sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Rumo ao Juruá 2

     O primeiro dia  Cruzeiro deve ser descrito com muito cuidado. Começa pelo café da manhã, bem nutrido, no hotel do pernoite, e com a leitura em Atos: "Teve Paulo durante a noite uma visão em que o Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade". Atos 18:9,10.

     Se o nosso objetivo era mais uma vez sondar a cidade quanto ao seu potencial, aliás, o potencial permanente de toda a cidade (e toda cidade), a preocupação com a agenda, a ser ao máximo aproveitada, transformou-se em oração. Plenamente atendida em todo o arco de nossa jornada.

    A gente se dirigiu ao que eu decidi chamar de 'acrópole de Cruzeiro', sua parte elevada bem próxima à Catedral e ao antigo porto, prédio do antigo Fórum da cidade. Ali encontramos seu Zeca, um arquivo vivo, tanto da história do Fórum, quanto da história da própria cidade.

     Representante típico do ciclo da borracha, desde seus 9 anos "cortava seringa" com o seu pai. Recordou-nos desde o ciclo completo do leite branco no tronco da seringueira, no lote escolhido para corte no tronco, chamado palma, até o detalhe de como se começa, na colocação, a defumação e formação final da pela da borracha.

     Uma verdadeira aula. E causos sobre os desembargadores que ocuparam as instalações do que hoje se constitui num Museu. Prédio imponente, erguido no início do século passado, que guarda o modelo resistente de seu madeiramento, acervo de documentos e fotos da história de Cruzeiro do Sul.

      Dali passeamos pela orla do porto. Outro mergulho, dessa vez na cultura do povo que por ali transita, no fervilhar do comércio de seus mercados, destacando-se os de peixe, carne e de farinha. Descobrimos que os açudes de Cruzeiro enviam peixe para Eirunepé, AM. seguem Juruá abaixo, 4 a 5 dias, mas com a carga bem acondicionada em gelo.

    A gama de gente que por ali passa, sua origem, estada na cidade, suas demandas e diligências bem caracterizam a cidade. O porto de Cruzeiro e todo o comércio que ali floresce são fundamentais na definição e compreensão da cidade e de seu povo. Sem dúvida, Jesus passaria ali uma coleção de seu tempo.

     Nosso almoço foi à beira da floresta, num ponto na saída da cidade, restaurante Ponto do Sabor, na variante. Para depois rodarmos pela esplanada da parte alta, onde está o 61⁰ BIS, o antigo Seminário, onde fizemos já duas formações com professores e as respectivas saídas para Guajará e Mâncio Lima, que desejávamos alcançar no dia seguinte.

     Foi quando visitamos Evile no SEST/SENAT,  conhecendo alguns detalhes de sua finalidade e, como não poderia, nunca poderia deixar de ser, fomos dar nas margens do Juruá em Guajará, AM. Não vive quem nunca na vida houver visto uma vista dessas.

      A impressão que se tem é que a vila acompanha a curva do rio. E que a vida do rio é a vida da vila. Deparei, logo de saída, três adolescentes, duas lindas meninas e um rapaz com elas. Minha expressão foi de surpresa e saí-me com essa: "Vocês moram aqui!?".

     O cara emburrou o olhar para mim. Mas eu logo emendei a minha intenção, que é verdadeira, dizendo: "Que lugar lindo!". Ganhei dois lindos sorrisos. Mas o cara continuou emburrado. Linda vila. Linda gente. Dádiva do rio. Acompanhamos o azáfama do porto em descarregar cargas.

     Com a praça atrás. O calçadão debruçado sobre o rio. O ar de vida tranquila e remota. Uma gente certamente amena e pronta para toda conversa e compartilhamento. A mata estendida do outro lado do rio estimula a todo mistério. Dá vontade de lá viver ou lá veranear.

    
     No link abaixo um instantâneo desse Portal do Paraíso chamado Guajará:



    
    

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