Perto
É o salmista que diz: "Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade".
Já aprendemos, na escrita poética, o que é quiasmo: estrutura em X. Aqui temos outra:
"Senhor
(perto)
de todos os que o invocam/de
todos os que o invocam
em verdade".
Destaco duas coisas: (1) o Senhor perto; (2) de todos os que o invocam em verdade.
Como é "perto" para Deus? Distância geográfica? Certamente, não. Distância "espiritual"? Não serve para raciocínio: termo este muito vago.
Há coisas radicais no evangelho. E que incomodam. Esta é uma delas. Tudo ou nada: Deus está longe ou perto. Não há meia distância.
E, nesse caso, longe é nada e perto é tudo. Perto de Deus é comunhão. Não há meio termo: Deus dentro de nós.
Contato via fé. Santidade, por atuação do Espírito em nós. Imitação de Deus, como resultado e selo de adoração.
Uma vez derramado o sangue de Jesus, nada nos afasta de Deus. Pelo menos assim diz a Bíblia. Mas entra o segundo termo.
Invocar, já dizia o vernáculo, in + vocar, é chamar para dentro. Em verdade, significa autenticação de Deus, que é quem procura verdadeiros adoradores.
De todos que o invocam em verdade, ecoa o texto. Invoque, verdadeiramente, o Senhor. Perto. Radicalidade total. Dentro. Nunca mais afastado dEle.
Deus deseja que em todo o tempo, por tudo e para tudo seja invocado Seu nome. Quer ouvir. Ouça também a voz de Deus. Ecoa. Mesmo no silêncio. Por toda a terra de faz ouvir a Sua voz.
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
Mal traçadas linhas 57
Certo versículo
Hoje serei meio poético/meio didático. Falarei sobre versículo de um salmo.
"Aguardo ao Senhor; a minha alma o aguarda, e espero na sua palavra.
A minha alma anseia pelo Senhor, mais do que os guardas pela manhã, mais do que aqueles que guardam pela manhã.
Espere Israel no Senhor, porque no Senhor há misericórdia, e nele há copiosa redenção."
Salmo 130:5-7
Agora vamos ao dispositivo literário utilizado: quiasmo. Que, literalmente, quer dizer "cruzar como num X".
Tecnicamente, é a "disposição cruzada da ordem das partes simétricas de duas frases, de modo que formem uma antítese ou um paralelo".
Assim desejo comentar a frase do Salmo: "mais do que os que guardam a manhã/a manhã por que aguardam". Vigília. Estado de vigília.
Ver, ao mesmo tempo que não ver. Sim, porque quem faz vigília, cuida para que não durma, esperando ver/não ver. Por que ansiar pela manhã?
Porque a luz desfaz a necessidade de ver no escuro. Ela encerra a vigília. A manhã alivia os guardas. Não mais precisam antecipar, na vigília, a chegada do inimigo.
Antes que amanheça, não podem aliviar-se. Estado de prontidão. Precisam ver, mas não desejam ver. Porque isso será constatar a chegada do inimigo sempre indesejado.
Risco de morte. Na noite, no escuro, na surpresa pretendida pelo inimigo. Estado de vigília. Mas mesmo durante o dia, quando há luz, também há vigília.
Basta a prontidão. Esperar ver o que se aguarda, ansiosamente, que venha/não venha, ver/não ver. O estado de vigília pressupõe a prontidão de aguardar.
Pôr os olhos ou presumir que, a qualquer hora, o que se espera/não se espera pode surpreender. Espera-se ansiosamente, com os olhos abertos, mas não se enxerga.
Uma vigília permanente pressupõe ver/não ver. Ao mesmo tempo. Pressupor. Alerta. Olhos bem abertos para não ver. Mas ver, ao mesmo tempo.
Uma vigília pressupõe fé, que é sempre ver/não ver. Como que olhando Aquele que é invisível. Vigília pressupõe sempre oração/oração sempre. Ver/não ver. Sempre.
"Bem-aventurados os que não viram e creram".
"Aguardo ao Senhor; a minha alma o aguarda, e espero na sua palavra.
A minha alma anseia pelo Senhor, mais do que os guardas pela manhã, mais do que aqueles que guardam pela manhã.
Espere Israel no Senhor, porque no Senhor há misericórdia, e nele há copiosa redenção."
Salmo 130:5-7
Agora vamos ao dispositivo literário utilizado: quiasmo. Que, literalmente, quer dizer "cruzar como num X".
Tecnicamente, é a "disposição cruzada da ordem das partes simétricas de duas frases, de modo que formem uma antítese ou um paralelo".
Assim desejo comentar a frase do Salmo: "mais do que os que guardam a manhã/a manhã por que aguardam". Vigília. Estado de vigília.
Ver, ao mesmo tempo que não ver. Sim, porque quem faz vigília, cuida para que não durma, esperando ver/não ver. Por que ansiar pela manhã?
Porque a luz desfaz a necessidade de ver no escuro. Ela encerra a vigília. A manhã alivia os guardas. Não mais precisam antecipar, na vigília, a chegada do inimigo.
Antes que amanheça, não podem aliviar-se. Estado de prontidão. Precisam ver, mas não desejam ver. Porque isso será constatar a chegada do inimigo sempre indesejado.
