terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Nosso amigo José de Arimateia


"E eis que certo homem, chamado José, membro do Sinédrio, homem bom e justo
(que não tinha concordado com o desígnio e ação dos outros), natural de Arimateia, cidade dos judeus, e que esperava o reino de Deus, tendo procurado a Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus, e, tirando-o do madeiro, envolveu-o num lençol de linho, e o depositou num túmulo aberto em rocha, onde ainda ninguém havia sido sepultado. Era o dia da preparação, e começava o sábado".   Lucas 23:50-54
       
       Um homem chamado José de Arimateia. Certo dia, deram a ele um recado, que ele estranhou muito. Porque tinha feito um bem, sem olhar a quem. 
     Quer dizer, ele sabia, sim, da história de um tal nazareno. De quem ouviu falar, que andava, por toda a parte, pregando o amor, curando e libertando oprimidos, enfim, praticando o bem a todos. 
     Um pequeno grupo passou a seguir-lhe os passos. Alguns interesseiros, diga-se, que somente queriam para si mesmos. Mas logo se decepcionaram, porque o filho de carpinteiro repartia tudo e com todos. 
     Não demoraria muito, logo percebeu Arimateia, as autoridades judaicas dele fariam intriga com os romanos e, como ocorreu, numa sexta-feira sombria, crucificaram-no entre dois ladrões. 
     José de Arimateia, talvez, não avaliasse, ainda, o impacto que essa história faria nele. Como esse tipo de homem, que somente espalhava o bem, quer dizer, uma hora ou outra, mas nunca sem razão, expunha mazelas dessas mesmas "autoridades", teria sido tão brutalmente supliciado?
     Chovia muito. Ele refletiu sobre o trabalho duro que teriam seus seguidores para o sepultar. Bem sabia que havia, sim, discípulos. Mas que também, nessa hora, somente as mulheres tiveram coragem.
    É certo que um deles, um certo João, talvez até o mais novo entre todos, esteve lá, no Monte da Caveira, com a mãe dele, do crucificado. Então, Arimateia deduziu, para despregar da cruz o morto, há expediente. 
    Sim, mas onde vão sepultá-lo? A ideia como que explodiu-lhe dentro da cabeça: "Ora, no meu túmulo!", disse, arregalando bem os olhos. Arimateia deu seu túmulo. Um desses de gente rica.
    Porque ele era liderança, ele sim, autoridade sem "aspas", autêntico, mais para povo do que para elite. Deu o seu túmulo, definitivamente. Mas maior foi seu espanto, quando lhe vieram avisar: Arimateia, o túmulo está vazio.
     Arregalharam-se seus olhos: típico nele. Como, vazio!? Vazio, ora. Umas mulheres, de novo elas, saíram espalhando que o morto voltou à vida. Ora, mulheres, quem vai acreditar nelas?
   Sim e daí, perguntou o José? Bem, dois dos discípulos dele foram ao seu túmulo, mas não encontraram nada e ninguém. O pessoal dos romanos mandaram espalhar que o corpo foi roubado pelos discípulos dele. Mas essa tal ideia de que ele, como é mesmo que diz, res... res-sus-ci-tou, isso, voltou dentre os mortos, parece que essa ideia está "pegando".
     Arimateia agradeceu o recado dado e avisou que iria lá ver e reaver o túmulo vazio. Desde essa época, pelo menos dois grupos há, quem acredita na história da ressurreição e os que não acreditam. 
    Arimateia foi pego no sobrepasso. Parece que a história apanhou-o desprevenido. Mas essa história pega qualquer um desprevenido. Porque ninguém pode dizer que não acredita na morte.
   Mas quanto à ressurreição, bem, enquanto for vivo há, pelo menos, essas divisão em dois: quem acredita e quem não acredita. Mas, quanto a Arimateia, sua espontaneidade em ceder seu túmulo de rico, isso não tem como negar, prevaleceu em toda essa história. 
     Havia uma profecia relativa a Jesus que, com o rico, estaria na sua morte. Em vida, alguns poucos dessa classe o reconheceram. Sim, citam-se, por exemplo, Mateus e Zaqueu, judeus funcionários romanos coletores de impostos, odiados por seus patrícios. Mas seguiam Jesus, mudados de vida.
     O relutante Nicodemos, da mesma turma de Arimateia, membros do partido farisaico. Isso demonstra que nem todos os ricos são mesquinhos. Que sigam o exemplo de José de Arimateia. 
    Temos o nosso José de Arimateia. O Ogan amigo de padres, pastores, ateus, enfim, homem sem fronteiras. Autoridade, sim, entre seus irmãos de fé, professor e advogado. 
    Também de arregalar os olhos, quando depara injustiças. Exemplo também para ricos, muito embora não pertença a essa classe social. Está mais para o grupo de discípulos do nazareno. 
    Certamente o acolheria e, por ele, seria acolhido. Como diz no texto, o nosso também é richento: "homem bom e justo (que não tinha concordado com o desígnio e ação dos outros)".
 Nosso Arimateia também é um inconformado.  
     Continue assim, amigo, sendo somente esse nosso José de Arimateia. Justo, bom e inconformado com certos "desígnios e ação" dos outros. Estamos juntos.

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