sábado, 17 de outubro de 2020

Evangelho/Evangélico - Final

 3. Evangelho de Lucas: aborda genealogia num contexto diferente em relação a Mateus. Este deseja alinhar, por múltiplos de sete,  14 + 14 + 14, os ascendentes de Jesus, citando nomes-chave de sua genealogia. Lucas vai focá-la somente no cap. 3, dando outra ênfase à abertura de seu livro. 

     Vai priorizar o grupo que aguardava o cumprimento das profecias do Antigo Testamento, na melhor distinção do que Pedro comenta sobre o surpreendente de Deus: 

     "Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar. 1 Pedro 1:10-12.

    Por isso encontramos, no início de seu Evangelho, personagens como Zacarias e Isabel, os pais de João Batista, assim como José e Maria, sobre quem Lucas vai concentrar seu foco.

     Dele, reconhecido pelas características que ele mesmo indica, de detalhado investigador de tudo o que escreve, nas palavras dele "acurada investigação de tudo desde sua origem", é que vai nos transmitir o relato da entrevista de Maria com o anjo que lhe anuncia sua gravidez. 

     Maria é a virgem de quem Isaías prontamente profetisa: "Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel". Isaías 7:14. Daí dizermos que, nessa entrevista, Maria se assusta três vezes:

1. Com a simples aparição do anjo Gabriel em seus aposentos;

2. Com a distinção de que era agraciada, sem ainda conhecer as razões por quê;

3. E, para finalizar, quando o anjo arremata seu recado, mencionando a gravidez.

     O "como será isso, de Maria", em tom de esclarecimento, e não de contestação, como foi a mesma pergunta feita por Zacarias, permite que conheçamos, com detalhe, pela palavra do médico Lucas, o modo como Jesus foi gerado, gestado e nascido: 

     "E disse Maria ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço homem algum? E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus". Lucas 1:34,35.

     Pelo texto, compreendemos de que depende o evangelho e a que se refere, en função de sua principal personalidade:

1. a presença do Espírito Santo, assim como a virtude do Altruísmo, definem o modelo de geração de Jesus;

2. Por essa razão, ele é autenticamente chamado, uma vez nascido de mulher, porém gerado por Deus, Filho de Deus.

     A personalidade de Jesus está diretamente associada ao evangelho. Somente ele poderia, a um só tempo, anunciar e cumprir a proposta de sua mensagem, uma vez que, como diz a carta aos Hebreus 12,2, Jesus é "autor e consumador" da fé. 

     Lucas, o médico amado, como a ele se refere Paulo, faz questão de mostrar esse lado humano, incluído o relato da manjedoura, a apresentação do bebê no templo, o menino Jesus com os doutores, etapa a etapa o desenvolvimento do homem perfeito, o segundo Adão sem pecado, ao qual Paulo Apóstolo se refere. 

     Uma cena que bem simboliza o foco de Lucas, é como céu e terra, anjos e pastores, juntos celebram a solução divina para a queda hunana e a chance de reconciliação concedida por Deus. 

     A eles foi anunciado que, por um pouco, deixassem o gado nas campinas e corressem a ver o menino enkvolto em panos, de certa forma aceito, de outra forma rejeitado. Convite a crer e a enxergar a glória de Deus. 

4. Evangelho de João: este apóstolo dá um salto acima. Se o três Evangelhos anteriores são chamados sinóticos, ou seja, que veem por uma ótica comum a sucessão da história de Jesus, João avança até antes de Jesus ter nascido, para apresentá-lo como o Verbo de Deus. 

     Como se dissesse que a ação do Pai é somente uma, manifestada na revelação em e por meio de Jesus: "Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou". João 1:18.

       A noção grega do Logos representava um avanço em relação à fase intuitiva de, por exemplo, encarar cada manifestação da natureza como ação de Zeus, o deus supremo do Olimpo, na mitologia.

   O Logos era uma explicação mais racional para a organização do cosmos, na qual estava incluída tanto a sua concepção inteligente, como uma explicação mais definida, mais "científica", dos fenômenos naturais. 

    João, a partir de sua argumentação, assume a definição grega de Logos, Verbo, Palavra, esse princípio ordenador do cosmos, para dizer que, sim, no princípio era o Logos, o Verbo, porém, com uma correção, era propriedade de Deus e, avançando, João diz que não há "um Verbo", ou um Logos, mas que "o" Verbo, o Logos é Deus:

     "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. João 1:1-3.

     Dessa forma, João inicia seu Evangelho. Indica as origens eternas do Verbo de Deus, identificando-o como Deus e afirmando ser Jesus o Verbo que se fez carne:  "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade". João 1:14.

     E logo passa a discorrer sobre sua identificação entre nós, por meio de João Batista, que aponta Jesus como o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, sendo o Batista um sacerdote fora de função, como Ezequiel e Jeremias, que confirma a vinda de Jesus e o indica como quem batiza no Espírito Santo. 

     Foi dessa maneira, enquadrado pela turma de Jerusalém, que veio reprová-lo por praticar o ritual peculiar, com exclusividade, aos sacerdotes, de dentro do templo, para fora, a que chamou "batismo de arrependimento", ele os desafiou a identificar entre eles o Messias prometido, por eles ignorado.

     E ainda foi surpreendido por Jesus, que veio por ele ser támbem batizado, ao mesmo tempo legitimando o batismo de João, quanto, definitivamente, demonstrando que sua identificação com o ser humano é total, exceto no pecado. 

    O evangelho, em João, está associado com a salvação que Deus, em Pessoa, realiza, encarnado  como Filho, que batiza no Espírito Santo. Toda a Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo empenhados em salvar, em Cristo, por meio do evangelho:

    "Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória". Efésios 1:13,14.




     

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