Cara a cara
Metáfora de vida. Adão e Eva esconderem-se após a queda é metáfora de vida. O ser humano acha que, nelas, na vida e na queda, esconde-se de Deus.
Como diz Paulo Apóstolo, se a nossa esperança, quanto à vida, se limita - desculpe dizer - ao estado de consciência entre o buraco de saída da mulher/entrada na vida, no nascimento, e o de saída da vida/entrada na morte, somos infelizes.
Somente corrijo a afirmação do Apóstolo, para dizer que nem precisamos dessa constatação para ser infelizes. Aliás, com razão/sem razão ocorre (in)felicidade. Euforia/depressão, modos artificiais ao inverso também assolam a humanidade.
A vida constitui-se no enredo por detrás de cortinas que julgamos existir. Mas seu drama aparece no palco cósmico à vista de todos os anjos. À vista do Altíssimo, nem precisa dizer, que todos já sabemos que aparece.
Se é assim, como disse Jó, os abortos são mais felizes. Aliás, UOL informa que hoje começa a discussão sobre o aborto. A própria discussão já é um aborto. Aborto é abrir mão da possibilidade de vida.
Antecipadamente, já sabemos que o homem, bem, este não está nem aí mas que, talvez, (muitas) mulheres queiram aborto. Ou pratiquem. Banalizou-se tanto que dizem ser uma questão de saúde pública.
Não é. É uma questão de abrir mão da possibilidade de vida. Ao invés de evitar engravidar, fazer propaganda de meios contraceptivos, prefere-se a propaganda de abortar a vida. "Arte da discussão posta à prova", diz Eloísa Machado de Almeida.
Porque a responsabilidade de gerar e gestar não é só dela. Gravidez não é espontânea, aborto não pode ser espontâneo. Vamos abortar este assunto, porque estamos aqui falando de vida como teatro de fuga. Uma vez cuspido na vida, o ser humano pensa que, nela, pode se esconder de Deus.
Abram-se céus. Vede o firmamento acima do firmamento. Literalmente, olhem para além da matéria escura. Que cena veem? Se não, olhem-se no espelho. Olhem-se cara a cara. Na face de Cristo, diz a Bíblia, reflete-se a glória de Deus.
Para além do cenário montado, lindo, diga-se de passagem (pela vida), descortinam-se. Portanto, vida não é fuga. Não se distraia com o cenário (ou no cenário). Atente ao que está por detrás do véu.
E lembre-se que, como diz Mateus Evangelista, na morte de Cristo, o véu se rasgou. Nem pense em fuga, nem pense em teatralizar. Nossa máscara caiu.
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