Toda expectativa. Viagens sempre me deixam tenso nos dias imediatos que as precedem. Ainda que eu já tenha calculado em 150.000 km rodados as 15 vezes de ida e volta Rio Branco-Rio de Janeiro, entre 1995 e 2014, ainda não me acostumei a relaxar.
Seriam mais uma vez 680 + 680 km, ida e volta a Cruzeiro do Sul, a partir da capital do estado. Essa rota já percorri, com esta vez, quatro vezes, por carro, e uma por avião, esta ainda no tempo da Varig.
Posso me considerar, portanto, semiveterano. Gecer nos levaria, como ocorreu, na sua L200, eu e mais a família Mamed, pai, mãe e filha, suma responsabilidade. Tínhamos informações sobre a estrada, de seus setores mais esburacados, cálculo que, ao final da jornada de ida e volta, ficaram estipulados em cerca de 150 km.
Seções no trecho entre Sena Madureira e Manoel Urbano e, a seguir, entre a entrada para esta cidade e Tarauacá, com Feijó no meio do caminho. São multivariados e diversificados, com esboço de reforma em alguns setores, postagem de advertências em outros e total abandono à própria sorte no restante.
Parada em Sena, cálculo do almoço em Feijó, cerca de 360 km percorridos, mais ou menos a metade da jornada, e a reta final Tarauacá-Cruzeiro, 260 km, devida e previamente chaqualhados. A experiência da jornada por essa via da BR 364 nos ensina a prever as estações.
Pois essa viagem me fez calcular todo o percurso tomando a primeira jornada, Rio Branco-Sena, de 140 km, como padrão. Relativamente rápida, cerca de 2h para percorrer, sem paradas, podemos usá-la como padrão de aferição e cálculo.
Serão mais 220 km seguintes até Feijó, menos do que o dobro da medida anterior (mas os buracos quebram qualquer cálculo comparativo de tempo). Percorre-se cerca de 90 km até a entrada de Manoel Urbano, mas se passa adiante, para almoçar 130 km depois em Feijó.
Vão restar cerca dos últimos 50 km até Tarauacá agora, tomada a jornada inicial como essa unidade-padrão sugerida, vai um pouco acima do dobro. Assim, juntando 140 + 220 + 50 + 260 vamos a 670, o total até Cruzeiro.
É psicológico. Cada um que faça esse estirão, deve ter consigo um procedimento distinto de adaptação. O que eu sugiro, é essa medição por turnos, tendo a primeira estirada Rio Branco-Sena como medida. Pode não significar muito esse método, mas para mim, que desejo próxima essa cidade, está ótimo.
Paisagem de floresta à volta, fazendas desenhadas há tempo, pontes sobre os grandes rios, como Caetés, Purus, Envira, Tarauacá e, lá adiante, já a 120 km próximo a Cruzeiro, o Liberdade. Vilas, maiores ou menores, na beira da rodovia, principalmente próximas a igarapés, e uma sequência de aldeamentos indígenas já após o Liberdade, no estirão final até Cruzeiro do Sul.
O que fica na dívida é uma viagem em que a estrada seja o alvo, no sentido de percorrê-la mais a tempo, com paradas programadas. Atenção extra para as bueiras, que são galerias sob a rodovia que, em função do fluxo de água, aumentado na estação das chuvas, pode fazê-la desmoronar.
Nesses trechos se passa serpenteando, às vezes por um desvio ao lado, para isso com toda a cautela. Há lugares onde a passagem continuada de caminhões e até mesmo ônibus vão contribuir, se não houver manutenção, para uma possível interdição.
Parada rápida em Sena, almoço em Feijó, abastecimento em Tarauacá e susto com um quebra-molas invertido, improvisado pelo desleixo, no Liberdade. Após umas 10h de rumo aos sonhos, chegamos a Cruzeiro, cruzando sua ponte a tateando atrás de um bom hotel, senão o melhor, o mais estratégico.
Uma primeira e breve refeição na praça, churrasquinhos variados e sopas muito elogiadas, de deliciosas, e vamos para a primeira noite no Hotel Mandari na Princesa do Juruá.
Maravilhoso relatório! Foi uma experiência incrível!
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