Risco de morte. Na noite, no escuro, na surpresa pretendida pelo inimigo. Estado de vigília. Mas mesmo durante o dia, quando há luz, também há vigília.
Basta a prontidão. Esperar ver o que se aguarda, ansiosamente, que venha/não venha, ver/não ver. O estado de vigília pressupõe a prontidão de aguardar.
Pôr os olhos ou presumir que, a qualquer hora, o que se espera/não se espera pode surpreender. Espera-se ansiosamente, com os olhos abertos, mas não se enxerga.
Uma vigília permanente pressupõe ver/não ver. Ao mesmo tempo. Pressupor. Alerta. Olhos bem abertos para não ver. Mas ver, ao mesmo tempo.
Uma vigília pressupõe fé, que é sempre ver/não ver. Como que olhando Aquele que é invisível. Vigília pressupõe sempre oração/oração sempre. Ver/não ver. Sempre.
"Bem-aventurados os que não viram e creram".
terça-feira, 21 de novembro de 2017
Mal traçadas linhas 56
Pedagogia de Jó.
Muito provavelmente estreitamente ligada aos adjetivos a ele associados na apresentação de seu livro: íntegro, reto, temente a Deus e que se desviava do mal.
Frente ao sofrimento que enfrentou, aliado às perdas que granjeou, pareceu mesmo, nessa sucessão, uma irônica disputa entre Deus e o Diabo na terra de Jó.
Mesmo assim é necessário cautela quando tentamos aplicar a nós trazendo, mediante hermenêutica fiel, seus ensinamentos para hoje.
Primeiro, a lição transmitida, na lata, à esposa que, sócia íntima de suas amarguras, achou justo culpar Deus: amaldiçoa teu Deus e morre.
Jó não aceitou nem fuga, pela morte, nem argumento. Contrapôs as primeiras lições: aleluia nas perdas e ganhos; Deus deu, Deus tomou, bendito seja.
De quebra, o que é raro entre elas, classificou de louca a mulher. E o livro segue ensinando. Por exemplo, quando Jó amaldiçoa, sim, o próprio nascimento.
Aqui ele contraria aquela bobajada que espalham por aí, dizendo que há cuidado com as palavras bem(mal)ditas. Deve haver cuidado mesmo.
Nem tente falar com Deus na mesma intimidade de Jó, a não ser que aqueles adjetivos acima indicados, pelo menos, tenham sido incorporados a sua experiência com Ele, igualzinho ocorreu com Jó.
A menos que não, siga o conselho do salmista: fique calado diante de Deus. E quanto à reposição? Há quem postule que qualquer coisa perdida, ainda que na proporção das perdas de Jó, como no caso dele, serão repostas.
Cuidado com o "toma lá, dá cá" muito corriqueiro, hoje, na indústria de bênçãos, tão usual em algumas "igrejas". Reposição, sim, no caso de Jó. Ainda que, no caso dos filhos, nunca é um pelo outro, ou qualquer conta que seja.
Para um pai que, como ele, acompanhava em oração e cuidado de conselho e palavra cada filho, nunca terá esquecido o trauma sofrido, como é comum ocorrer, mas apenas nutriu consolo de Deus.
Para terminar, oração em Jó não era moeda de troca. Há quem distribua lista de oração por amigos, dizendo que, quanto mais você orar por eles, mais compensatória será a "reivindicação de bênçãos".
Abençoado, enquanto orava por amigos. Oração é saudade de Deus. Recíproca. Deus quer nos ouvir. Sente saudades dessa conversa. Nós, também, deveríamos carregar conosco essa vontade de ouvi-Lo, a todo o momento.
E, quanto a amigos, a relação de Jó, com eles, era de amor. E não ria dos amigos dele, julgando-os inoportunos. Trataram Jó, reverentes de empatia com a doença dele como muito raramente hoje praticam os "amigos". E também destacavam-se em sua sabedoria, apenas eventualmente suplantados por Jó, em sua própria.
Jó ensina uma série de lições que, frontalmente, contradizem muitos modos de pensar da atualidade. Fizeram do evangelho delivery de urgências da hora, da igreja agência de "bênçãos" e da oração moeda de troca. Alguém anda te enganando. Mas, enganou mesmo?
Muito provavelmente estreitamente ligada aos adjetivos a ele associados na apresentação de seu livro: íntegro, reto, temente a Deus e que se desviava do mal.
Frente ao sofrimento que enfrentou, aliado às perdas que granjeou, pareceu mesmo, nessa sucessão, uma irônica disputa entre Deus e o Diabo na terra de Jó.
Mesmo assim é necessário cautela quando tentamos aplicar a nós trazendo, mediante hermenêutica fiel, seus ensinamentos para hoje.
Primeiro, a lição transmitida, na lata, à esposa que, sócia íntima de suas amarguras, achou justo culpar Deus: amaldiçoa teu Deus e morre.
Jó não aceitou nem fuga, pela morte, nem argumento. Contrapôs as primeiras lições: aleluia nas perdas e ganhos; Deus deu, Deus tomou, bendito seja.
