terça-feira, 1 de agosto de 2023

Profecia de Isaias - Antecedentes

 "Visão de Isaías, filho de Amoz, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá. Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra, porque o Senhor é quem fala: Criei filhos e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim. O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o dono da sua manjedoura; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende. Ai desta nação pecaminosa, povo carregado de iniquidade, raça de malignos, filhos corruptores; abandonaram o Senhor, blasfemaram do Santo de Israel, voltaram para trás."  Isaías 1:1-4.


    O início de cada livro profético indica, em linhas gerais, a condição geral de abordagem da profecia que segue, em função do que se configura para o profeta.

   No caso de Isaías, como acima indicado, o Senhor Deus reclama que os filhos que criou revoltam-se contra seu Pai. Até boi e jumentos identificam seu possuidor, mas Israel não conhece e nem entende.

  E segue cumulativa, detalhada e definida a imagem de Israel, nesse começo de profecia, como se fosse o tom de tudo o que segue: nação pecaminosa, povo carregado de iniquidade, raça de malignos, filhos corruptores.

   E termina indicando a razão por que adquirem essa feição de sua personalidade: abandonaram o Senhor, blasfemaram do santo de Israel e voltaram para trás.

   Espanta-nos ser este o povo escolhido. Que não sigjfica, como explicado no Deuteronômio, privilégio mas, ao contrário, cobrança para que seja modelo a todas as demais nações.

   Privilégio, sim, como esclarece Paulo, na carta aos Romanos, ter recebido, de modo direto e seletivo, revelação, oráculos, profecia, sinais, prodígios, lei, enfim, tudo o que pormenoriza o trato com Deus.

    Por isso que a cobrança se reflete nessa fala inicial do profeta, e não somente nela, visto como em Atos, num dos sermões ali anotados, registra-se como Deus não se deixa sem testemunho por toda a história de Israel.

   O primeiro adjetivo abrange, de uma vez, a todos: nação pecaminosa. O pecado, denúncia e rejeição única, somente definio e identificado por Deus, tornou-se a qualificação geral da nação.

   Em paralelismo, modo típico da escrita hebraica, em que se segue reforçando e reafirmando, por sinônimos, o que foi dito antes, Israel é agora definido como um povo carregado de iniquidade.

   Não traz consigo o acúmulo de virtudes, como tipificados no Êxodo, na Aliança do Sinai, quando Deus pretende que Suas virtudes sejam conhecidas pela conduta de Seu povo.

   Não. Isarel se sobrecarrega de iniquidade. Outra designação aprofunda e sublinha negativamente a personalidade de Israel, quando são classificados raça de malignos. Até aqui, nação, povo e raça equivalem-se, e pecaminosos, iníquos e malignos qualificam o seu viés.

   E termina o profeta acusando Israel, em seu conjunto, de ser filhos corruptores, ou seja, o mal exemplo se torna escola, visto que tais vícios são compartilhados com a vizinhança de Israel, diante da qual deveriam ter se constituído num testemunho fiel de sua filiação ao Senhor.

   O profeta termina esse oráculo inicial, que dá o tom de sua denúncia, indicando o modo pelo qual se chega a essa condição deplorável. Israel abandonou o Senhor, blasfemou de Deus e voltou-se, converteu-se não a Deus, mas contra Deus, afastando-se dEle.

   Era no sentido inverso que deveria se firmar o curso do povo: abandonar, blasfemar ou voltar-se contra o pecado, e não optar pelo pecado, contra Deus. Absurda escolha e, infelizmente, tão frequente, não somente a Israel, os filhos, mas a toda a humanidade, da qual este povo é amostra.

   Basta ser humano. Não existe lógica ou lucro nessa escolha. As características serão sempre essas, pois uma vez que se abandona Deus, consequentemente se blasfema dEle, voltando-se contra e para longe dEle.

   E as consequências serão sempre intimidade e apego ao pecado, à iniquidade, malignidade e corrupção. Feições distintas do mesmo mal, que tem raiz na mesma atitude. Voltar-se para Deus não é natural, nem espontâneo no ser humano.

   A denúncia de Isaías, nesse início de profecia, é absolutamente necessária. Sem a consciência da real condição, não há como fazer meia volta. Converter-se ao Senhor somente a partir da denúncia da real condição.

   Esse o ponto de partida da profecia de Isaías, seguindo-se o percurso sinuoso e luta individual e ferrenha para o arrependimento. Esse o apelo constante de Deus.

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