profeta. Neste capítulo, a edição tem os retoques deuteronomistas e, no capítulo 26, aparece o enredo narrativo da história, anotada, certamente, pelo biógrafo de Jeremias, que alguns autores indicam ser Baruque.
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