terça-feira, 10 de março de 2015


  Suposições

        Falar por suposição combina com blog. Isso porque o compromisso com o blog, assim, meio clandestino, combina com suposição, porque esta tem um caráter volúvel. Pode significar algo ou, absolutamente, nada.

       E falando sobre oração, de novo, e sobre Bíblia, mais esta vez, para alguns, nem suposição a Bíblia representa. Representa nada mesmo. Até mesmo para alguns que se autodenominam crentes. Têm pouca ou nenhuma intimidade com o Livro. Para eles, cheira a mofo. Mas não é só para eles não.

       Gosto muito de uma expressão de Paulo, o apóstolo, quando diz, num de seus frequentes arroubos de retórica, lá numa das cartas a Timóteo: "Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia. Desviando-se algumas pessoas destas coisas, perderam-se em loquacidade frívola, pretendendo passar por mestres da lei, não compreendendo, todavia, nem o que dizem, nem os assuntos sobre os quais fazem ousadas asseverações."

      "Loquacidade frívola", sensacional esta expressão paulina. Aqui, refere-se não somente a crentes fracos de Bíblia, mas a qualquer suposto (olha aí o termo, de novo) mestre, melhor escrever "mestre". E olha que há, por aí, tanta coisa dita, ou melhor, de novo, mal dita sobre a Bíblia...

      Mas, novamente, sou mesmo repetitivo, desejo enquadrar os Salmos num estilo genérico de gênero, quase sendo redundante, de propósito. Classificá-los como oração. Evidentemente, já comentamos aqui, em texto anterior, há Salmos que falam "sobre Deus", em 3ª pessoa, e aqueles que falam "com Deus", 2ª pessoa.

     Assim como há Salmos, como 8 e 19, que falam sobre as obras de Deus, e ainda os que enaltecem Deus, como o 34 ou 48, mais uma vez falando sobre Ele, enfim, vamos supor que todos sejam orações ou formas de oração. Também supor que sejam modelos de oração. Para isso, novamente ressaltamos, é necessário supor, mais esta vez, que (1) é possível falar com Deus e (2) ser ouvido por Deus.

     Mais, ainda, (3) ouvir Deus falando, em retorno, ou mesmo tendo, antes mesmo de ouvir o homem falar, Ele mesmo, Deus, ter antes falado ao homem para só então ouvir resposta. Como apontamos em Gênesis, na viração do dia, tardezinha, quando Deus procurou o casal no Jardim.

    Está bem, mestres, suposição que seja a história do Jardim válida, pelo menos, para supor que Deus procurou o homem para falar com eles, o casal primordial. Nessa suposição, ou suposições, os Salmos são, como já dissemos, um Livro de Oração, no sentido de ser modelo de como se ora, ou Livro de Orações, coleção de falas de homens/mulheres a Deus. Sim, outra suposição, haveria mulheres entre os orantes, quem sabe, algum Salmo anônimo escrito por, pelo menos, uma delas?

     Paulo, de novo, aos Efésios, diz que no beneplácito (vontade soberana) de Deus, ele faz convergir, em Cristo, todas as bênçãos a nosso favor. Desse modo, todas as orações nos Salmos foram ouvidas, atendidas, respondidas, mesmo que, historicamente, fossem feitas antes de Jesus nascer. Dessa forma, todas as orações feitas, estejam elas entre aquelas dos Salmos ou não, antes ou depois de Jesus nascer, foram feitas, ouvidas e respondidas, enfim, são e serão feitas, ouvidas e respondidas em Jesus Cristo.

    Essa, pois, é a suposição por excelência neste texto: Deus ouve e responde orações. Puxa, tudo isso para só isso? Mestres há que não supõem ser possível que sejam os Salmos autênticas orações, autênticas autorias, modelos de oração portanto, consequentemente, negam que possam ser feitas, ouvidas ou respondidas.

     Na suposição de que Deus fala, que fala pela Bíblia, que fale pelos Salmos, que possamos ouvir, responder, ouvir, agora, sim, hoje, mais do que whatsapp, ora bolas, respeite Deus, a resposta que vem de Deus, instantânea, mais do que online. Suposição, simples (ou simplória) de que podemos, sim, dialogar com Deus. Límpido e claro. Ineditismo de Deus: só possível com ele e da parte dEle, por meio dEle, em Cristo Jesus.
    

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