Roteiro da viagem Rio Branco-Manaus-Boa Vista-Manaus-Rio Branco
21 de fevereiro a 4 de março de 1996
1. Embarque – 13h10min da quarta-feira 21 de fevereiro e chegada em
Manaus às 17h. Viajamos com o cantor das assembleias de Deus Saviano, que
reside em Manaus. Em Porto Velho entrou o Sergio, Carioca de Nilópolis,
Município vizinho ao Rio de Janeiro. Entre 17h e 22h desse mesmo dia esse rapaz
mostrou-nos a cidade de Manaus juntamente com um casal de conhecidos dele.
Pudemos evangelizá-los e à noite visitar e orar na casa do Saviano, com a
esposa deste e suas duas filhas. Todos participaram e assim nos despedimos.
2. Chegada a Boa Vista às 23h50min. No embarque em Manaus encontramos
o pastor Paulo Leite com seu novo “visual”, um cavanhaque à moda Caio Fábio.
Colocamos todos os assuntos em dia e, chegando a Boa Vista nos esperavam os
pastores Edson e Mauro Castro, este o pastor da Igreja Congregacional de lá e o
outro missionário há quase 20 anos da MEVA – Missão Evangélica da Amazônia. Conduziram-nos à Sede da MEVA onde ficamos hospedados, Paulo Leite e eu. Além do
Escritório, a MEVA tem apartamentos para hospedagem dos missionários quando
eles vêm das tribos.
3. No dia seguinte, 22 de fevereiro, embarcamos para a visita ao
primeiro posto da missão entre aqueles que estava planejado visitarmos. Era a
aldeia dos ianomâmis em Palimi-u (traduzido quer dizer “rio Palimi”), às
margens do Urariquera. Quem tem a revista Vida Cristã nº 168, de
agosto-setembro-outubro de 1995, pode ver na p. 10 a foto da família do pastor
João Luiz Santiago, esposa e dois filhos que trabalham entre os ianomâmis de
Palimi-u há 12 anos.
4. Conhecemos o posto já no dia 22 após a chegada. Há a casa dos
missionários (aliás, há 3 casas para missionários, no total) e mais uma Escola,
onde também são realizados os cultos. Um posto médico, uma pequena loja para
negociações com os índios, que ali aprendem a lidar com a moeda dos brancos, o
Real. Uma oficina para pequenos consertos (eles têm lá até um aparador de
grama, para limpar a pista de descida do avião Cesna). Há também um gerador
diesel, usado em ocasiões especiais, pois é difícil transportar galões de diesel
até lá por avião. Leva-se 1h40min de voo de Boa Vista até Palimi-u.
5. Comemos carne de veado no almoço e de anta na refeição da noite.
Lá também estão Iamara e Davi e seus 3 filhos, outro casal que ajuda o pastor
João Luiz naquele posto. Eles deverão substituir João Luiz e família que estão
de mudança para a aldeia dos índios Uai-Uai, em Jatapu. Também visitamos a casa
onde moram os índios e pudemos fotografá-los lá dentro. Às vezes, os índios
resistem a fotos, pois acham que são levados embora nelas e ficam aprisionados
nas fotos. Também visitamos um roçado recente que os índios estavam fazendo
para plantar banana e macaxeira. Dela fazem sua “cachaça”, razão de muitas
desgraças entre eles. (Não contamos a
aventura Urariquera acima, numa pescaria frustrada, porém não menos fantástica,
por isso ou sem isso).
6. No dia 24 voltamos para Boa Vista, parando antes durante uns 30min
em Mucajaí, outra aldeia e outro posto ianomâmi da Missão, a 1h de voo de Boa
Visita, a meio caminho de onde estávamos. Os voos para as aldeias são em número
de 1 por mês (salvo alguma emergência para salvamento de índios ou atender missionários).
Em Mucajaí, conhecemos o Milton, que está provisoriamente naquele posto. Ali
tivemos oportunidade de constatar a mira precisa dos índios com suas flechas.
Chegamos a Boa Vista às 13h, em tempo de irmos para a Igreja Congregacional, onde
todos nos aguardavam para um abençoado almoço. Tive de comer a minha sobremesa e
a do Paulo Leite, que não gosta de Leite, e foi servido creme de cupuaçu (que
tem creme de leite como ingrediente).
