sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Casamento no mundo atual - 2

2.  Método bíblico de abordagem

      Outra tendência atual é a tentativa de modificações do texto bíblico, no intuito de adaptá-lo à visão de variedade de gênero adotada, de modo geral, nos discursos da sociedade moderna no mundo todo. Ora, alterar o texto bíblico ao gosto do freguês nada resolve, por duas razões: (I) a mais óbvia, é que quebra a autenticidade do próprio texto; (II) a outra, é que mascara o que já foi dito, sem esconder o que já está lá escrito. Portanto, resta outra solução, não menos óbvia, que é a solução hermenêutica, ou seja, entender o texto, aplicado ao nosso tempo. O problema, melhor dizendo, a solução para entender a argumentação bíblica está em situar no Gênesis o ponto de partida de sua cosmovisão. Vamos repetir aqui, a fim de aplicar a esta argumentação: o texto bíblico diz que Deus criou homem e mulher, macho e fêmea, abençoando-os e dizendo “crescei e multiplicai-vos”, ou mais claramente, “façam sexo e gerem filhos”, para povoar o planeta. Ora, deduzem-se duas coisas: (I) a concepção original bíblica para o casamento é heterossexual, monogâmico e indissolúvel; (2) constituem-se em família homem, mulher e filhos gerados dessa relação. Então, todos os textos seguintes estarão em acordo com essa concepção. Ou seja, se a relação heterossexual é posta como padrão, qualquer outro gênero de relação será, no texto bíblico, reprovada. Trata-se de coerência com uma cosmovisão previamente adotada. Retornando ao texto bíblico, em sua sequência, ocorre o que está indicado em Gênesis 3, que é a narrativa da queda: homem e mulher, com relação a todas as suas decisões e conduta, optam, por sua atitude, a não levar sempre a efeito o padrão de Deus. Daí que, com a continuação da história, por exemplo, a Bíblia já indica a decisão de um homem escolher, para si, duas esposas. Deduzimos, então, que nesta e em outras muitas escolhas, homens e mulheres escolhem conduzirem-se, se quiserem ou não, pela vontade de Deus. Aonde esta argumentação nos conduz? A dizer que, os que desejam seguir o que a Bíblia expressa, que o façam. Os que não desejam seguir, também o façam. Há liberdade dada por Deus para esses dois grupos. Mas, por favor, os que decidirem não seguir o modelo bíblico deixem o texto como está. Ridículo ir à Bíblia para modificá-la. Ora, digo ridículo porque, se todos os que não seguem o modelo de conduta indicado nas Escrituras lhe quisessem modificar o texto, teríamos milhões de “Bíblias”. Assuma sua conduta com coragem, seja ela a que condiz com o texto bíblico ou a que não condiz. Mas caso assuma a que não condiz, não queira, ao inverso, justificar-se pelo texto. Por que está tentando buscar, exatamente, na Bíblia, a sua justificativa para não fazer o que ela diz? Sustente a sua decisão por si, conteste o Livro e siga adiante. Ou será que sua postura não é suficientemente segura para que você a assuma, sem a necessidade de perverter a fonte bíblica?

3. Homossexualidade na Bíblia 

       Não faremos um exaustivo estudo aqui deste assunto. Apenas citaremos textos que atendam ao objetivo desta lição, que é: (I) situar a proposta bíblica de casamento no contexto social atual; (II) indicar que, sem fugir ou distorcer o texto bíblico, é possível convivência respeitosa entre os grupos a favor ou contra o modelo bíblico exclusivo de casamento. Um dos primeiros textos sobre homossexualidade, ainda no Gênesis, diz respeito à destruição das cidades de Sodoma e Gomorra. O termo “sodomia”, que significa “sexo anal”, deriva do nome da cidade, pois Gn 19.5 narra que homens cercaram a casa de Ló, sobrinho de Abraão, para que os homens de “boa aparência” nela abrigados – na verdade, pelo texto bíblico, eram anjos – fossem dados a eles para que abusassem sexualmente deles. Modernamente já presenciei citações dessa história e das orgias praticadas naquelas cidades como não negativas, porém como procedimentos naturais, como se fossem uma festa de vale tudo. Aliás, frequentemente, praticadas em variados níveis da população, basta ver links na internet. Vamos aplicar a esse texto o método acima sugerido, definindo dois grupos: (I) os que se escandalizam com a sugestão daqueles sodomitas e seguem a argumentação bíblica; (II) os que não seguem a argumentação bíblica, e julgam natural aquela sugestão. Aliás, já falamos sobre sexualidade e reafirmamos aqui que o texto bíblico tem, em suas páginas, exemplos negativos e positivos. Com relação a estes, repetimos que, na Bíblia, sexualidade: (I) cumpre o papel da atração recíproca homem e mulher, como define o Gênesis; (II) deve ser ensinada, acompanhando o desenvolvimento das crianças, aprendida, de início, no contexto da família; (III) tem seu clímax no ato sexual, o qual deve ser praticado no matrimônio que, em si, é confirmação de maturidade e pressupõe condições de manutenção de um compromisso permanente. Portanto, sexualidade, na Bíblia, insere-se num contexto de educação sexual, que postula direcionamento para uma relação heterossexual, assim como continência, a fim de que seja dirigida exclusivamente para o casal, homem e mulher, no contexto do matrimônio. Portanto, práticas homossexuais não condizem com a cosmovisão bíblica, já definida a partir do texto da Criação, no livro do Gênesis. Não há por que tentar modificar essa cosmovisão. Trata-se de adotá-la, ou não. Os que a adotam, não devem impor sua própria visão a outros ou acusar os que não a aceitam. Daí vão se derivar as posturas de convivência respeitosa de parte a parte. (continua)

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