quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
Mal traçadas jornadas
Tira a sandália dos teus pés
Fim de jornada. Início de jornada. Capricho do calendário. Hora de tirar e repor sandálias. No Êxodo, diz que Deus pediu a Moisés que retirasse as sandálias dos pés. Para logo mais ele repor.
Aquele homem já estava reduzido de filho da filha de Faraó ao desterro. Sobrava-lhe surrão, cajado e sandálias. Tirar sandálias significava ficar ainda menor do que já se sentia.
Ficar do tamanho. Para continuar a jornada é melhor saber qual é o nosso tamanho. Com o que vamos ficar se tirarmos as sandálias. A razão dada por Deus era que a terra era santa.
Uso como pisante. Uso como proteção. Para que o caminho não me machuque e eu não me suje. Caso eu tire minhas sandálias vou me expor. O que de santo pode haver nesse rude chão que eu piso?
Valor. Tirar as sandálias mede o nosso valor. Para continuar a jornada sem saber também o tamanho dela é melhor saber o quanto valemos. Deus pediu a Moisés que avaliasse seu tamanho e real valor. Estava disposto a usá-lo.
Deus está disposto a usá-lo. Para tanto, temos de, pelo menos, conhecer nosso tamanho e valor. Tirar as sandálias dos pés também é reconhecer que não dá para continuar a jornada sozinho.
Olhe a seu lado. Seu tamanho, valor e cuidado dependem de quem está perto. Dependem do próximo. Nem Deus caminha sozinho. Na parábola que Jesus contou, o religioso não quis enxergar o próximo.
Nem o aprendiz de religioso também. Então Jesus disse que o mais discriminado de todos foi quem enxergou o próximo. Ele soube que não dava para continuar a jornada sem pensar as feridas do próximo.
Jesus, então, ensinou ao doutor da lei que não dá para continuar a jornada ignorando o próximo. Valor e tamanho se medem, diante de Deus, pelo valor dado ao outro. Deus queria usar Moisés em benefício de outros.
Tiremos de nossos pés as sandálias. A jornada vai prosseguir. Mas não podemos caminhar sozinhos.
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