Muito jeito há de falar
Mas há uma gente de destaque
Que só com Cordel se consegue
Espalhar verdades sem desfalque
Gente essa notável
Com traços por todo esse Brasil
Iguais a eles não existe
De tão brava e varonil
Acho que você nem adivinha
Ora, mas era para saber
Deixa todo esse desligamento
E preste atenção para aprender
Essa é a gente nordestina
Que não cabe em si de tanto valor
Por isso segue sua vida vivendo
Por toda a parte espalhando amor
Gente corajosa, igual a ela, não tem
Cada pedaço desse país
Marcas de todos eles contém
Para onde se olha, como eles, ninguém
Eu, no Acre, há quase 30 anos
Nesta terra para onde eles vieram
Desbravando selvas, rios e varadouros
Coragem, resistência, rico tesouro
Para cá trouxe neta de nordestino
Não só no nome, principalmente na fé,
Celestino
Fibra que vem das terras de Sergipe
Unindo forças com outros, neste mesmo
destino
Numa terra desbravada por cearenses
Há gente de outros nordestes neste ninho
Numa só irmandade com os de raiz
Indígenas, caboclos, negros e
ribeirinhos
Mas o que quero mesmo contar
Embora esteja aqui distante
De outras paragens mais ao sul
É fato muito interessante
Causo que abalou os céus
Que vive em sua tranquilidade
Foi a chegada de uma delas
Recebida com muita intensidade
Lá em cima tudo é motivo de festa
Uma festeira a mais já é motivo
Segura que vem novidade
Da gota serena com autêntico tino
Talento natural já pressentido
Ora, nem anjos sabem o momento
Que por ordem do Divino
Chega mais um para o evento
Conversam em si, mas somente supõem
Se bem que bem perto da hora,
Aí que alguma dica tem
Porque para a chegada, todo mundo vêm
Conversa entre anjos, um ao outro
pergunta:
Sabe quem vem? O outro responde:
Não seja desligado, essa notícia ninguém
tem
Ora, mas cabe uma dica que seja, desse
novo alguém
Ora, é gente nordestina. Para emendar,
mulher
Assunteira, dizem, exigente, com certeza
Já vai chegar de olho na organização
Porque com ela, não tem bagunça não
Bem-humorada, outra dica, onde chega,
tudo alegra
Fala cantada, como que acentua explicando
o que diz
Sábia e arguta, de dentro dela, lá do
fundo
Vem sempre o bem que espalha a todo
mundo
Mas não contraria, senão ela se
espana...
Ora, mas céu não é lugar de alteração,
um diz
Mas pode crer que vai contrariar a
tradição
Porque teima santa também se condiz
Três coisas já combinaram, pode prestar
atenção:
Prioridade para o vozeirão e a
gargalhada
Busca primeira pela família, em abraço
caloroso
Depois, vai olhar ao lado, vendo se acha
algo duvidoso
Nossa turma angelical, até já combinou
Desarruma alguma coisa, só para ela de
pronto notar
Vai dar gosto ouvir sua voz tônica e
marcada
Aponto onde que deve haver apronto
Pode esperar, vai perguntar pela cozinha
Na qual sempre foi Mestra
É melhor organizar o ambiente
Porque, sem comida, não vai haver festa
E olhe, tudo muito ajeitado, que não
esqueçam o vinho,
Aliás, lembrem disso ligeiro
Porque o primeiro a se avistar,
Não tenham dúvida, será o Loureiro
Depois Celestino pai, Oscarina mãe
Heraldo, o Benevides, e tome gente
Vai ser difícil enumerar
Porque muitos e muitos vão chegar, de
repente
Igual diz no Apocalipse,
Gente que não acaba mais
É festa, é cântico, é dança
No céu, tudo nunca é muito ou demais
Só uma dúvida, pergunta o anjo
desligado:
Não entendi essa história de cozinha.
Te apruma, esperto: se não tinha, agora
tem
Contrariedade com ela, já disse, não
convém
Lembre que Jesus, logo ressuscitado,
No caminho de Emaús, conversou, entrou e
comeu
Festa no céu, se cozinha não tinha,
Pode aprontar, que quem vem chegando é
Mirinha.
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