terça-feira, 24 de novembro de 2015

Mal traçadas linhas 1


          Ora, milagres.
     
           Por minha própria conta e risco, inicio estas linhas que, por bem ou por mal, podem ser as primeiras ou últimas. Tratar-se-á, mesocliticamente falando, de uma série, obviamente, de mal traçadas linhas porque, pela própria, de novo, natureza desta provocação, deverão ser, pelo menos, mais de umas. Ou, quem sabe, estas serão as únicas.
       
      A temática destas primeiras mal traçadas segue após o título que vai estampado logo aí, abaixo:
             
       Falando sobre milagres na Bíblia

(ou, outra sugestão de título,) 

       Esse negócio de milagre, como a Bíblia descreve, aconteceu mesmo? 

     A razão de ser desta temática envolve a recente divulgação e discussão, na mídia, dos milagres, nem sei se devo escrever ‘milagres’, relacionados à novela recordiana (Rede Record) ou, quem sabe, à novela Universal “Os Dez Mandamentos”.
            
       O método a ser utilizado nestas primeiras e, talvez, últimas mal traçadas linhas será aquele, ou este, de 5 perguntas. Pretende-se, com elas, ilustrar a questão ou, quando muito, provocá-la. Vamos a elas:

1.     Deus existe?

      Evidentemente que, para uma parcela grande de pessoas, entre as quais eu me incluo, ele, desculpem-me, Ele existe. Pois bem, vamos adiante. 
2.     A Bíblia indica, pelo menos, mais ou menos, quem é esse Deus? 
      Bom, aqui, mesmo para aqueles que acreditam na Bíblia, entre os quais, mais uma vez, eu me incluo, não vai dar para dizer que a Bíblia fala tudo ou, devo grafar, Tudo sobre Ele. Vamos nos contentar com a seguinte afirmação: a Bíblia dá (várias) pistas seguras sobre Quem é Deus. 
3.     Entre o que a Bíblia fala sobre Deus, os milagres – bom, aqui vamos enquadrar, especificamente, aqueles indicados na novela Universal, quais sejam, os indicados pela história do livro de Êxodo – seriam possíveis de ser realizados por Deus? Perguntando de outra forma e, no caso, generalizando: 
        O Deus indicado na (ou pela) Bíblia seria capaz de realizar os milagres que a mesma Bíblia indica que Ele realizou (entre os quais, ressuscitar mortos, este, fundamental, para que possamos acreditar que Ele ressuscitou Cristo, que é o ponto fundamental do Cristianismo)? 
4.     Se Ele seria, ou é capaz de realizar esses milagres descritos na Bíblia ou, numa outra redação desta mesma pergunta argumentativa: Se o Deus que a Bíblia descreve realiza os milagres ali indicados ou se tem poder para realizá-los, por que tanta relutância em aceitá-los como possíveis (ou passíveis) de ter ocorrido?
        Vamos, por exemplo, admitir um desses milagres, este descrito no Gênesis, que foi (ou é, ainda) a Criação do Universo. Indico este, porque a própria Bíblia diz que este milagre, que por ele, o homem, qualquer homem (ou mulher, genericamente falando) tem condições de, deparando a Criação, crer que Deus existe. Por isso estou mencionando este milagre.
       Sim, evolução, Darwin diria. Não vamos, aqui, na economia destas mal traçadas linhas, pôr Deus X Darwin. Vamos supor que Deus disse “Haja luz” e que houve luz. Aí, essas partículas de luz, num desatino qualquer que, evidentemente, estava no programa da Providência (divina) entraram em choque (vide LHC - Large Hadron Collider), surgiu a matéria e, posteriormente, num dado tempo sideral, houve o Big Bang.
      Ainda assim a Bíblia diz que, por meio da criação, podem ser conhecidos (1) os atributos de Deus, (2) Seu poder e (3) Sua divindade. Por isso citei esse primeiro e primordial milagre: a Criação. Pois bem, vamos supor que Ele realizou pelo menos esse (caramba, se, pelo menos esse não atribuirmos a Ele, daqui a pouco não sobrará nada para Deus ter feito, nem mesmo na semana primordial inicial... Ha Ha Ha Ha...).
       Aí, também, meus camaradas, permitam-me dizer, nem vai ser preciso Deus existir...
           Bom, isto posto, ou seja, se, pelo menos, esse milagre Ele realizou, mesmo no contexto dos esclarecimentos darwinianos, a última pergunta: 

5.      Por que tanta relutância em admitir que o Deus que a Bíblia mais ou menos descreve seja capaz de realizar os milagres que ela própria, a Bíblia, descreve?
          Algumas hipóteses para tentar explicar essa relutância:
 1. A Bíblia é um livro ilustrativo, obra literária que deve, sim, ser apreciada ou entendida, porém por métodos e critérios diversos e diferenciados ou, por outra via, se vamos supor que Deus deve andar, por aí, desde a eternidade, aprontando e fazendo dos Seus milagres, não são exata e precisamente esses aí descritos no Livro;
 2. Não se encaixam em nossa mentalidade (pós)moderna essas descrições ou esses milagres assim descritos ou, em outras (mal traçadas) palavras, não dá para engolir essa(s) ou esse(s) milagre(s): a Idade Média e a Antiguidade já passaram, do Renascimento para cá o homem já emplacou sua maioridade. E nela, definitivamente, não cabem mais essas crendices;

3  E, exata e precipuamente, nessa virada de século, melhor, naquela virada de século, refiro-me à passagem do século XIX para o XX, fomos, incluídos nós, os protestantes, também resgatados dessa nossa infância na compreensão do Livro (refiro-me à Bíblia), quero dizer, milagres, sejam eles de que natureza sejam, incluídos aqueles tão prosaica e simbolicamente descritos nos Evangelhos, atribuídos a Jesus, já têm sua dimensão, interpretação e devidos esclarecimentos, bastando para isso recorrer aos manuais para que nenhuma dúvida ou má interpretação prevaleçam.

        Pronto. Finalizam, aqui, estas mal traçadas linhas. Caracterizam-se, também, por sua prolixidade, o que fica comprovado que, além de serem mal traçadas, são, demasiadamente, extensas. Vai aqui, embutido, o meu pedido de perdão.

            Bom, porém, mesmo assim, à guisa de esclarecimento, deve faltar, eu presumo, concluir dizendo que sim, eu acredito nos milagres assim como estão descritos na Bíblia. Pretendi, com estas mal traçadas, discutir razões por que há quem não creia.

            Para citar um último deles, daqueles considerados os mais absurdos, lembro aqui Jonas, o náufrago suicida, o profeta que sobreviveu nas profundezas abissais dos oceanos, por três dias, no ventre de um peixe. Argumento: o que se torna mais absurdo? Crer na possibilidade de Jonas ter respirado no ventre daquele peixe anônimo ou na possibilidade de que o defunto Jesus, que por tês dias esteve morto, ressuscitasse ao terceiro, na madrugada daquele domingo?

           Bem, para crer, para ser aprovado na infância da fé, não é prioritário crer na história de Jonas. Mas é prioritário crer na história de Jesus. E cá, entre nós, absurdo por absurdo, crer na possibilidade de ressuscitar um morto de três dias é muito mais exigente do que crer na possibilidade de Jonas ter respirado oxigênio ou hibernado no ventre do peixe.

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