União
Na disciplina de Eclesiologia Denominacional, no Seminário onde estudei, no Rio, turma 1978-1981, as apostilas dessa matéria definem o jeito congregacional de ser
igreja. Geralmente iniciavam com uma explicação detalhada das razões do nome
União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil.
Cada termo era
definido e, em breves palavras, explicada a razão de ser do nome denominacional.
Singelo. Na verdade, por mais que se avalie como óbvio, enunciar o nome de “dar
nome”, “de + nominar”, ser uma “(de)nominação”, como ponto de partida da eclesiologia
e de uma reflexão dos fundamentos bíblico-teológicos de sua definição, era uma
etapa necessária aos calouros.
Mais óbvio
ainda é dizer que, se essa é a nomenclatura, vivenciá-la é parte constituinte da identidade, mais do que somente um nome. Seria hipócrita de nossa parte assumir
um nome, em função de se propor eclesiologia, ou seja, definição de um modelo
bíblico de igreja, sem que se cumpra o desafio bíblico de vivenciá-lo no mundo,
na prática.
Pretendo
deter-me somente no primeiro vocábulo: união. Porque, quanto aos outros, ser "igreja", cada qual, cada unidade, de si, assume
ser. "Evangélicas", ora, pelo menos em oposição histórica a ser “católica”, o
primeiro nome delas foi “igreja evangélica”. Serem "congregacionais", também, de
per si, o são, pois praticam um regime de escolhas eventuais como resultado de
assembleias de membros onde a chance de propor é igual para todos.
"Do Brasil", espaço geográfico onde se situam.
Aliás, até, muito das peculiaridades do modo de ser “denominação” está
relacionado ao “jeito Brasil” de ser. Mas esta não é a discussão aqui. E, sim,
dizer que, de todos os vocábulos que definem o nome da Denominação, o primeiro
deles, união, é aquele que, para sua devida autenticidade, depende de um
milagre. Por si, haver união, já é um milagre.
Porém, nunca
será “milagre” do modo mágico que, costumeiramente, costuma-se entender. Porém,
um esforço consciente e somente possível se um conjunto de fatores forem postos
em ação. União será, primeiro, um desejo da maioria, sim, porque maioria é o
que define decisões no congregacionalismo. Pode até ser que se, entre a
liderança, houver essa disposição, ocorra uma corrente para essa essencial
peculiaridade.
Para "união",
além de disposição, que outros fatores devem ocorrer? Sendo um milagre
necessário e esperado, a natureza dessa união e a fonte inspiradora deverá ser,
outra obviedade, a Bíblia. Tal característica pode ser procurada ao longo de
todo o livro. Mas escolhemos Filipenses, para citar algumas etapas propostas
pelo apóstolo àquela igreja:
(1) que o amor aumente mais e mais,
1:9, sem ele, não haverá milagre; (2) exortação em Cristo, consolação de amor, comunhão
no Espírito e afetos e misericórdias há, 2:1, entranhados, nos
atores dessa Denominação?; (3) pensar a mesma coisa, ter o mesmo amor, ser
unido de alma, ter o mesmo sentimento, 2:2, que é o sentimento de Cristo, 2:5;
(4) ausência de partidarismo ou vanglória, humildade em considerar o outro
superior a si mesmo, não ter em vista o que é próprio do ego, mas enfatizar o
que compete ao outro.
Precisamos desse milagre. Perseguir e
criar condições para que ocorra. Não se trata, aqui, apenas de exercício de
decisões ao nível local ou denominacional, porém um desejo individual e de
todos, uma decisão pessoal que tem respaldo bíblico e que produz alegria geral,
“completai a minha alegria”, diz Paulo, 2:2a, certamente alegria compartilhada
pela própria Trindade. Essa ocorrência tem razão de ser em função de nossa
identidade, assim como em função do que, biblicamente, significa ser igreja.
Caso não seja essa a nossa disposição, individual e coletivamente, não haverá milagre, não haverá união e a denominação, em si mesma, terá perdido sua identidade bíblica. Não conseguirá ser nem evangélica, porém apenas nominalmente, visto que "evangélico" está intrincado, entranhado em ser "unido". Pode até continuar sendo "congregacional", no nome e, individualmente, exercício da igreja local. Do Brasil, somos atores dentro dessa grande arena.
Dediquemo-nos à busca por esse milagre, pois só nos resta ser união (ou União). Caso não se verifique, entre nós, esse milagre, teremos que redefinir nossa visão bíblica, justificando que cada igreja local o seja por si, autoconvencida de que se basta a si mesma, vaidade das vaidades.
Caso não seja essa a nossa disposição, individual e coletivamente, não haverá milagre, não haverá união e a denominação, em si mesma, terá perdido sua identidade bíblica. Não conseguirá ser nem evangélica, porém apenas nominalmente, visto que "evangélico" está intrincado, entranhado em ser "unido". Pode até continuar sendo "congregacional", no nome e, individualmente, exercício da igreja local. Do Brasil, somos atores dentro dessa grande arena.
Dediquemo-nos à busca por esse milagre, pois só nos resta ser união (ou União). Caso não se verifique, entre nós, esse milagre, teremos que redefinir nossa visão bíblica, justificando que cada igreja local o seja por si, autoconvencida de que se basta a si mesma, vaidade das vaidades.
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