O Instituto Ecumênico Fé e Política, desde sua fundação, é um marco decisivo para a discussão do valor idêntico de cada religião e da necessidade de todas discutirem aproximação, conivência, denúncia e respeito na luta pela fraternidade religiosa.
Os representantes das religiões aqui no Acre se mostraram maduros e buscaram esse objetivo, constituindo-se num referencial para os adeptos dessas confissões. O lançamento da Cartilha da Diversidade Religiosa e o incentivo e presença no referencial para o Ensino Religioso reafirmam isso.
Houve também uma fase em que o apoio político, algo que consta no próprio nome do Instituto, concorreu para o sucesso e a marca dessa influência positiva na sociedade acreana.
Porém, com a polarização que a ascensão do bolsonarismo provocou, aliada a uma ausência de senso crítico da parte do grupo que foi alijado e afastado do poder, configurou-se no Instituto uma parcela tendenciosa de análise, sempre priorizando um dos lados dessa polarização. Ele deixou de oferecer solução, e passou a ser problema, porque assumiu um dos lados da polarização.
O teste para que o Instituto que, como se costuma afirmar, pretendia ser suprapartidário, colocando-se, inclusive, como um referencial mediador dessa fase, um lugar onde fosse possível discutir erros e acertos, aspectos positivos e negativos dos dois lados, desenvolvendo um olhar equilibrado, crítico e imparcial, nesse aspecto houve falha grave.
Daí o Instituto ter se tornando um elemento a mais da crise e não o referencial de solução para ela. O que o Instituto Ecumênico Fé e Política representou para as religiões, tornando-se uma referência obrigatória (para se usar esse termo) de agregamento de diferentes religiões, discussão e equilíbrio consciente de relacionamento, assim não se constituiu na política.
Portanto, ainda que, como deseja e assume o Instituto, o candidato que ele prioriza, ao nível nacional, vença as eleições, a marca tendenciosa fica colada nele. Como referencial político de discussão plural, acolhimento do diferente e discussão isenta do que é positivo e negativo para o país (e para o Estado), o Instituto não mais se tem colocado como imparcial.
Vejo possibilidade de mudança, se o Instituto praticar o que sempre fez no que se refere à religião. Se puder aplicar à política toda a experiência que obteve no contexto religioso, talvez conquiste essa imparcialidade.
Mas se apenas continuar a ser, transformando-se definitivamente, como tantos outros órgãos de imprensa e outras agências de referência na sociedade, continuando a priorizar um dos lados dessa polarização, vitimizando-o, e criminalizando de modo acusatório todos da outra parte dessa mesma polarização, o Instituto não mais será um órgão de mediação, mas se tornará um lugar de Inquisição.
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