quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

     A verdade sambou

     Deve-se esperar dela postura. Mas é inegável sua capacidade para se dizer, sua clássica função, do modo mais simples e acessível possível.

     Daí dizer:  "Clareô...ôô...ôôô..ôô..ôôô..". E dessa forma combina com outra tradição milenar, que é a do Livro. Samba, no dizer banal, e Livro, no requinte de sofisticação acadêmica, então se encontram.

      O Livro diz que Deus disse "haja luz" e o samba manda clarear. Ora, no barato, que barato, dizem igual. Se Deus do caos disse haja luz, o samba dizer que Clareô..ôôôô está inteiramente certo.

       No banal e no barato, se do caos, que deve ser escuro, o Altíssimo fez brilhar, que dirá o foco de luz que vai clarear dentro do coração.

      Precisa o sambista advertir. Numa linguagem próxima daquela de Jesus. Muito popular esse Mestre. Afinal, sua linguagem é próxima de uns ou de outros?

      É melhor dizer de uns e de outros, para ficar no equilibrista, dizer que Jesus fala simples, como sambistas, assim como fala com e como doutor.

      Assim agradamos uns e outros. Mas advirto que, por singeleza e proximidade com menores, natural (e incomodativa para alguns, admite-se), a preferência de Jesus era mesmo a marginália.

      Quem não se considera menor, vai ter dificuldade de entender Jesus. Aliás, para compreender o Mestre, vai ter de clarear. Clareô..ôôôô..ôô.

      Desculpe aí. Jesus joga luz no teu caos. Jesus reorganiza teu mundo. Põe luz na tua existência. Então, clareou. Haja luz, e houve luz, diz o Livro.

      Clareou, diz o sambista.

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