sábado, 3 de agosto de 2019


        Meu professor de hidro
       
      A vida tem fases. 2018 gastei um tempo saudável fazendo hidroginástica na piscina do SESC. Aqui em Rio Branco, fica num bairro chamado Bosque. 

      Eu, Regina na ginástica e Ana Luísa no pilates. Eu, 18 ou 19h, poderia escolher a turma, mas preferia às 18, caso houvesse culto ou outro eventual compromisso às 19h.

      Cidade boa também por isso, distâncias curtas por carro. Walison era meu professor na hidro e de Ana no pilates. Gente boa, em todos os sentidos.

      Aula divertida, aqueles estilos semi-sertanejo, sei lá, que incluía aquele clássico "d. Maria, deixa eu namorar a sua filha...". Para dar ritmo e cadência. E funcionava. Mas são horríveis.  Grudam na memória. 

     Mas na aula dele, combinava.  Chamava-me Alexandre e, ao próprio, na aula de ginástica do outro prédio, mesma turma de minha filha, ele chamava Cid.

     Ria de sua própria troca. Papos à beira da piscina, gozações com a variedade de alunos e alunas, brincadeiras à vontade, enfim, o tipo cativante de professor. A gozação que fazia com minha filha era dela causar com modelitos na ginástica: "'Tá  investindo, hein Louise!?".

      Gozado o dia de friagem em que, além de chegar atrasado, coisa de minutos, mas ele era pontualíssimo, fiquei no carro e, lá para o final, pensando estar vazia a piscina, ladeei para ir ao banheiro.

      Ora, era o último a sair. Dei com ele, arregalei olhos, pego em flagrante, ele dizendo: "Não acredito, Cid!". Pego no flagra.  Justifiquei: "Água muito fria". Ele gargalhou, com a devida deferência, em respeito. 

       Afinal, eram 32 a 62. Sim, meu professor nasceu quando eu tinha 30 anos, morava no Rio e iniciava o namoro na igreja que pastoreei. Aliás, o fato de ser pastor foi a justificativa de minha palavra anteontem, no velório dele. 

      Entre outras coisas disse que os papéis se inverteram. Era esperado que o aluno fosse ao velório do professor. Também disse que ele cultivava entre nós o estímulo a tudo o que prolonga a vida.

      A esposa dele e a filhinha estavam lá. Toda uma família praticante de Taekwondo. Então eu disse que Walison, sim, entendia do que prolonga essa vida e de uma forma saudável. Seu corpo ali inerte não pôde bloquear a morte.

       Nenhum de nós pode. Daí a necessidade de pôr fé em Jesus. Porque somente ele venceu a morte. Todos da família sabem disso. Todos ali presentes ouviram isso. Ele conheceu, em vida, mais do que somente plenitude nesta vida.

      Conheceu vida eterna, que supera e se estende para além desta vida. Garantido pela fé em Jesus. A informação que obtive é de uma família inteira de crentes. Quebrou-se a família, nesse choque de realidade.

     Mas permanecem firmes as lutadoras mãe e filha. A dor sentida e represada indicava estar preparadas. Talvez por ele próprio. Porque lutou todo o tempo, agradeceu e se espantou com tanta solidariedade e orações por sua recuperação. 

     Aprouve a Deus. Um professor de Taekwondo no céu.  Será que anjos praticam essa modalidade? Conheci um que praticou.

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