quarta-feira, 2 de novembro de 2016
Pastorais 4
Denominação
Não posso deixar de abordar o assunto que, aqui, tem função de definição pessoal do que acho que seja, experiência própria vivida já há mais de 50 anos e, como não poderia deixar de ser, provocação a que outros revisem sua própria experiência e visão específicas.
Não serei acadêmico, visto não ser o meu forte. Tentativa em buscar esse viés, sempre expõe a respostas dentro do mesmo contexto, no qual não sou perito. Aprovo, reconheço a relevância e sou admirador do método. Só isso. Por isso, sigo, empiricamente falando.
Minha experiência denominacional inicia-se com os pais, mais acentuadamente a mãe. Os dois introduziram-me na leitura e contação de histórias bíblicas e na rotina de ida à igreja, dominical, rotineira e dedicadamente.
Estabeleceu-se o conflito, herdado dos tempos de namoro, porque o pai era pastor batista e a mãe congregacional. Já prevenira ao seminarista que nunca seria batista, mesmo que ele se tornasse pastor. Cumpriu o que prometeu, até o dia de sua (dos dois) morte.
O pai ainda tentou ser congregacional. Mas, acidente histórico típico do congregacionalismo brasileiro, que se desdobra ao longo da história, talvez a partir de 1913, com a institucionalização, intrigas pastorais forçaram a saída do Cid da "seara congregacional", palavras dele. Mas esse, "intrigas pastorais", já é assunto acadêmico, que deixo aos entendidos.
Ponto um, de três: denominação, para mim, começou em casa, passou pela Escola Dominical, em Nilópolis, até 1963, e Cascadura, até 1983, daí para a frente fui pastor ali por 11 anos, antes de vir para o Acre, onde estou até hoje.
Ponto dois, idade da razão, pode ser contada a partir de uma visão, ainda romântica, de seminário. Cheguei lá aos 21 anos, em 1978, terminei o curso em 1981 e me deixei, com muita relutância, ordenar pastor em 1983. Como agora sou um deles, recorro, academicamente, à declaração de Zagalo, em cadeia nacional: "vão ter que me engolir", mesmo porque, agora, serei julgado, no juízo final, como um deles.
Então, empiricamente, denominação, para mim, na idade da razão, significa uma postura patoral assumida com relutância, escrita por 5 anos de pastorado em Curicica, 1983-1988, 11 anos em Cascadura, 1983-1994, três anos em Copacabana, 1992-1994 e no Acre, de 1995-2016.
Em terceiro, o tempo que resta. É claro que a soma dos anos permite formar uma ideia do que significa denominação. No somatório, defino que a ideia é excelente, boa e bíblica: (1) relacionamento entre igrejas locais, esforço missionário e assistencial, Paulo já recomendava; (2) compatilhamento de doutrina, troca de experiências com o texto das Escrituras, as citações dos Bereanos, dos tessalonicenses e de Ladioceia e Colossos bem fundamentam; (3) preparo de obreiros, as cartas a Timóteo e as recomendações a Tito deixam claro a urgência e necessidade de cuidar dessa função: aliás, a definição do perfil de Timóteo em Filipenses 2 confirma a necessidade de bons obreiros.
A institucionalização é uma exigência da modernidade. Nesse recurso do tempo e da época, correm-se os riscos do século: herança autoritária da história brasileira, que implica anulação da opinião do outro, quando não condiz com o requerido, e a consequente disputa por poder, quando, então, os fins justificam os meios: anulam-se os princípios bíblicos do congregacionalismo.
Por que acredito em denominação? Porque é uma boa (e bíblica) ideia. Por que ocorrem desgastes que, às vezes, percorrem toda uma geração e não se solucionam, apenas são esquecidos na morte dos atores? Porque nós somos esses atores e isso se chama Brasil. Mas o que, no nosso caso, a vivência com a Bíblia pode propor como solução?
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