João se projeta, como apóstolo, pelo evangelho que escreve. Um que escapa ao formato dos três anteriores, em sua visão sinótica.
Mas pouco ouvimos sua voz, quando não é também por suas três cartas e pelo Apocalipse. Assim se torna, ao lado de Paulo Apóstolo, outro grande escritor do Novo Testamento.
Em seu silêncio, destaca-se por seu empenho. Muito provavelmente, a família a que pertenceu era destaque no comércio da pesca, na Galileia. Daí, João ter livre curso e penetração fácil no staff político da Judéia.
Ele mesmo registra que era conhecido do sumo-sacerdote e, por isso, acompanhou Jesus em seu primeiro interrogatório. Todo o tempo ao lado do Mestre.
Ao ponto de, em nenhum momento, afastar-se de Jesus, contrariando a profecia "fira-se o pastor, que as ovelhas serão dispersas". Sim, menos João.
Ao pé da cruz, foi confiado a Maria como filho e esta, a ele, como mãe. Por esses detalhes, entre outros aprendizados, ainda, recebeu a distinção de "o apóstolo do amor".
Na verdade, mestre de amor. Em seu evangelho, destaca essa ênfase como o principal, tanto nas Escrituras, quanto na prática de Jesus. Numa de suas cartas, define "Deus é amor", único reducionismo abrangente que existe.
Era o silêncio ao lado de Pedro, este o primeiro a pregar, no Pentecoste, após a ressureição de Jesus, também o primeiro a pregar aos gentios e, pleno do Espírito, um corajoso "voz da igreja" no início do ministério dela em Jerusalém, Judéia e Samaria.
João era silêncio ao seu lado. Obervador. Analítico. Ponderado. Foi ele que insistiu a que Pedro o aguardasee no pátio externo, enquanto ele mesmo acompanharia Jesus no interior do pretório.
Como que deu ensejo a que Pedro fosse denunciado galileu, do grupo de Jesus, incorporando a si a profecia da negação, mas que também, de uma vez por todas se arrependesse, autenticando-se como verdadeiro discípulo.
Foi João que deduziu que a intimidade total entre Pai e Filho só seria possível porque "Eu e o Pai somos um", registrada em seu evangelho esta fala de Jesus.
Como João, devemos entrar onde Jesus entra, sem nenhum medo. Esse apóstolo mesmo diz que, quem tem medo, não é aperfeiçoado em amor.
Como João, devemos ser amigos, como ele foi de Pedro. Também registra em seu evangelho que Jesus, o amigo por excelência de Deus nos torna amigos de Deus. E, por extensão, amigos uns dos outros, e isso de chama igreja.
Como João, no registro da intimidade com Jesus, no círculo da última (e primeira) ceia, compreender que comunhão com o Pai, do mesmo jeito daquela entre Pai e Filho, deve existir entre nós. E isso se chama amor.
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