O que mais lembra o Gol 1000
quadrado Kodak que nos socorreu
Inusitado. Já seria navegar num Gol 1000 1995, aquele quadradinho mesmo, raiz de mais uma falcatrua das montadoras, desta vez ou, mais uma vez, a WV, que exigia, para vc "encontrar" o dito carro popular, comprar tapetes, peito de aço e um rádio-gravador, para fitas K7, lembram?
Somente sair navegando, no Gol 1000 quadrado, a partir da colina da Floresta, nome de um bairro aqui, em Rio Branco, a caminho de 4.100 km, até o outro Rio, tudo foi inusitado. A parada na antiga WV, em Porto Velho, para trocar o morcego, nome do antigo 1/4 de vidro, de acabamento da porta, junto ao parabrisa dianteiro que, nesse Gol, era fixo.
Retenção na estrada, impedindo de alcançar para além de Cacoal, que era sempre nosso plano, por causa de recapeamento. Mas como a memória falha, não sei se foi nessa primeira viagem, em março de 1995, para defender dissertação de mestrado na PUC, que houve essa retenção, ou que achamos o menino sumido, caído entre camas, ou no hotel de Cacoal ou já no de Rondonópolis.
Já contamos o susto na curva de saída da 364, para atravessar Cuiabá e retomar para Rondonópolis, quando o choro de estresse do menino, injustamente no colo da mãe, no banco traseiro, o dia inteiro, obrigou-nos a parar num posto para, ao mesmo tempo, abastecer e verificar o tamanho do estrago no peito de aço, retorcido no imenso buraco que colhemos, quando, bem na curva, voltei-me para ver o garoto em seu choro.
Carolina, desta eu me lembrei, a concessionária WV em Rondonópolis, para constatar que houve o milagre. Eu apalpei, no posto, por debaixo, para ver se havia óleo vazando, senti o peito de aço retorcido, mas não era possível deduzir o quanto perto da sucção interna da bomba de óleo havia ficado a parte interna do carter com o impacto.
Foi uma expessura de folha de papel, segundo me mostrou o mecânico. Ficou num canto da loja o peito de aço retorcido e mais a tampa do carter de óleo. Rumamos para o sul, pela BR 364, para a cidade seguinte, que eu acho que foi São José do Rio Preto. Ali pernoitamos, temos uma foto do menino que, àquela altura, apenas cambaleava nos primeiros passos.
Para alcançar o Rio no dia seguinte. E vir com Dorcas na volta. Emparelhar, aqui e ali, com um Gol 1000 de mesma carroceria, todo amarelinho, da Kodak, ora eu, ora ele me ultrapassava, até que, numa curva, peguei em cheio um buraco. Desci para trocar o pneu dianteiro. Ele logo parou atrás, que eu nem notara que, justo naquela altura, ele estava atrás.
Quer ajuda, perguntou? Eu disse claro, toda a ajuda é bem-vinda. Mas ele deve ter notado que eu, realmente, não havia notado tudo. O pneu traseiro também estava furado. Ele me repassou seu estepe. Perguntou para onde eu ia. Quando disse Rio Branco, ele então deu um ih, de espanto, e pediu que eu deixasse o pneu num posto de um conhecido, mencionou o nome, de que não lembro, logo após Pimenta Bueno.
Assim fizemos: ultrapassamos a cidade, fomos ao posto, deixamos o pneu como encomenda ao dono, voltamos para pernoitar nela. Aliás, mais uma dormida em Pimenta Bueno, favor anotar. Tudo isso após ouvir histórias dos buracos da 364, na época nomeados e reconhecidos por todos os caminhoneiros, cuja conversa sobre enguiços e acidentes, infelizmente até com mortes, pude ouvir, enquanto Regina e Dorcas lavavam o menino de suas emergências. Esse borracheiro foi indicado pelo amigo da Kodak, uns 40 km à frente do sinistro.
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