domingo, 15 de julho de 2018

Mal traçadas linhas 89

     
      Síndrome de Elias

      Trafegando na contramão. Quero falar do não milagre. Ou, por outro nome, da "síndrome de Elias", o profeta. Este fez um dos mais assombrosos milagres.

       Aliás, fez, não, porque homem (ou mulher) nenhum(a) fez, faz ou fará milagres. Deus opera maravilhas. Aos olhos humanos Deus opera sinais de Si, de modo a apontar ao homem que creia nEle.

     Nenhum milagre, sinal ou maravilhas de Deus são um fim em si mesmos. Pedro Apóstolo explicou isso em seu primeiro sermão: "Jesus, varão aprovado diante de Deus entre os homens, pelos sinais, prodígios e maravilhas que fez".

      Nenhum desses sinais é um fim em si mesmo: apontam para a realidade da salvação em Jesus. E hoje em dia, erro maior, pretensão e presunção humana, achar que lá está Deus como supremo mago de milagres (falsamente) anunciados.

      Ora, vá ter reverência. Vá se encher do temor do Senhor. Vá aprender o senso de inutilidade a que se reduziu o ser humano, em seu pecado, e fique em silêncio diante de Deus.

      Elias no fundo de sua depressão, após pedir a morte, no fundo da caverna de Horebe ou caverna de si próprio, queria repetir o milagre do fogo que pediu, certa vez, aos céus.

     Despachou e ridicularizou o "clube de profetas" profissionais de Jezabel. Ora, bolas: hoje há aí, nas ruas, vários clubes de profetas profissionais vendendo a ilusão da magia que nunca veio e nunca procede de Deus.

     Mas é tão fascinante essa síndrome que, certa vez, João Apóstolo que, certamente nessa oportunidade ainda não era o "apóstolo do amor", perguntou a Jesus, ora, ora, ora, quanta infantilidade, ele pergunta a Jesus se queria que ele, Joãozinho, pedisse a Deus que caísse fogo do céu para queimar samaritanos que, no seu direito, não queriam ver Jesus novamente dentro de sua aldeia.

      Era o meu primeiro ano de seminário, em 1978, e visitamos, alunos de nossa turma, terras capixabas, onde conhecemos uma linda jovem a menos de 30 anos, condenada a morrer de câncer ósseo. Porque quando o médico lhe disse que amputasse a perna, ela encontrou um "pastor" que lhe disse que Deus a curaria. Não curou, pela promessa do pastor. E não curou pela medicina. E não curou sem promessa nenhuma. É o não milagre. Então, dê glórias a Deus!

       Isso mesmo: Deus não curou por oração nenhuma que foi feita. A reposta foi não a todas as orações de cura. Aquela jovem morreu de câncer ósseo antes dos trinta. Por quê, perguntamos. Quem pecou? Ela ou seus pais? A resposta: nenhum. Ninguém. Talvez o tal pastor, bem intencionado, mas intrometido, porque cura pertenece, definitivamente, à soberania de Deus.

     E meus filhos contam do pastor que ouviram num Congresso falando de outro colega que invadiu o velório para pedir a Deus a ressurreição do morto. Pediu, pediu, pediu e não foi ouvido. Faltou fé ao pastor? Faltou fé aos presentes? Faltou fé ao defunto (vai ver que ele era incrédulo, e Deus não ressuscita incrédulos)? Ou esse pastor era "tradicional"? Porque se fosse um pastor "neopentecostal" seria ouvido? E esse palestrante disse que o pastor prorrompeu em prantos porque não houve ressurreição. Ora, logo se vê que era sincero, mas não maduro para conhecer o senso de ridículo.

     Pois então, fique em silêncio diante de Deus. E pare de prometer o que não lhe diz respeito. Na Bíblia encontramos (ou não encontramos narrados, porque a Bíblia não descreve, nem de Jesus, todos os milagres) homens e mulheres de autoridade.

     Não saia por aí prometendo curas: sinais, prodígios e maravilhas. Tenha senso de ridículo. Tenha autoridade para só dizer "Jesus Cristo te cura!", como disse Pedro e Eneias, se e quando Deus te autorizar. E visite doentes terminais à vontade, para orar, consolar e rir e chorar com eles, para aprender o não milagre.

     Deus não está lá ao teu serviço. Não seja curandeiro de Deus. Qual o teu clube? Tenha senso de ridículo. Fique em silêncio diante de Deus. Só abra a sua boca quando tiver autoridade.

   E Ele também é Senhor do não milagre. Porque "milagre" não é o que você denomina "milagre". Mas tudo o que Deus faz é milagre a nossos olhos. E também quando não faz.

    Elias, no fundo de sua caverna, ouviu um tufão. Não era Deus. Raios rebentaram nas rochas ao redor. Eram só raios. A terra tremeu, mas não foi como com Paulo e Silas, terremoto dirigido: foi só terremoto.

       E quando tudo estava parado, como agora a nosso redor, quando lemos isto, era Deus: Aquele-que-é-que-era-que-há-de-vir. Era, não: é Deus. Psiu! Se liga. É Deus de milagres. Continua sendo e sempre será. Mas a serviço de Sua própria soberania.
 

3 comentários:

  1. Amém!!! Mensagem importante que precisa ser lida 👏🏼👏🏼👏🏼

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  2. Meu amigo..... Falei domingo no púlpito sobre nossa velha amizade. Bom saber que continuamos a seguir o MESTRE JESUS, DEUS PODEROSO. Abraço. Paulo Biato Jardim

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