segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

VIAGEM - 1996

Roteiro da viagem Rio Branco-Manaus-Boa Vista-Manaus-Rio Branco
21 de fevereiro a 4 de março de 1996

1. Embarque – 13h10min da quarta-feira 21 de fevereiro e chegada em Manaus às 17h. Viajamos com o cantor das assembleias de Deus Saviano, que reside em Manaus. Em Porto Velho entrou o Sergio, Carioca de Nilópolis, Município vizinho ao Rio de Janeiro. Entre 17h e 22h desse mesmo dia esse rapaz mostrou-nos a cidade de Manaus juntamente com um casal de conhecidos dele. Pudemos evangelizá-los e à noite visitar e orar na casa do Saviano, com a esposa deste e suas duas filhas. Todos participaram e assim nos despedimos.

2. Chegada a Boa Vista às 23h50min. No embarque em Manaus encontramos o pastor Paulo Leite com seu novo “visual”, um cavanhaque à moda Caio Fábio. Colocamos todos os assuntos em dia e, chegando a Boa Vista nos esperavam os pastores Edson e Mauro Castro, este o pastor da Igreja Congregacional de lá e o outro missionário há quase 20 anos da MEVA – Missão Evangélica da Amazônia. Conduziram-nos à Sede da MEVA onde ficamos hospedados, Paulo Leite e eu. Além do Escritório, a MEVA tem apartamentos para hospedagem dos missionários quando eles vêm das tribos.

3. No dia seguinte, 22 de fevereiro, embarcamos para a visita ao primeiro posto da missão entre aqueles que estava planejado visitarmos. Era a aldeia dos ianomâmis em Palimi-u (traduzido quer dizer “rio Palimi”), às margens do Urariquera. Quem tem a revista Vida Cristã nº 168, de agosto-setembro-outubro de 1995, pode ver na p. 10 a foto da família do pastor João Luiz Santiago, esposa e dois filhos que trabalham entre os ianomâmis de Palimi-u há 12 anos.

4. Conhecemos o posto já no dia 22 após a chegada. Há a casa dos missionários (aliás, há 3 casas para missionários, no total) e mais uma Escola, onde também são realizados os cultos. Um posto médico, uma pequena loja para negociações com os índios, que ali aprendem a lidar com a moeda dos brancos, o Real. Uma oficina para pequenos consertos (eles têm lá até um aparador de grama, para limpar a pista de descida do avião Cesna). Há também um gerador diesel, usado em ocasiões especiais, pois é difícil transportar galões de diesel até lá por avião. Leva-se 1h40min de voo de Boa Vista até Palimi-u.

5. Comemos carne de veado no almoço e de anta na refeição da noite. Lá também estão Iamara e Davi e seus 3 filhos, outro casal que ajuda o pastor João Luiz naquele posto. Eles deverão substituir João Luiz e família que estão de mudança para a aldeia dos índios Uai-Uai, em Jatapu. Também visitamos a casa onde moram os índios e pudemos fotografá-los lá dentro. Às vezes, os índios resistem a fotos, pois acham que são levados embora nelas e ficam aprisionados nas fotos. Também visitamos um roçado recente que os índios estavam fazendo para plantar banana e macaxeira. Dela fazem sua “cachaça”, razão de muitas desgraças entre eles. (Não contamos a aventura Urariquera acima, numa pescaria frustrada, porém não menos fantástica, por isso ou sem isso).

6. No dia 24 voltamos para Boa Vista, parando antes durante uns 30min em Mucajaí, outra aldeia e outro posto ianomâmi da Missão, a 1h de voo de Boa Visita, a meio caminho de onde estávamos. Os voos para as aldeias são em número de 1 por mês (salvo alguma emergência para salvamento de índios ou atender missionários). Em Mucajaí, conhecemos o Milton, que está provisoriamente naquele posto. Ali tivemos oportunidade de constatar a mira precisa dos índios com suas flechas. Chegamos a Boa Vista às 13h, em tempo de irmos para a Igreja Congregacional, onde todos nos aguardavam para um abençoado almoço. Tive de comer a minha sobremesa e a do Paulo Leite, que não gosta de Leite, e foi servido creme de cupuaçu (que tem creme de leite como ingrediente).

