quarta-feira, 6 de novembro de 2019

1977 - Culto em Ações de Graça - Ministério Pastoral na Igreja Batista Seropédica - Final


Dorcas Lima Araujo de Oliveira
e
Cid Gonçalves de Oliveira 
   
   Eis-me aqui, ó meu Senhor 
  Usa-me no teu querer,
  Para falar de teu amor,
  O Teu nome engrandecer. 
  Onde quiseres que eu vá 
  Propagar o Teu poder,
  Faze o mundo contemplar 
  Cristo somente em meu viver.

  Os campos eis a branquejar 
  E prontos para colher estão,
  Se alguém anunciar
  Tua grande salvação. 
  Dá-me coragem para ir
  Ou pra mandar quem por mim vá,
  Não tenha eu medo de partir 
  Para meu Jesus anunciar.

  Oh, dá-me que eu sempre possa ver
  As almas vindo a Jesus,
  E que elas possam receber
  Teu consolo e Tua luz.
  Oh, dá-me sempre esta visão,
  Mesmo que eu tenha de sofrer;
  Faze-me puro coração 
  Pra só em Cristo ter meu prazer.
    
   O hino aqui escrito, anotado com letra de Dorcas no final dessa longa exposição, nesse Culto de 1977, quando Cid se despedia do pastorado na Igreja Batista em Seropédica, sintetiza toda uma visão de época.
  Nessa visão foram educados Cid e Dorcas, na herança de evangelho importado e ensinado pelos anglo-missionários que implantaram no Brasil, há mais de século e meio, o protestantismo de missão. 
   Fala de uma entrega incondicional a Jesus, refletida no espírito de missão a todo o custo, sem importar distância e estranhezas culturais. Também fui educado nessa mentalidade tendo, diante dos olhos, esse ideal. 
   O hino me traz, com força, à memória a personalidade de Cid e Dorcas, o seu contexto de igreja, no qual se conheceram e se engajaram em casamento. Sou fruto dessa época e dessa mentalidade. Talvez este século tenha pouco se esforçado para manter essa visão, que vem se consumindo. 
    Porque, talvez, os crentes de depois dessa geração estejam perdendo ou já perderam a visão mencionada nos 4 últimos versos da terceira estrofe. Ninguém acha mais que tenha de sofrer alguma coisa para ver "almas vindo a Jesus" ou tenha de hipotecar sua vida "pra só em Cristo ter meu prazer".
   Ora, que tenha sido somente um "espírito de época", uma "cultura evangélica" que ficou no séc. XIX. Mas Cid e Dorcas a viveram intensamente: conheceram-se no pátio de igrejas, conviveram em família imersos nessa cultura e criaram seu único filho galvanizado nesse século.
    Não vou discutir isso, quer dizer, a ida ralo abaixo dessa cultura considerada refugo. Tenho já 62 anos e minhas raízes são essas aí. Talvez seja muito tarde para mudar. Mas muito me preocupa a nova cultura que está vindo por aí, posta no lugar dessa. Porque ainda não tem personalidade. E não sabe o que fazer da vida, não mais hipotecada a Jesus, e perdeu seu senso de missão.

Anotação, com a letra de Dorcas, do
hino acima digitado, provavelmente 
cantado por ela no dia desse culto. 

Provável foto desse culto 
ou outro dia: sentado,
Jessé Moreira, que
garantiu, num empréstimo, 
a última mensalidade no
curso de Bacharel  em Teologia 
do Cid: sorrisos que 
sintetizam o espírito
de uma época. 


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