quinta-feira, 7 de maio de 2020

Contarei tudo que puder - 6

                    
   Tio Henrique era bonachão, alegre, gostava de ir aos bailes e danças e brincar com as moças, sempre namorando-as sem assumir compromisso. Sempre tinha seu animal de estimação para montaria (cavalo ou burro) ou mula. Tinha suas boas roupas (da época e do uso do lugar).
      Não deixava de possuir sempre uma boa arma de fogo (revólver 38 "Smith & Wesson" -- a marca de sua confiança ou garrucha) de marca famosa. Não era crente filiado a nenhuma igreja. Era o filho comum de todo brasileiro que mesmo não praticando nenhuma religião se diz católico apostólico romano! Pois foi batizado pelos pais ou parentes responsáveis na igreja católica.  Passa a viver a vida sem doutrina, sem compromisso disciplinar e sempre se dizendo católico e cristão, sem contudo, infelizmente ser cristão no verdadeiro sentido. 
       Pois foi esse tio sempre amigo que sempre estava junto de meu pai a trabalhava na lavoura em sociedade com papai e viu nascer todos os filhos de papai e mamãe e era amigo de todos nós, seus sobrinhos.
      Mas depois de solteirão, já com os seus 40 (quarenta) ou mais anos se embelezou por uma moça muito mais nova do que ele, muito volúvel. Seu nome era Maria José Isabel. Filha de José Isabel, cujo apelido era Juca Isabel. Sua mãe era Nila Isabel. 
     Maria José, na intimidade Zezinha. Quando moça gostava de dançar baile, ir às festas populares da época, e não gozava de boa fama entre os nossos vizinhos da época.  Isso nos idos de 1928, 29 ou 30. O fato é que o querido tio Henrique, homem pacato, simples de boa fé foi, em certa ocasião, num baile onde a Zezinha se achava. Dançou com ela, enamorou-se com ela e acabou, mesmo muito avisado pelos amigos e vizinhos conhecidos dos costumes da moça volúvel e sem juízo, que era a Maria José (Zezinha), casando-se com ela nos idos de 1931 mais ou menos. 
    No princípio foi tudo bem. Lugar de gente pacata, simples, amiga. Povo da roça. Lugar denominado Farope, perto de Ibituna (o povo do lugar até hoje grafa e pronuncia Ipituna). Mas o IBGE que faz o mapa do Brasil na sua nomenclatura grafa Ibituna.
      Mas a família de Zezinha era grande. Tinha diversos irmãos. Com a crise da lavoura, com a grande seca que se deu por lá, a família Izabel veio toda para o Rio e passou a residir na Penha e na Estação de Olaria, numa rua que, na época, era chamada de Cascatinha.
     Isso se deu mais ou menos no ano 1931. Em 1932, com a crise e pressionado pela mulher Zezinha que queria viver perto do pai Juca Isabel, a mãe Nila e os irmãos (todos vieram para o Rio, o então Distrito Federal, e no subúrbio da Penha passaram quase todos a trabalhar no então Curtume Carioca, uma grande firma que trabalhava com peles de animais, transportando-as em couro para indústria de calçados, bolsas, pastas, etc).

Curtume Carioca,
em torno de 1950.

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