Casamento na roça,
Candido Portinari, 1947:
mais ou menos assim.
Para resumir o assunto: Mamãe descrevia o seu "romance" com papai da seguinte maneira. Ele (dizia ela) já estava cansado e decepcionado com as suas farras nos bailes e festas, e num dia em que eu, como empregada na fazenda do tio Manuel Inácio lhe dava assistência na cozinha, voltou-se para mim com essas palavras: "Adalgiza, já estou cansado com a vida que ando levando aqui na fazenda do tio Inácio. Quero me casar e ter a minha casa e constituir a minha família. Você quer casar comigo?". Então ele mesmo contava o resto da história jocosa e mamãe, como não podia deixar de ser, não gostava de se recordar como foi o seu casamento com papai.
Ele comprou a fazenda ou pano, que era chamada de chita, naquela época, e mandou a costureira confeccionar-lhe o vestido e, dentro de 30 dias, já estavam casados. A chamada cerimônia de casamento nada agradou à jovem Adalgiza, que compareceu vestida de chita e sandálias simples nos pés, ao cartório civil da época e, dali, saíram legitimamente casados, após a simples cerimônia presidida pelo escrivão e o juiz de paz da época.
Por economia, não houve a cerimônia religiosa que toda moça de todas as épocas gosta e não abre mão. E se não fazê-lo, reclamará o resto da vida o acontecido, o que ocorreu com a minha pobre mãe.
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Seguindo a boa e sábia sugestão de minha esposa e amiga, e querida mãe do filho muito amado, para o qual estou rascunhando esses dados de minha vida, passarei a narrar os fatos que me ocorreram na mente, pois nessa altura de minha terrena existência, não sei se terei tempo de escrever tudo o que se passou comigo, mercê da graça do Senhor das misericórdias. Passarei, dessa maneira, a dividir em episódios o que for narrando.
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