sábado, 11 de agosto de 2018

Mal traçadas linhas 93

       Haveria amigo (ou amigos) de Deus. A Bíblia refere-se a dois: Abraão e Davi, nessa condição.

      Mas em João 15, o célebre texto da videira, é dito que Jesus colocou todos os que foram nela enxertados nessa mesma condição.
     
      Retórica? Automaticamente amigos? Que características satisfazem tal condição?

      Amós, o profeta, supõe que nada Deus faz sem que antes revele a profetas. Essa espécie de confidência revelaria traços de uma intimidade típica entre amigos?

      Amigos se procuram. Deus, insistentemente, procura. Confidencia. Sente a ausência. Em contrapartida, o homem também.

     Por isso, talvez, as mulheres sejam mais íntimas. Tenham mais facilidade de ser francas, sinceras, "derramar a alma", como fez Ana.

      Não concederia o Espírito aos homens essa mesma sensibilidade? Essa mesma urgência? Pelo menos, seria esse seu mister. Parácleto, como o denomina a língua grega.

      Paulo Apóstolo diz que por nós anseia o Espírito, para que sejamos revestidos do que é celestial. Tiago fala do ciúme que por nós o mesmo Espírito nutre.

      Sem dúvida vai estimular nossa aproximação com o Altíssimo até o nível de uma amizade. E a privacidade, mesmo que se quisesse, torna-se impossível.

        Porque, nessa relação, o Espirito em essência sonda o íntimo de Deus e, a nosso favor, exprime-se continuamente, embora por modo imperceptível.

      Sentes falta de Deus. Ele sente tua falta. Solidão de um, solidão do Outro. Amizade certa. Nada faz, sem antes revelar Suas intenções a seus amigos.

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