Dívida de amor
Todos
temos uma dívida de amor. Paulo Apóstolo na carta aos Romanos escreve ‘a
ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos
outros.’ O que ele quer dizer é que nunca fiquemos devendo nada a ninguém. Mas amor será, sempre, uma dívida atualizada. Por isso, afirmo aqui que todos temos uma dívida de amor.
Que nunca é paga. Porque, por mais que
amemos, melhor dizendo, que exerçamos o amor que aprendemos de Deus, ainda há o
que amar. E amar todos, indiscriminadamente, sim, porque costumamos escolher
quem amar. Pronto: isso já não é amor.
Quando a Bíblia diz que amemos os
inimigos – os declaradamente inimigos com mais aqueles que costumamos escolher
para não amar, porque os classificamos como inimigos –, pois quando a Bíblia
diz que os amemos é porque, depois de amar essa classe de gente, torna-se fácil
amar qualquer um.
Pois bem, primeira lição deste texto: aprenda
amor com quem você mais escolheu desprezar, porque ficará fácil amar aqueles
que você escolheu para o contexto de suas relações. Os fariseus também
reclamavam das pessoas que Jesus escolheu para conviver mais de perto, porque
as amava todas.
João Apóstolo, leiamos lá, no
capítulo 4 de sua 1ª carta, ensina o caminho que se deve percorrer para chegar
ao amor. Primeiramente, ele coloca o amor como opção única, ou seja, não há
outra: “filhinhos, amemo-nos uns aos outros”. Depois passa a enumerar: (1) o
amor é de Deus; (2) ama quem é nascido de Deus, porque conhece a Deus; (3) o
amor de Deus se manifestou na dádiva de Cristo ao mundo; (4) Ele nos amou
primeiro, ou seja, de nossa parte, isoladamente, não existe amor; (5) o modelo
de amor é de Deus, não qualquer que inventarmos.
Alguém pode argumentar, ‘mas caramba,
eu amo’. Sim, ama. Isso mesmo: essa coisa de amor é dádiva de Deus a nós. Somos
imperfeitos nisso, sempre estaremos na página 1 da cartilha, mas é para exercer
e aperfeiçoar continuamente e com todos, como já dissemos: primeiro os que, para
nós, cheiram a ódio, inspiram desprezo e exalam o cheiro que atiça o nosso desdém.
Por exemplo, quando Paulo Apóstolo
diz que o marido deve amar a mulher como Jesus ama a igreja, figurada e
analogicamente Sua esposa, tem de ser muito homem. Isso mesmo: para a Bíblia,
quem é homem, é quem é capaz de amar como Cristo ama. Como pensamos ao
contrário disto! Porque achamos que, para ser muito homem (ou muito mulher)
outros atributos devem ser amealhados para formar nossa personalidade. Pura
vaidade e erro de cálculo.
Que tal, prioritariamente, amar? João Apóstolo conclui
assim: “aquele que não ama, não conhece a Deus, porque Deus é amor.” Em meio a
todas as nossas imperfeições, camuflado e escondido na névoa densa de nosso
pecado e ausente onde ocorrem vãs pretensões, insinua-se o amor de Deus em
nossas vidas. E você? Não se julga imperfeito(a)? Então, é um(a) louco(a).
Não tem pecado? Então, como, de
novo, diz João Apóstolo, agora no capítulo 1 (procure lá, na Bíblia), mais do
que mentiroso, quem diz que não tem pecado chama Deus de mentiroso. Sabe por
quê? Porque é Deus quem nos sonda, denuncia e revela a nós o nosso pecado.
Quanto às nossas pretensões, como
diz Salomão, tudo é vaidade e correr atrás do vento. Ele não está querendo,
literalmente, dizer que tudo, que as coisas todas à volta são vaidade. O que
ele quer dizer é que tudo, para nós, é pretexto para nos envaidecer. Estamos
envaidecidos com o tipo de pessoa que somos? Ora, então vamos nos medir e
avaliar pelo amor. Não há outro padrão de aferição.
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