De quebra, o que é raro entre elas, classificou de louca a mulher. E o livro segue ensinando. Por exemplo, quando Jó amaldiçoa, sim, o próprio nascimento.
Aqui ele contraria aquela bobajada que espalham por aí, dizendo que há cuidado com as palavras bem(mal)ditas. Deve haver cuidado mesmo.
Nem tente falar com Deus na mesma intimidade de Jó, a não ser que aqueles adjetivos acima indicados, pelo menos, tenham sido incorporados a sua experiência com Ele, igualzinho ocorreu com Jó.
A menos que não, siga o conselho do salmista: fique calado diante de Deus. E quanto à reposição? Há quem postule que qualquer coisa perdida, ainda que na proporção das perdas de Jó, como no caso dele, serão repostas.
Cuidado com o "toma lá, dá cá" muito corriqueiro, hoje, na indústria de bênçãos, tão usual em algumas "igrejas". Reposição, sim, no caso de Jó. Ainda que, no caso dos filhos, nunca é um pelo outro, ou qualquer conta que seja.
Para um pai que, como ele, acompanhava em oração e cuidado de conselho e palavra cada filho, nunca terá esquecido o trauma sofrido, como é comum ocorrer, mas apenas nutriu consolo de Deus.
Para terminar, oração em Jó não era moeda de troca. Há quem distribua lista de oração por amigos, dizendo que, quanto mais você orar por eles, mais compensatória será a "reivindicação de bênçãos".
Abençoado, enquanto orava por amigos. Oração é saudade de Deus. Recíproca. Deus quer nos ouvir. Sente saudades dessa conversa. Nós, também, deveríamos carregar conosco essa vontade de ouvi-Lo, a todo o momento.
E, quanto a amigos, a relação de Jó, com eles, era de amor. E não ria dos amigos dele, julgando-os inoportunos. Trataram Jó, reverentes de empatia com a doença dele como muito raramente hoje praticam os "amigos". E também destacavam-se em sua sabedoria, apenas eventualmente suplantados por Jó, em sua própria.
Jó ensina uma série de lições que, frontalmente, contradizem muitos modos de pensar da atualidade. Fizeram do evangelho delivery de urgências da hora, da igreja agência de "bênçãos" e da oração moeda de troca. Alguém anda te enganando. Mas, enganou mesmo?
terça-feira, 14 de novembro de 2017
Saudades do culto.
Vida de crente autêntico é uma constante sede de culto. Aliás, a própria Bíblia ensina "apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus".
O nome disso, diz o Livro, é "culto racional". 24h por dia, a cada dia. A gente segue, como dizia meu pai, pela vida em fora, sentindo saudades de cultos.
O rei Ezequias, por exemplo, uma vez avisado, pelo profeta Isaías, de que morreria, virou-se no leito e orou: "mas ora, qual o sinal de que subirei, com a multidão, ao templo".
Saudades do templo. Em minha história de cultos, a infância rachou-se no meio com saudades de duas igrejas: congregacional de Nilópolis, por ali até, mais ou menos, os 7 anos; e congregacional de Cascadura, o restante da infância.
Foi em Nilópolis, certa noite, pregava naquele domingo Ivan Espíndola de Ávila. Retórico, teatral, como sempre, descrevia não sei se o sacrifício de Isaque ou o altar de Elias à espera do fogo celeste.
Ao final, o apelo. Eu, uniformizado, vestido com minha farda, como diz aqui no Acre, camisa de fustão, às vezes sobras das camisas de Cid, meu pai, na luta renhida da vida.
Todo de branco. Ao lado de Dorcas, é claro, como sempre. Eloquente, o pastor Ivan chamava quem, porventura, quisesse atender ao chamado de Jesus.
Eram aqueles bancos mesmo: anatômicos, segundo as curvas do corpo, ripas escuras extensas, acabamento por detrás do encosto para pousar Bíblias e hinários.
Ali, eu e Dorcas, primeiro banco da fila que iniciava a partir da porta lateral esquerda do velho templo. Entendi mensagem e apelo e, olhos vivos, com toda energia e já decidido, ameacei ir à frente, deslizando na ponta do assento, mas consultei Dorcas.
"Isso não é brincadeira", ela sentenciou. Me detive. Mas Ivan insistia e já dizia que não prolongaria muito o apelo. Mediante essa argumentação, virei-me novamente para Dorcas, mas a encontrei de cabeça baixa, olhos fechados, face contrita, estava orando.
Não podia interrompê-la, era óbvio. Olhei mais uma vez Ivan, ele lançou a frase derradeira, anunciando ser a última chance. Olhei Dorcas mais essa vez, mas escorreguei do banco, meus pés ainda não tocavam o chão.
Pequeno salto, caminhei em direção ao Pastor. Dorcas só abriu assustada os olhos, quando o ouviu dizer, por um último chamado, usando minha decisão como argumento: "Olhem, um menino, ainda: mais alguém?"
Ganhei um Diploma, que guardo até hoje, escrito data e a frase: "Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida". Um garrancho assina "Cid Mauro" e a data, se não falha a memória de 60 anos, indica 21 de abril de 1963: 5 anos, por dizer, 6 incompletos, a completar em 6 de maio.
Saudades de cultos. Há aqueles que marcam nossa existência. Há igrejas que não esquecemos nunca mais.
