sábado, 28 de dezembro de 2019

Cartas não entregues- 1

   Regina
   Amanhã são sete meses de namoro. Para mim foram bem contados. Falo assim pelo jeitão que demonstrei, ansioso e inoportuno muitas vezes.
   Devo muitas desculpas. 
   Você já falou certa vez que não imaginava um modelo de namorado. Não sei se eu imaginava ou não um modelo de namorada. 
    O que acontece é um ajuste de duas pessoas diferentes. Certa vez disse a você que (1) você me atrai e que (2) percebo em você condições de sustentar, pela vida afora, uma relação madura comigo.
   O ponto (1) está resolvido e definido. Não troco você por ninguém. O ponto (2) vai nos acompanhar por toda a vida.
   Posso parecer abobalhado (ou ser) quando falo muito em gostar de você, de preferir você, que não vou enjoar de você etc.
    Isso, pode parecer, recai naquele lugar comum típico de todo namoro. Aquelas "palavras românticas" de qualquer namoro, que ficam esquecidas no namoro. 
    Estaremos num impasse aqui. Porque eu estarei utilizando um método antigo para afirmar uma verdade que eu quero manter e renovar. 
   Quando penso em casamento é para ser amável com a pessoa com quem casar, a vida toda. Não é por escolha de conveniência. 
   Aquela filosofia do "já que tem que ser", melhor que seja do que não seja. Vai esse (cônjuge) mesmo. 
   Não penso assim. Mas um casamento pode encalhar nessas águas.  Nesse lugar comum. Os dois ou um dos dois passa pelo outro desacreditando as intenções daquele. 
    E essas mesmas intenções (doces) ficarão no namoro, preliminares, um pouco no começo do casamento é, depois,  sepultadas para o restante da vida. 
    Não penso isso para eu e você. Eu te amo. Me dê espaço para mostrar isso. O meu jeito é torto e posso atropelar esse conceito. Mas aí, com um pouquinho de compreensão,  você me instruirá.
    Por isso o tema de avaliar o namoro não será somente nos dias 15. Será permanente. 
    Reafirmo que nutro por você grande ternura e afeição. Julgo ser importante ser carinhoso, sinceramente carinhoso, e não formalmente carinhoso.
    Talvez os valores desse nosso final de século sejam do homem mais funcional. Na verdade desde o começo do mundo o homem deve ser prático e romântico, na sua dose exata.
    No meu caso, no lado prático, estou em dívida. O teu estímulo e auto-confiança transmitidos a mim têm ajudado muito. 
   Mas certos resultados práticos são obrigatórios e urgentes nesse tipo de terapia.
   Ainda continuo achando que, sair pelo simples compromisso de sair, é muito importante para nós dois. A não ser que estejam já respondidas e prontas todas as repostas e questões. 
    Esse pensamento é perigoso. Vamos incluir, voltar a fazê-lo, na nossa agenda, esses passeios. Compromisso obrigatório.
   Uma pergunta: você acredita na possibilidade de os dois, você e eu, um amar o outro de verdade?
    (Aliás,  você nunca me disse, que eu lembre, tal declaração...) 
   Quando você disse, certa vez, "todos os homens são iguais", foi negado aos homens (ou a mim) a possibilidade de amarem, sinceramente (poderá ser que um pouco sem jeito), mas sinceramente uma garota assim como você?
    Aliás, um homem, não, eu amar você. 
    Feliz dia 15. Feliz namorado para você. Olha bem lá dentro de você. Se estiver satisfeita, me avise.
  Se me ama, me avise.    Cid Mauro    14/07/87
      
                             
                                            

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