7. Naquela tarde de domingo conversamos com os pastores Aldenir, de Manaus, e Mauro Castro, de Boa Vista e mais o pastor Paulo Leite e ficou acertada a data de 26, 27 e 28 de julho, em Rio Branco, para a organização da Junta Regional Norte do Brasil. À noite na Igreja pregou o pastor Paulo Leite em João 13,36-38. No dia seguinte conhecemos Boa Vista e também uma localidade próxima, a 40 km, denominada Serra Grande, onde a Missão possui uma Colônia para a construção de um hospital para os índios e um “hotel de trânsito”, onde os índios poderão repousar e restabelecer-se de qualquer mal. Trabalha ali o missionário norte-americano Timóteo, médico, missionário, carpinteiro, projetista, construtor, mecânico etc e etc. Ele projetou e está construindo (sozinho) o hospital. No dia seguinte estava marcada uma visita à aldeia dos Uai-Uai, em Jatapu.

8. Na terça-feira visitamos a aldeia dos Uai-Uai em Jatapu. São muito diferentes dos ianomâmis. Nesta aldeia, moravam cerca de 300 índios. São mais civilizados do que os ianomâmis de Palimi-u, possuindo igreja própria e um pastor, Wari, que conhece também um pouco do português. Eles possuem um Conselho que toma as decisões por toda a tribo, composto pelo tuchaua (chefe) e mais quatro ou cinco índios de renome. Um deles, o James, já estudou na Escola Primária de cidade e também já fez um curso breve de 1ºs socorros. Suas casas são construídas voltadas para a praça da aldeia, costumam ser mais cuidadosos com as roupas e combinam suas atividades, como caça, por exemplo, e outros eventos entre si. Para sair de Jatapu, foi necessário baldear em Entre Rios, cidade a 40 min de voo, pois a pista, além de pequena, estava molhada pela chuva. Conosco no Cesna veio também o tuchaua, que precisava resolver assuntos seus na cidade de Boa Vista.

9. Na quarta-feira, conhecemos com mais vagar a cidade e eu pude pregar no Estudo Bíblico da Igreja Congregacional. Falei do nosso campo no Acre e dos planos para a Junta Regional. Todos gostaram muito, incluindo pastor Mauro e sua esposa Eliane. Como lazer, tomamos banho num igarapé próximo ao centro, em Boa Vista, e ainda noutro, à tarde, numa colônia de propriedade dos pais do pastor Mauro. No dia seguinte, quinta-feira, dia do embarque para Manaus, ficou marcada uma ida até Santa Helena, cidade venezuelana na fronteira com o Brasil, onde há uma pequena “zona franca”. São 3h30min de viagem. Fomos no Pampa dos pais do pastor Mauro, em companhia do Samuel, irmão do pastor, e do pastor Aldenir, de Manaus. Na mesma noite, às 0h10min de sexta-feira, embarcamos para Manaus.

10. Fomos recebidos no aeroporto cerca de 1h30min da madrugada de sexta-feira pelo tio do pastor Aldenir, que é membro da Igreja Batista em Manaus. O pastor Aldenir é de origem batista, sendo o único membro de sua família na igreja congregacional. Fomos hospedados nas dependências de sua casa, geminada com a igreja, no fundo do terreno da Rua Sta. Luzia, no bairro São Geraldo. Fica bem próximo do Centro da cidade. No dia seguinte, conhecemos a cidade, incluindo os pontos onde há maior crescimento de bairros. Há um seminarista preparando-se para estudar no Seminário onde o pastor Aldenir leciona Iniciação à Teologia. Esse Seminário funciona parecido com o nosso: 3,5 meses de aulas e os restantes com atividades práticas. No sábado, fomos a um flutuante onde mora o tio da esposa do pastor Aldenir, comemos “peixe à moda” dentro do barco que nos levava ao famoso “Encontro das Águas”, onde o Rio Negro encontra o Rio Solimões. As águas não se misturam e do encontro nasce o Amazonas.

11. Pastor Paulo Leite pregou no domingo pela manhã, embarcando, debaixo de muita chuva, para Belém, às 14h30 da tarde. Eu preguei à noite, no domingo, e embarquei de volta às 7h30min de segunda-feira. Pr. Paulo Leite visitou ainda a cidade de Capitão Poço, a cerca de 200 km de carro, de Belém, trabalho mantido pela Igreja Fluminense, e a igreja de Belém. Deveria, como ocorreu, embarcar para o Rio de Janeiro, na terça-feira, pela manhã. Pr. Lyndon, que nos acompanharia na viagem, não encontrou passagem para Manaus, no mesmo dia que a nossa e resolveu adiar para outra oportunidade sua viagem. Quem sabe em julho para o Acre...

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