Vida de crente autêntico é uma constante sede de culto. Aliás, a própria Bíblia ensina "apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus".
O nome disso, diz o Livro, é "culto racional". 24h por dia, a cada dia. A gente segue, como dizia meu pai, pela vida em fora, sentindo saudades de cultos.
O rei Ezequias, por exemplo, uma vez avisado, pelo profeta Isaías, de que morreria, virou-se no leito e orou: "mas ora, qual o sinal de que subirei, com a multidão, ao templo".
Saudades do templo. Em minha história de cultos, a infância rachou-se no meio com saudades de duas igrejas: congregacional de Nilópolis, por ali até, mais ou menos, os 7 anos; e congregacional de Cascadura, o restante da infância.
Foi em Nilópolis, certa noite, pregava naquele domingo Ivan Espíndola de Ávila. Retórico, teatral, como sempre, descrevia não sei se o sacrifício de Isaque ou o altar de Elias à espera do fogo celeste.
Ao final, o apelo. Eu, uniformizado, vestido com minha farda, como diz aqui no Acre, camisa de fustão, às vezes sobras das camisas de Cid, meu pai, na luta renhida da vida.
Todo de branco. Ao lado de Dorcas, é claro, como sempre. Eloquente, o pastor Ivan chamava quem, porventura, quisesse atender ao chamado de Jesus.
Eram aqueles bancos mesmo: anatômicos, segundo as curvas do corpo, ripas escuras extensas, acabamento por detrás do encosto para pousar Bíblias e hinários.
Ali, eu e Dorcas, primeiro banco da fila que iniciava a partir da porta lateral esquerda do velho templo. Entendi mensagem e apelo e, olhos vivos, com toda energia e já decidido, ameacei ir à frente, deslizando na ponta do assento, mas consultei Dorcas.
"Isso não é brincadeira", ela sentenciou. Me detive. Mas Ivan insistia e já dizia que não prolongaria muito o apelo. Mediante essa argumentação, virei-me novamente para Dorcas, mas a encontrei de cabeça baixa, olhos fechados, face contrita, estava orando.
Não podia interrompê-la, era óbvio. Olhei mais uma vez Ivan, ele lançou a frase derradeira, anunciando ser a última chance. Olhei Dorcas mais essa vez, mas escorreguei do banco, meus pés ainda não tocavam o chão.
Pequeno salto, caminhei em direção ao Pastor. Dorcas só abriu assustada os olhos, quando o ouviu dizer, por um último chamado, usando minha decisão como argumento: "Olhem, um menino, ainda: mais alguém?"
Ganhei um Diploma, que guardo até hoje, escrito data e a frase: "Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida". Um garrancho assina "Cid Mauro" e a data, se não falha a memória de 60 anos, indica 21 de abril de 1963: 5 anos, por dizer, 6 incompletos, a completar em 6 de maio.
Saudades de cultos. Há aqueles que marcam nossa existência. Há igrejas que não esquecemos nunca mais.
domingo, 12 de novembro de 2017
Mal traçadas linhas 55
Burocratas da fé. (II)
Jesus não era isso. Fariseus sempre reclamaram dos modos dele e de seus discípulos. Quanto a estes, por exemplo, diziam não lavar as mãos antes de comer.
Quanto a Jesus, várias reclamações: curava aos sábados, não escolhia direito seu círculo de amizades, frequentava locais não muito recomendáveis.
Eles, sim, eram burocratas da fé. Para os fariseus, o acesso a Deus estava bloqueado por uma série de fatores. Uma vez preenchida a lista deles, tudo bem.
Para Jesus, o acesso a Deus era franco, ao alcance de um bate-papo à beira do lago, na pradaria da outra margem ou nos pilares do Templo.
Acesso aberto a todos, até àqueles marcados pela crítica farisaica: prostitutas, publicanos e toda a gama de "pecadores".
Jesus ia ao encontro das pessoas. Os fariseus eram assépticos. Praticavam eugenia, quer dizer, tinham na sua lista a relação dos "puros" diante de Deus.
Jesus dizia aos quatro ventos, "vim buscar pecadores", "os sãos não precisam de médicos, e sim os doentes", "o filho do homem veio buscar e salvar o perdido".
No círculo de Jesus, pecadores, doentes e perdidos. No círculo dos fariseus, os puros. Há uma pergunta incomodando.
A igreja de Jesus, hoje, reconhecida por ser seu círculo de discípulos, está mais para um ou para outros? Vai mais ao encontro das pessoas, ou espera que elas venham a seu encontro?
Espera mais que as pessoas se enquadrem em suas regras, ou aceita pecadores, doentes e perdidos em seu meio?
Estamos mais para a informalidade ativa e inteligente de Jesus ou para a burocracia farisaica? Tornamo-nos burocratas da fé?
Socorre-nos, Jesus!
Jesus não era isso. Fariseus sempre reclamaram dos modos dele e de seus discípulos. Quanto a estes, por exemplo, diziam não lavar as mãos antes de comer.
Quanto a Jesus, várias reclamações: curava aos sábados, não escolhia direito seu círculo de amizades, frequentava locais não muito recomendáveis.
