Não. Ele anula. Ele zera. A nossa distância para Deus é zero. E o nome disso é amor. Ninguém conhece minha história sem máscara senão o próprio Deus.
Ainda muito criança eu aprendi a simular. A princípio era fácil qualquer adulto perceber isso. Porque criança finge que esconde. Bota as mãozinhas nos olhos para se esconder de quem vê.
E, à medida que fui crescendo, especializei-me na hipocrisia. Um verniz social associado à dublê de santidade, por causa da minha religião. Religião é igual a time de futebol: cada um tem o(a) seu(ua).
E alguns não têm nenhum(a). Até que minha máscara caiu. Processo doloroso. Durante um tempo eu me recusei a acreditar. Definitivamente, eu não era esse que aparecia. Eu não era o meu avesso.
Caiu a máscara. O que Deus sempre viu em mim, sempre viu em você e sempre vê em todo o mundo. E não jogou na minha cara (como não joga na sua e na de ninguém) quem eu era. Deus não nos joga e nem lhe joga na cara quem somos e quem você é. Deus acolhe. Deus é amor.
Deus encurta o caminho. Deus anula a distância. Zera. Foram duas vergonhas: primeiro, minha nudez, como diz Caetano, o avesso do avesso; depois, o modo como, ainda assim, Deus diz que acolhe. Duas vergonhas.
Não me envergonho do evangelho, diz Paulo. Não importa quantas vergonhas sejam. Mesmo porque pecado é coisa que se repete. É recorrente. Eu me perguntei se Deus varreria minha sujeira para debaixo do tapete.
Ele disse que a descarregaria como libelo de culpa no dorso de Seu filho, quando fosse pregado numa cruz. Terceira vergonha? Eu disse se isso não seria injusto com ele (e comigo já que, pelo menos superficialmente, eu deixara cair a máscara, pelo menos convencionalmente).
Ele disse que foi assim. E Paulo Apóstolo ainda diz que, assim, encravando o Filho na cruz, expôs ao desprezo, publicamente, as potestades do mal. Não pense que foi somente por meu pecado. Foi também pelo seu. Quer creiam, quer não creiam.
Pecado? Qualquer um, todos eles, diz Jesus: problema meu. Crer ou não crer, problema seu. Quer dizer, problema nosso Assuma. E confesse o seu. Chore por suas escolhas erradas. Eu choro pelas minhas.
Mas não ponha a culpa nos outros, como qualquer Adão. Diga que a serpente enganou e nós pecamos, como Eva confessou. Escolha o seu pecado. O meu, deixa que eu escolho. E Cristo assume.
Se você quiser perdão, feche com Jesus. Deus não vai te jogar na cara o teu pecado. Descarregou-o no corpo punido de Jesus, quando o encravou na cruz. "Meu pecado resgatado foi, na cruz, por Teu amor".
"E da morte, triste sorte me livraste Tu, Senhor", cantava meu pai, que me evangelizou junto com minha mãe. Tenho certeza de que Jesus não lhes traiu a memória. Garantida a vitória. Zerada a distância.
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