7. Naquela tarde de domingo conversamos com os pastores Aldenir, de
Manaus, e Mauro Castro, de Boa Vista e mais o pastor Paulo Leite e ficou
acertada a data de 26, 27 e 28 de julho, em Rio Branco, para a organização da
Junta Regional Norte do Brasil. À noite na Igreja pregou o pastor Paulo Leite
em João 13,36-38. No dia seguinte conhecemos Boa Vista e também uma localidade
próxima, a 40 km, denominada Serra Grande, onde a Missão possui uma Colônia
para a construção de um hospital para os índios e um “hotel de trânsito”, onde
os índios poderão repousar e restabelecer-se de qualquer mal. Trabalha ali o
missionário norte-americano Timóteo, médico, missionário, carpinteiro,
projetista, construtor, mecânico etc e etc. Ele projetou e está construindo (sozinho)
o hospital. No dia seguinte estava marcada uma visita à aldeia dos Uai-Uai, em
Jatapu.
8. Na terça-feira visitamos a aldeia dos Uai-Uai em Jatapu. São muito
diferentes dos ianomâmis. Nesta aldeia, moravam cerca de 300 índios. São mais
civilizados do que os ianomâmis de Palimi-u, possuindo igreja própria e um
pastor, Wari, que conhece também um pouco do português. Eles possuem um
Conselho que toma as decisões por toda a tribo, composto pelo tuchaua (chefe) e
mais quatro ou cinco índios de renome. Um deles, o James, já estudou na Escola
Primária de cidade e também já fez um curso breve de 1ºs socorros. Suas casas
são construídas voltadas para a praça da aldeia, costumam ser mais cuidadosos
com as roupas e combinam suas atividades, como caça, por exemplo, e outros
eventos entre si. Para sair de Jatapu, foi necessário baldear em Entre Rios,
cidade a 40 min de voo, pois a pista, além de pequena, estava molhada pela
chuva. Conosco no Cesna veio também o tuchaua, que precisava resolver assuntos
seus na cidade de Boa Vista.
9. Na quarta-feira, conhecemos com mais vagar a cidade e eu pude
pregar no Estudo Bíblico da Igreja Congregacional. Falei do nosso campo no Acre
e dos planos para a Junta Regional. Todos gostaram muito, incluindo pastor
Mauro e sua esposa Eliane. Como lazer, tomamos banho num igarapé próximo ao
centro, em Boa Vista, e ainda noutro, à tarde, numa colônia de propriedade dos
pais do pastor Mauro. No dia seguinte, quinta-feira, dia do embarque para Manaus,
ficou marcada uma ida até Santa Helena, cidade venezuelana na fronteira com o
Brasil, onde há uma pequena “zona franca”. São 3h30min de viagem. Fomos no
Pampa dos pais do pastor Mauro, em companhia do Samuel, irmão do pastor, e do
pastor Aldenir, de Manaus. Na mesma noite, às 0h10min de sexta-feira,
embarcamos para Manaus.
10. Fomos recebidos no aeroporto cerca de 1h30min da madrugada de
sexta-feira pelo tio do pastor Aldenir, que é membro da Igreja Batista em
Manaus. O pastor Aldenir é de origem batista, sendo o único membro de sua
família na igreja congregacional. Fomos hospedados nas dependências de sua
casa, geminada com a igreja, no fundo do terreno da Rua Sta. Luzia, no bairro
São Geraldo. Fica bem próximo do Centro da cidade. No dia seguinte, conhecemos
a cidade, incluindo os pontos onde há maior crescimento de bairros. Há um
seminarista preparando-se para estudar no Seminário onde o pastor Aldenir
leciona Iniciação à Teologia. Esse Seminário funciona parecido com o nosso: 3,5
meses de aulas e os restantes com atividades práticas. No sábado, fomos a um
flutuante onde mora o tio da esposa do pastor Aldenir, comemos “peixe à moda”
dentro do barco que nos levava ao famoso “Encontro das Águas”, onde o Rio Negro
encontra o Rio Solimões. As águas não se misturam e do encontro nasce o
Amazonas.
11. Pastor Paulo Leite pregou no domingo pela manhã, embarcando,
debaixo de muita chuva, para Belém, às 14h30 da tarde. Eu preguei à noite, no
domingo, e embarquei de volta às 7h30min de segunda-feira. Pr. Paulo Leite
visitou ainda a cidade de Capitão Poço, a cerca de 200 km de carro, de Belém, trabalho
mantido pela Igreja Fluminense, e a igreja de Belém. Deveria, como ocorreu,
embarcar para o Rio de Janeiro, na terça-feira, pela manhã. Pr. Lyndon, que nos
acompanharia na viagem, não encontrou passagem para Manaus, no mesmo dia que a
nossa e resolveu adiar para outra oportunidade sua viagem. Quem sabe em julho
para o Acre...
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