Eles, sim, eram burocratas da fé. Para os fariseus, o acesso a Deus estava bloqueado por uma série de fatores. Uma vez preenchida a lista deles, tudo bem.
Para Jesus, o acesso a Deus era franco, ao alcance de um bate-papo à beira do lago, na pradaria da outra margem ou nos pilares do Templo.
Acesso aberto a todos, até àqueles marcados pela crítica farisaica: prostitutas, publicanos e toda a gama de "pecadores".
Jesus ia ao encontro das pessoas. Os fariseus eram assépticos. Praticavam eugenia, quer dizer, tinham na sua lista a relação dos "puros" diante de Deus.
Jesus dizia aos quatro ventos, "vim buscar pecadores", "os sãos não precisam de médicos, e sim os doentes", "o filho do homem veio buscar e salvar o perdido".
No círculo de Jesus, pecadores, doentes e perdidos. No círculo dos fariseus, os puros. Há uma pergunta incomodando.
A igreja de Jesus, hoje, reconhecida por ser seu círculo de discípulos, está mais para um ou para outros? Vai mais ao encontro das pessoas, ou espera que elas venham a seu encontro?
Espera mais que as pessoas se enquadrem em suas regras, ou aceita pecadores, doentes e perdidos em seu meio?
Estamos mais para a informalidade ativa e inteligente de Jesus ou para a burocracia farisaica? Tornamo-nos burocratas da fé?
Socorre-nos, Jesus!
sábado, 11 de novembro de 2017
Mal traçadas linhas 54
Burocratas da fé.
Vá ao Google, sugestão minha, para ver o significado do termo. Há um sentido positivo e necessário para ela, assim como outro negativo.
No Brasil, por exemplo, é tão mal engendrada que, por trás dela, uma horda de burocratas corruptos se encondem.
Jesus agia na mais completa informalidade. Ele entendia, plenamente, a natureza humana. Situava-se onde melhor tivesse acesso a eles.
Não se pode dizer que, o tempo todo, Jesus fosse informal. Dependia do ambiente. Estivesse no Templo ou numa sinagoga, por exemplo, não destoaria do local.
Mas, certa vez, os fariseus o acharam fora do sério, recomendando-o a não queimar o filme. Que deixasse de ser visto conversando com prostitutas, bebendo com pecadores e frequentando casa de publicanos.
Jesus precisava resguardar sua imagem pessoal, diziam. Não devia misturar-se. Até sua própria família o procurou visando dosar sua boemia. Precisava chegar a casa mais cedo ou dar paradeiro de onde se encontrava.
Numa festa de casamento pediu que vasos cerimoniais fossem enchidos com água. Transformou-a em vinho, porque a finalidade do momento era a festa e não o ritual. Temendo senso de ocasião. Como era festeiro esse Jesus.
Tornamo-nos burocratas da fé. Queremos que as pessoas aceitem e amoldem-se à nossa cultura "evangélica". Deixem seu local de origem, seu entorno e contexto de vida, passando a frequentar nossas igrejas, imitando nossos modos e falando nossa língua.
Tornamo-nos assépticos. Queremos uma sociedade limpa, por nossos padrões. Pobres de nós. Definitivamente, isso não é santidade.
Oferecemos nosso produto e queremos que o aceitem, do modo como o apresentamos. Já dá para oferecer Jesus delivery, por whatsapp ou internet. Digamos assim, um "Jesus gospel", escamoteável ao gosto do freguês.
Onde as pessoas estão, como Jesus fazia, não vamos. Somos mesmo, como dizem nossos irmãos de esquerda, burguesia da fé. Assumam nosso jeito e nosso modo, caso tenham mérito para tanto.
Se não aprendermos, como Jesus sempre quis com seus discípulos, a informalidade da oferta do evangelho, seu modo autêntico, natural e desafiador, vamos atrair caricatos.
E esses mesmos que se enquadrarem em nosso modelo, olhando-lhes no rosto, até mesmo duvidaremos quando virmos neles o reflexo de nossa imagem. Tornamo-nos burocratas da fé.
Vá ao Google, sugestão minha, para ver o significado do termo. Há um sentido positivo e necessário para ela, assim como outro negativo.
No Brasil, por exemplo, é tão mal engendrada que, por trás dela, uma horda de burocratas corruptos se encondem.
Jesus agia na mais completa informalidade. Ele entendia, plenamente, a natureza humana. Situava-se onde melhor tivesse acesso a eles.
Não se pode dizer que, o tempo todo, Jesus fosse informal. Dependia do ambiente. Estivesse no Templo ou numa sinagoga, por exemplo, não destoaria do local.
Mas, certa vez, os fariseus o acharam fora do sério, recomendando-o a não queimar o filme. Que deixasse de ser visto conversando com prostitutas, bebendo com pecadores e frequentando casa de publicanos.
Jesus precisava resguardar sua imagem pessoal, diziam. Não devia misturar-se. Até sua própria família o procurou visando dosar sua boemia. Precisava chegar a casa mais cedo ou dar paradeiro de onde se encontrava.
Numa festa de casamento pediu que vasos cerimoniais fossem enchidos com água. Transformou-a em vinho, porque a finalidade do momento era a festa e não o ritual. Temendo senso de ocasião. Como era festeiro esse Jesus.
