sábado, 25 de janeiro de 2020

Para o quê?

A sarça ainda arde
     Quando Deus usou esse sinal para chamar a atenção de Moisés tinha um propósito definido. E quando lemos ou relemos esse texto e outros que descrevem o que é vocação, nossa intenção é nos vermos neles. 
     Um dia, na vida, saímos por aí dizendo aos outros que Deus nos tinha chamado. Que, com isso, tinha e, para nós que ainda estamos por aí, tem um propósito. De propósito e com que propósito estou, a esta hora, já de pé, pensando nisso. 
     Moisés se voltou para ver. 

     "Apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.
E Moisés disse: Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima.
E vendo o Senhor que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui." Êxodo 3:2-4.

      Dissemos "eis-me aqui" para Deus. No meu caso, como qualquer um que foge, eu relutei. Há um dia como o de Moisés em nossa vida. Em que Deus nos manda tirar as sandálias dos pés. 
    No meu caso, eu lembro do dia em que nasci ao avesso. Ali caiu minha máscara. Eu me vi nu e fora do paraíso. Nascido num lar misto, mãe congregacional e pai batista, eu achava que viera pré-fabricado. 
    Era mentira. Tive de ser convertido como com qualquer um. Eu queria ficar por ali. Como Saul, escondido entre a bagagem. Contaria só o testemunho da conversão. 
    E ninguém precisa saber mais nada sobre mim. Mas tive de repetir o testemunho do chamado. Escondia-me, a partir de 1977, pelos corredores da PUC/RJ, pensando, iludido, em ser engenheiro.
    Em março de 1978 estava no anexo da Fluminense, depois de rápida passagem pelo Betel, no Rocha. Mas o avesso nunca me deixou. E a vontade de voltar a me esconder entre a bagagem.
     Mas continuo exposto. Voltei-me para sarça de novo. Continua a arder. E me mandaram, de novo, tirar as sandálias. Nesse gesto, está aí minha vida toda, de novo, exposta.
     Definitivamente, não é o que eu queria. Mas estão já, com 63 incompletos, para maio deste ano. Chega de falar em minha vida. Foque na sua, que lê este texto.
    O que você se vê diante da sarça que arde? Para o que vais dizer a Deus "eis-me aqui"? Que valor Deus confere a tua vida e no que, especificamente, vai te usar?
    A fuga de Moisés deixou Deus tão irritado, que nos foi legado o texto difícil de explicar, que Deus o queria matar. Deve ser a gana que Deus tem de nos usar no contexto. 
     Todos temos um contexto. Nesta madrugada, revi meu contexto em minha família. Revi meu contexto em meu trabalho. Para quem conhece, vou esticar 680 km a oeste, a Cruzeiro do Sul.
     Revi meu contexto em minha congregação. Revi meu contexto em minha denominação. Em cada qual, sempre quis que Deus, de modo preciso, usasse minha vida para o bem que somente Ele conhece e tem poder para realizar. 
     Paulo Apóstolo, numa das cartas da prisão, disse que Deus opera em nós o querer e o realizar. Diante da sarça que ainda arde, eu me vi do avesso. Deus não me deixou fugir.
      Irritei-O muitas vezes, atrapalhando o que Ele queria que, de outra forma, de outro jeito, saísse pronto e subisse como agradável sacrifício de louvor a Ele. 
     Algumas vezes, como Moisés ou Jeremias, quis uma estalagem onde me esconder, para me refugiar, fugido da vida. Não consegui. Continuei exposto.
     Sem sandálias de novo. Avesso do avesso, como diz o profeta profano. Vendo que a sarça ainda arde. Deus chama de novo. Não consigo dar outra resposta que não seja "eis-me aqui".
   Sinceramente espero que seja a sua resposta também. Para o bem que Deus deseja, por meio de sua vida, realizar. 

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