sábado, 17 de dezembro de 2016

Artigos soltos 14


  A vitrine da miséria.

  Miséria humana. Mas onde reside, mesmo, a miséria humana? Onde a constatamos, mesmo, pelas estatísticas, no mínimo IDH, fotografado, ou no lado oposto, dos indiferentes, que dizem nada a ver com isso?

   Nos dois extremos, nos dois opostos. Alguém inventou as vitrines. Ora, o que mostrar nas vitrines, límpidos cristais, translúcidos e transparentes, escritas SALE, para inglês ver?

  Vitrines da miséria humana. Que tal invadirmos nossos shoppings, pondo os miseráveis nas vitrines? Passaríamos ao largo, vendo, com distância e nojo, toda essa imagem.

  É melhor não, porque a miséria é feia. É melhor que fique longe dos nossos olhos. Dentro das vitrines, estão nossos objetos de culto. Os shoppings são nosso templo e nossa religião.

  "Onde está o nosso tesouro, aí estará o nosso coração" (atribuída a Jesus). Nosso coração está distante da miséria humana. Ela deve ser culpa de Deus. Afinal, por que Deus não faz alguma coisa pela miséria humana?

  Não dá para repartir. Como ajudar 40% de crianças e adolescentes de países menos desenvolvidos com menos de 1 dólar/dia? A parte rica do mundo não tem com que ajudar. Já ajuda. "Cachorros comem das migalhas que caem da mesa dos filhos (de Deus)".

  Vai ver que os miseráveis não são filhos de Deus. Aliás, o Jesus dos pobres, do Joãozinho 30, foi mesmo censurado. Então, está provado. Jesus não é para os miseráveis.

  Não combina com Jesus. O rosto, o cheiro, a visão. A teologia é outra. Mudou a moda. Cada teologia a sua imagem e semelhança. Passou o tempo: "passou a sega, findou o verão e não estamos salvos".

  Talvez seja mesmo de Deus a culpa. Não é nossa. Vai ver que é dos miseráveis. Isso. Miséria? É castigo. A culpa da miséria, caso não seja de Deus, é dos miseráveis.

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