Tornamo-nos burocratas da fé. Queremos que as pessoas aceitem e amoldem-se à nossa cultura "evangélica". Deixem seu local de origem, seu entorno e contexto de vida, passando a frequentar nossas igrejas, imitando nossos modos e falando nossa língua.
Tornamo-nos assépticos. Queremos uma sociedade limpa, por nossos padrões. Pobres de nós. Definitivamente, isso não é santidade.
Oferecemos nosso produto e queremos que o aceitem, do modo como o apresentamos. Já dá para oferecer Jesus delivery, por whatsapp ou internet. Digamos assim, um "Jesus gospel", escamoteável ao gosto do freguês.
Onde as pessoas estão, como Jesus fazia, não vamos. Somos mesmo, como dizem nossos irmãos de esquerda, burguesia da fé. Assumam nosso jeito e nosso modo, caso tenham mérito para tanto.
Se não aprendermos, como Jesus sempre quis com seus discípulos, a informalidade da oferta do evangelho, seu modo autêntico, natural e desafiador, vamos atrair caricatos.
E esses mesmos que se enquadrarem em nosso modelo, olhando-lhes no rosto, até mesmo duvidaremos quando virmos neles o reflexo de nossa imagem. Tornamo-nos burocratas da fé.
Mal traçadas linhas 54
Burocratas da fé. (I)
Vá ao Google, sugestão minha, para ver o significado do termo. Burocracia: há um sentido positivo e necessário para ela, assim como outro negativo (que até apelidam "burrocracia").
No Brasil, por exemplo, é tão mal engendrada que, por trás dela, uma horda de burocratas corruptos se encondem.
Jesus agia na mais completa informalidade. Ele entendia, plenamente, a natureza humana. Situava-se onde melhor tivesse acesso a eles.
Não se pode dizer que, o tempo todo, Jesus fosse informal. Dependia do ambiente. Estivesse no Templo ou numa sinagoga, por exemplo, não destoaria do local.
Mas, certa vez, os fariseus o acharam fora do sério, recomendando-o a não queimar o filme. Que deixasse de ser visto conversando com prostitutas, bebendo com pecadores e frequentando casa de publicanos.
Jesus precisava resguardar sua imagem pessoal, diziam. Não devia misturar-se. Até sua própria família o procurou visando dosar sua boemia. Precisava chegar a casa mais cedo ou dar paradeiro de onde se encontrava.
Numa festa de casamento pediu que vasos cerimoniais fossem enchidos com água. Transformou-a em vinho, porque a finalidade do momento era a festa e não o ritual. Temendo senso de ocasião. Como era festeiro esse Jesus.
Tornamo-nos burocratas da fé. Queremos que as pessoas aceitem e amoldem-se à nossa cultura "evangélica". Deixem seu local de origem, seu entorno e contexto de vida, passando a frequentar nossas igrejas, imitando nossos modos e falando nossa língua.
Tornamo-nos assépticos. Queremos uma sociedade limpa, por nossos padrões. Pobres de nós. Definitivamente, isso não é santidade.
Oferecemos nosso produto e queremos que o aceitem, do modo como o apresentamos. Já dá para oferecer Jesus delivery, por whatsapp ou internet. Digamos assim, um "Jesus gospel", escamoteável ao gosto do freguês.
Onde as pessoas estão, como Jesus fazia, não vamos. Somos mesmo, como dizem nossos irmãos de esquerda, burguesia da fé. Assumam nosso jeito e nosso modo, caso tenham mérito para tanto.
Se não aprendermos, como Jesus sempre quis com seus discípulos, a informalidade da oferta do evangelho, seu modo autêntico, natural e desafiador, vamos atrair caricatos.
E esses mesmos que se enquadrarem em nosso modelo, olhando-lhes no rosto, até mesmo duvidaremos quando virmos neles o reflexo de nossa imagem. Tornamo-nos burocratas da fé.
Vá ao Google, sugestão minha, para ver o significado do termo. Burocracia: há um sentido positivo e necessário para ela, assim como outro negativo (que até apelidam "burrocracia").
No Brasil, por exemplo, é tão mal engendrada que, por trás dela, uma horda de burocratas corruptos se encondem.
Jesus agia na mais completa informalidade. Ele entendia, plenamente, a natureza humana. Situava-se onde melhor tivesse acesso a eles.
Não se pode dizer que, o tempo todo, Jesus fosse informal. Dependia do ambiente. Estivesse no Templo ou numa sinagoga, por exemplo, não destoaria do local.
Mas, certa vez, os fariseus o acharam fora do sério, recomendando-o a não queimar o filme. Que deixasse de ser visto conversando com prostitutas, bebendo com pecadores e frequentando casa de publicanos.
Jesus precisava resguardar sua imagem pessoal, diziam. Não devia misturar-se. Até sua própria família o procurou visando dosar sua boemia. Precisava chegar a casa mais cedo ou dar paradeiro de onde se encontrava.
Numa festa de casamento pediu que vasos cerimoniais fossem enchidos com água. Transformou-a em vinho, porque a finalidade do momento era a festa e não o ritual. Temendo senso de ocasião. Como era festeiro esse Jesus.
