segunda-feira, 10 de abril de 2023

Quando Miriam Loureiro chegou no céu

Muito jeito há de falar

Mas há uma gente de destaque

Que só com Cordel se consegue

Espalhar verdades sem desfalque

 

Gente essa notável

Com traços por todo esse Brasil

Iguais a eles não existe

De tão brava e varonil

 

Acho que você nem adivinha

Ora, mas era para saber

Deixa todo esse desligamento

E preste atenção para aprender

 

Essa é a gente nordestina

Que não cabe em si de tanto valor

Por isso segue sua vida vivendo

Por toda a parte espalhando amor

 

Gente corajosa, igual a ela, não tem

Cada pedaço desse país

Marcas de todos eles contém

Para onde se olha, como eles, ninguém

 

Eu, no Acre, há quase 30 anos

Nesta terra para onde eles vieram

Desbravando selvas, rios e varadouros

Coragem, resistência, rico tesouro

 

Para cá trouxe neta de nordestino

Não só no nome, principalmente na fé, Celestino

Fibra que vem das terras de Sergipe

Unindo forças com outros, neste mesmo destino

 


Numa terra desbravada por cearenses

Há gente de outros nordestes neste ninho

Numa só irmandade com os de raiz

Indígenas, caboclos, negros e ribeirinhos

 

Mas o que quero mesmo contar

Embora esteja aqui distante

De outras paragens mais ao sul

É fato muito interessante

 

Causo que abalou os céus

Que vive em sua tranquilidade

Foi a chegada de uma delas

Recebida com muita intensidade

 

Lá em cima tudo é motivo de festa

Uma festeira a mais já é motivo

Segura que vem novidade

Da gota serena com autêntico tino

 

Talento natural já pressentido

Ora, nem anjos sabem o momento

Que por ordem do Divino

Chega mais um para o evento

 

Conversam em si, mas somente supõem

Se bem que bem perto da hora,

Aí que alguma dica tem

Porque para a chegada, todo mundo vêm

 

Conversa entre anjos, um ao outro pergunta:

Sabe quem vem? O outro responde:

Não seja desligado, essa notícia ninguém tem

Ora, mas cabe uma dica que seja, desse novo alguém

 

Ora, é gente nordestina. Para emendar, mulher

Assunteira, dizem, exigente, com certeza

Já vai chegar de olho na organização

Porque com ela, não tem bagunça não

 

Bem-humorada, outra dica, onde chega, tudo alegra

Fala cantada, como que acentua explicando o que diz

Sábia e arguta, de dentro dela, lá do fundo

Vem sempre o bem que espalha a todo mundo

 

Mas não contraria, senão ela se espana...

Ora, mas céu não é lugar de alteração, um diz

Mas pode crer que vai contrariar a tradição

Porque teima santa também se condiz

 

Três coisas já combinaram, pode prestar atenção:

Prioridade para o vozeirão e a gargalhada

Busca primeira pela família, em abraço caloroso

Depois, vai olhar ao lado, vendo se acha algo duvidoso

 

Nossa turma angelical, até já combinou

Desarruma alguma coisa, só para ela de pronto notar

Vai dar gosto ouvir sua voz tônica e marcada

Aponto onde que deve haver apronto

 

Pode esperar, vai perguntar pela cozinha

Na qual sempre foi Mestra

É melhor organizar o ambiente

Porque, sem comida, não vai haver festa

 

E olhe, tudo muito ajeitado, que não esqueçam o vinho,

Aliás, lembrem disso ligeiro

Porque o primeiro a se avistar,

Não tenham dúvida, será o Loureiro

 

Depois Celestino pai, Oscarina mãe

Heraldo, o Benevides, e tome gente

Vai ser difícil enumerar

Porque muitos e muitos vão chegar, de repente

 

Igual diz no Apocalipse,

Gente que não acaba mais

É festa, é cântico, é dança

No céu, tudo nunca é muito ou demais

 

Só uma dúvida, pergunta o anjo desligado:

Não entendi essa história de cozinha.

Te apruma, esperto: se não tinha, agora tem

Contrariedade com ela, já disse, não convém

 

Lembre que Jesus, logo ressuscitado,

No caminho de Emaús, conversou, entrou e comeu

Festa no céu, se cozinha não tinha,

Pode aprontar, que quem vem chegando é Mirinha.

 

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