sábado, 7 de março de 2020

ENLACE DO ANO - CID MAURO X REGINA - 02/01/1993


Chegara o esperado momento
De maior competição
Temera-se tanto a sogra
Tomara-se a devida precaução

A batalha entre os padrinhos
De como encarar a tal fera
A obediência de outras e fraques
Elegância de longa espera

Transformei-me no executivo
Bem afoito homem no volante
Faltou-me o belo DEL REY
Entrei no carro do Dante

Caravana de pernas listradas
Seguindo a mesma linha
Saltamos todos no Meier
Em busca da Leila e Maninha

Parecia mais uma banda
Dirley como nosso regente
Entre eu, Lyndon e Gisley
Guardava-se o fusca imponente

Veio a linda Catedral
Eis o grande momento
Vando com a Mineirinha
Também no estacionamento

Cid o grande padrinho
Maninha se preocupava
Onde estava a noiva
Enquanto a hora passava

Eu padrinho com Leila
Gisley com a Renata
E bela Marcia com Lyndon
Eu que quase tirei a gravata

Nossas madrinhas cintilavam
Leila uma rósea maçã
Maninha de Monaliza
Sempre estimada irmã

Depois da longa espera
Chega o anjo a decisão
De azul esbelta cadeira
Começava a procissão

Simples e feliz o noivo
Sempre o mesmo carinho
Da noiva coroas e carecas
Representavam seus padrinhos

Entramos na Rua das Flores
Esquecidos de todos os males
Convidados lotavam a Igreja
Conferindo todos os detalhes

Em púlpito maravilhoso
Não há quem não o respeite
Ao som dos violinos
O consagrado Paulo Leite

Enquanto ele pregava
Da máquina outro estalo
Um fotógrafo engraçado
Com rabo de cavalo

E fala, diz, dá conselhos
Com toda a consagração
Baseando-se em alguns Provérbios
Do profeta Salomão

Fomos os privilegiados
Os escolhidos primeiro
Os cabeças mais esquecidos
Filmaram-nos o tempo inteiro

Dante colocou o Bruno
Só na boca de espera
Foi um pontapé infantil
Nas costas da dona Fera

Na inocência da criança
Foi uma dose completa
Sem curvas a dama olhou
Muito brava e sempre reta

Já estava com os pés queimando
Ao som de dois violinos
A voz lírica repetindo
Belo canto outro hino

Nunca ouvi tanto amém
Aos olhares de Dirley e Dante
Mas resisti com bravura
O momento importante

Aquele fotógrafo gordo
Na fotografia bem louca
Com seu cabelo passou
O amarrado em minha boca

Lyndon limpava a face
A lâmpada forte esquentava
Veio o último amém
Maninha já estava sentada

Não foi competição em família
Assim deste modo espero
Se fosse uma competição
Empatava no mil ou no zero

Saímos assim da Igreja
Com júbilo no coração
Sem orgulho e muita sede
Fomos para a recepção

Fiquei em estado de graça
Ivete ainda menina
Dora, Cleyr e Ione
Ivo, Nair e Regina

Enchi a bola da fera
Não pretendia uma briga
Entre elogios tornou-se
Uma grande amiga

A graça da noiva enfeitava
Brilhando em todo o salão
Eu minha sede matava
Com a Coca-Cola na mão

Clovelina elogiava
A elegante Maninha
Dona Alina me abraçava
Encontro de muitas rainhas

Como dois cisnes bailavam
Transbordantes de meiguice
Binho e Meire passeavam
Aos olhares da Nice

Bem-Hur de alta postura
Alexandre nem Lincoln de fraque
Vando à moda mineira
Desfile de cavanhaque

Realmente a família deu show
O desfile de madame
A fala da Miriam
O charme da Luciane

E a fera orgulhosa rendeu-se
Onde a vaidade finda
Bem discreta confessou-me
Sua família é linda

A fome me complicava
Tonteira me dava medo
Lindos doces passavam
Mas pareciam brinquedos

Ludmila de espalhava
Corria para a mãe menina
Zila mamãe procurava
Lá estavam Moisés e Gercina

E aquele majestoso bolo
Que até embarquei no bis
De paladar delicioso
Com dois bolos-chafariz

Não tão quente quanto a fala
Quem da fera ao inferno
Todos o tiveram como o mala
Senhor Inácio de terno

Dercilia deixou-me bem perto
A grande recordação
Por eu ter um grande afeto
São coisas do coração

O que não faltou foi Reginas
Grande amiga da Maninha
Regina lá de Nilópolis
Regina também noivinha

Lá estava novamente impoluto
O fotógrafo com seu rabinho
Diante dos noivos tirando
Fotografia dos padrinhos

Dante evitando o encontro
Buscava de toda maneira
Conversava sempre em pé
Evitando a azul cadeira

Nice nem escutava
A palestra do Dante
Dele se desligava
Em auxílio ao refrigerante

A fera estava domada
Cumpri o meu compromisso
Com garbo e orgulho falava
Eu aprontei tudo isso

Eu engolia a seco
Eita que sorte a minha
Sabendo que a grande despesa
Foi por conta da Maninha

E a dança das calças listradas
No belo e amplo salão
Cumprimentava a cantora
Da mais bela canção

Fugiu de mim o enfado
Esquecera dos meus pés
Cercado pela alegria
De Ilton, Gercina e Moisés

Eu estava executivo
Hoje estou executado
Antes alegre e festivo
Hoje triste e calado

Fazendo das rimas registo
Tão simples quanto criança
Deste ato tão marcante
Uma singela lembrança

Mas da lembrança não se apaga
Das cores a bela harmonia
O casamento do ano
Uma explosão de alegria

E rumo à foz da lua
Um boato que se espalhou
De mel e de cataratas
Parece que a fera ficou

No retorno perdido na noite
Sem rumo pela madrugada
Despedida sem choro nem pranto
Daquela calça listrada

Por aquele oportuno momento
Agradeço de coração
Com profundo sentimento
Pela minha participação.

                             Rio, 3/01/1993
                                            Onésimo Lima

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