Tornamo-nos burocratas da fé. Queremos que as pessoas aceitem e amoldem-se à nossa cultura "evangélica". Deixem seu local de origem, seu entorno e contexto de vida, passando a frequentar nossas igrejas, imitando nossos modos e falando nossa língua.
Tornamo-nos assépticos. Queremos uma sociedade limpa, por nossos padrões. Pobres de nós. Definitivamente, isso não é santidade.
Oferecemos nosso produto e queremos que o aceitem, do modo como o apresentamos. Já dá para oferecer Jesus delivery, por whatsapp ou internet. Digamos assim, um "Jesus gospel", escamoteável ao gosto do freguês.
Onde as pessoas estão, como Jesus fazia, não vamos. Somos mesmo, como dizem nossos irmãos de esquerda, burguesia da fé. Assumam nosso jeito e nosso modo, caso tenham mérito para tanto.
Se não aprendermos, como Jesus sempre quis com seus discípulos, a informalidade da oferta do evangelho, seu modo autêntico, natural e desafiador, vamos atrair caricatos.
E esses mesmos que se enquadrarem em nosso modelo, olhando-lhes no rosto, até mesmo duvidaremos quando virmos neles o reflexo de nossa imagem. Tornamo-nos burocratas da fé.
quinta-feira, 9 de novembro de 2017
Mal traçadas linhas 54
Caia sobre nós o sangue
René Girard (1923-2015). Este é o cara. Filósofo francês que cismou por reafirmar a violência como fator fundante da sociedade.
A seguir, um alinhavado de seu raciocínio: Para Girard, "o sacrifício é compreendido num duplo aspecto: sagrado e criminoso [...] do questionamento sobre a relação entre sacrifício e violência, definindo o sacrifício como uma espécie de violência alternativa."
René Girard descreve o sacrifício como "canalização da pulsão violenta do homem e pondera que a violência do sacrifício funciona como uma espécie de ludibrio das pulsões destrutivas humanas que ameaçam a ordem social, ou seja, vida sacrifical seria colocada no lugar daquele a quem se direciona o ato violento."
Resumindo, somos violentos em essência e, por natureza, canalizamos para uma vítima nossa sede de sangue. Por esse raciocínio, o sacrifício de Jesus Cristo se torna emblemático.
E o reclame cristão seria, nada mais, nada menos que a tentativa de inocentar-se, uma vez transferido à vítima o gosto de sangue na boca.
Calcadas em cima de Cristo todas as nossas frustrações, a partir dele, cinismos à parte, saímos declarando aos quatro ventos nossa, agora, pureza, santidade e, por que não frisar, inocência.
De um modo ou de outro, levada em conta apenas a personalidade histórica do Cristo, sem fundir nela a pessoa mística, cedo ou tarde ele haveria, mesmo, de acabar se dando mal.
Por mais que espalhasse o "bem", e é difícil encontrar quem se negue a reconhecer(-se) um adepto do "bem", numa hora dessas Jesus esbarraria com a necessidade de contestar os maus.
Ele teria de tirar-lhes ou, pelo menos, denunciar-lhes a máscara. Pronto, a partir daí estaria agendada a gana de sacrificar (como mesmo ressaltaram os saduceus/fariseus) um em lugar de todos os outros.
Intuitivo em nós: "Não veem que é melhor que morra um só homem pelo povo do que toda a nação ser destruída?". João 11,50. Nunca aponte o dedo de crítica aos fariseus.
Você e eu também desejamos que assim fosse. Quisemos e fizemos por onde. A violência subjaz em nós. Se não é contra todos, é porque a direcionamos para Jesus, o "bode expiatório".
Estou no grupo dos que dizem: "caia sobre nós o sangue desse homem". Pilatos quis dizer: "Estou inocente do sangue deste justo". Enganou-se, nunca esteve.
E o povo, em coro, respondeu (a sentença não ouvida no filme de Mel Gibson): "E, respondendo todo o povo, disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos".
Mateus 27,25.
Já caiu. Sobre minha cabeça e a de meus filhos. Sobre tua cabeça e de teus filhos, se tens. Sobre todas as cabeças, fosse ou não invocado por essa mesma sentença.
René Girard (1923-2015). Este é o cara. Filósofo francês que cismou por reafirmar a violência como fator fundante da sociedade.
A seguir, um alinhavado de seu raciocínio: Para Girard, "o sacrifício é compreendido num duplo aspecto: sagrado e criminoso [...] do questionamento sobre a relação entre sacrifício e violência, definindo o sacrifício como uma espécie de violência alternativa."
René Girard descreve o sacrifício como "canalização da pulsão violenta do homem e pondera que a violência do sacrifício funciona como uma espécie de ludibrio das pulsões destrutivas humanas que ameaçam a ordem social, ou seja, vida sacrifical seria colocada no lugar daquele a quem se direciona o ato violento."
Resumindo, somos violentos em essência e, por natureza, canalizamos para uma vítima nossa sede de sangue. Por esse raciocínio, o sacrifício de Jesus Cristo se torna emblemático.
E o reclame cristão seria, nada mais, nada menos que a tentativa de inocentar-se, uma vez transferido à vítima o gosto de sangue na boca.
Calcadas em cima de Cristo todas as nossas frustrações, a partir dele, cinismos à parte, saímos declarando aos quatro ventos nossa, agora, pureza, santidade e, por que não frisar, inocência.
De um modo ou de outro, levada em conta apenas a personalidade histórica do Cristo, sem fundir nela a pessoa mística, cedo ou tarde ele haveria, mesmo, de acabar se dando mal.
Por mais que espalhasse o "bem", e é difícil encontrar quem se negue a reconhecer(-se) um adepto do "bem", numa hora dessas Jesus esbarraria com a necessidade de contestar os maus.
Ele teria de tirar-lhes ou, pelo menos, denunciar-lhes a máscara. Pronto, a partir daí estaria agendada a gana de sacrificar (como mesmo ressaltaram os saduceus/fariseus) um em lugar de todos os outros.
Intuitivo em nós: "Não veem que é melhor que morra um só homem pelo povo do que toda a nação ser destruída?". João 11,50. Nunca aponte o dedo de crítica aos fariseus.
Você e eu também desejamos que assim fosse. Quisemos e fizemos por onde. A violência subjaz em nós. Se não é contra todos, é porque a direcionamos para Jesus, o "bode expiatório".
Estou no grupo dos que dizem: "caia sobre nós o sangue desse homem". Pilatos quis dizer: "Estou inocente do sangue deste justo". Enganou-se, nunca esteve.
E o povo, em coro, respondeu (a sentença não ouvida no filme de Mel Gibson): "E, respondendo todo o povo, disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos".
Mateus 27,25.
Já caiu. Sobre minha cabeça e a de meus filhos. Sobre tua cabeça e de teus filhos, se tens. Sobre todas as cabeças, fosse ou não invocado por essa mesma sentença.
terça-feira, 7 de novembro de 2017
Mal traçadas linhas 53
Lucidez
De volta ao blog. Virou sina. Escrever sobre isso aí, acima, incomodava-me havia dois dias.
Pode esperar tema meio místico. Sina. Vou perguntar o que tem a ver oração com lucidez.
O que tem a ver lucidez com razão. Esta muito útil. Aliás, eu escrevendo em tela touch screen tem tudo a ver com razão.
E lucidez. Já oração, o que tem a ver com lucidez? Supondo Deus, Aquele lúcido, em essência, oração seria, da parte do homem, esboço de raciocínio no diálogo com Ele.
Onde, pois, a lucidez? Seria lúcida a primeira oração? Digo assim daquela que introduz a fé. Se está escrito que "sem fé, é impossível agradar a Deus", a introdução à fé seria por meio de uma oração lúcida.
Seria a primeira legítima? Todas anteriores a essa seriam, por Deus, ignoradas como erráticas. Mas não combina com o Altíssimo ignorar orações.
Lucidez. Seria, no homem, um torpor? Ou haveria como que uma elite lúcida em meio a uma maioria dispersiva? Assim caminha a humanidade.
Paulo Apóstolo admite, no texto da carta aos Romanos: "não sabemos orar como convém. O mesmo Espírito intercede por nós, sobremaneira, com gemidos inexprimíveis".
Deus vem em nosso socorro. Nem quanto à expressividade do Espírito nada sabemos dela. Desconhecemos. São gemidos inexprimíveis.
Onde a lucidez na oração. Há quem apele ao misticismo. Vamos dizer o quê? Que erram, ao orar em línguas? Paulo reclama que, desse jeito, a mente fica infrutífera. Concordo com ele.
Mas onde a lucidez?
De volta ao blog. Virou sina. Escrever sobre isso aí, acima, incomodava-me havia dois dias.
Pode esperar tema meio místico. Sina. Vou perguntar o que tem a ver oração com lucidez.
O que tem a ver lucidez com razão. Esta muito útil. Aliás, eu escrevendo em tela touch screen tem tudo a ver com razão.
E lucidez. Já oração, o que tem a ver com lucidez? Supondo Deus, Aquele lúcido, em essência, oração seria, da parte do homem, esboço de raciocínio no diálogo com Ele.
Onde, pois, a lucidez? Seria lúcida a primeira oração? Digo assim daquela que introduz a fé. Se está escrito que "sem fé, é impossível agradar a Deus", a introdução à fé seria por meio de uma oração lúcida.
Seria a primeira legítima? Todas anteriores a essa seriam, por Deus, ignoradas como erráticas. Mas não combina com o Altíssimo ignorar orações.
Lucidez. Seria, no homem, um torpor? Ou haveria como que uma elite lúcida em meio a uma maioria dispersiva? Assim caminha a humanidade.
Paulo Apóstolo admite, no texto da carta aos Romanos: "não sabemos orar como convém. O mesmo Espírito intercede por nós, sobremaneira, com gemidos inexprimíveis".
Deus vem em nosso socorro. Nem quanto à expressividade do Espírito nada sabemos dela. Desconhecemos. São gemidos inexprimíveis.
Onde a lucidez na oração. Há quem apele ao misticismo. Vamos dizer o quê? Que erram, ao orar em línguas? Paulo reclama que, desse jeito, a mente fica infrutífera. Concordo com ele.
Mas onde a lucidez?
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