quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Acidente em Deodoro


  Meus pais descreviam essa noite, ali em Cascadura, onde residiam, com as pessoas saindo para a Rua Mendes de Aguiar, algumas com camisola e pijamas, assustadas, sem saber ao certo o que acontecia. Cid e Dorcas percorreram o corredor que os separava do povo, visto morar no 90, ap 102, Fundos, em Cascadura. O meu imaginário de criança desenhava essas cenas e até hoje nos fragmentos de memória, tornou-se uma recordação viva de um recorte da infância em narrativa dos pais.

 O ACIDENTE DE 1958 EM DEODORO-RJ

" ABALOU BANGU "
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Fonte : Arquivo Nacional
No Dia 02 de agosto de 1958 pouco depois da conquista da Copa do mundo, uma explosão gigantesca iluminou o céu, sacudiu o chão, rachou paredes e estilhaçou vidros em diversos bairros como Bangu, Marechal Hermes, Ricardo de Albuquerque, Tijuca e Grajaú .
O estrondo foi tão intenso que muitos moradores deixaram suas casas em pânico, sem saber o que ocorria, questionando se era guerra, revolução ou até um acidente nuclear .
Relatos apontam que sepulturas foram arrancadas no cemitério de Ricardo de Albuquerque e restos mortais apareceram flutuando na Praia de Ramos, quilômetros distante .
O complexo militar era o maior da América Latina, com 10 paióis e cerca de 60 depósitos de armas e munições — ou seja, armazenava armamento suficiente para gerar destruição em larga escala .
Ao longo de três dias houve várias explosões, cada vez mais intensas, ampliando o terror entre a população .
O evento gerou a expressão popular “abalou Bangu”: nas primeiras versões dizia-se que o estrondo "abalou Deodoro até Bangu" — com o tempo, virou apenas “abalou Bangu”, significando algo que causou grande impacto .
O historiador Luiz Antonio Simas classifica a explosão como uma das maiores tragédias da história do Rio de Janeiro .
Moradores de regiões como Nilópolis, Marechal Hermes e Bangu relatam ter acordado no meio da madrugada com clarões e estrondos seguidos — muitos correram em pânico e foram orientados pelo Exército a se deitarem no chão a cada novo estouro. Alguns desses relatos fazem parte de crônicas e redes sociais .

Jamais, em toda a história da nossa cidade, houve uma madrugada tão alucinante, tão aterrorizante, tão inesquecivelmente catastrófica quanto aquela de 2 de agosto de 1958. O Estado ainda respirava os ares de euforia da conquista da Copa do Mundo na Suécia, quando, perto da meia-noite, o inferno se abateu sobre o Rio. 
De repente, um estrondo apocalíptico rasgou o silêncio da noite. Uma explosão colossal, vinda da serra do Gericinó, incendiou o céu, fez o chão tremer como em um terremoto, rachou paredes, estilhaçou vidros e lançou o pânico sobre Bangu e arredores. Homens, mulheres e crianças, em puro desespero, abandonaram suas casas em fuga cega, agarrando filhos e o pouco que podiam carregar, enquanto corriam para longe daquela luz fantasmagórica que anunciava o caos. 

E então... novas explosões. Cada uma mais violenta que a outra, sacudindo a cidade, alimentando o terror. "O que está acontecendo?", gritavam uns aos outros, entre lágrimas e preces. Seria uma guerra? Uma revolução? O Brasil havia sido atacado? Ou seria, Deus nos livre, o fim do mundo?
Só no dia seguinte, quando os jornais estamparam a notícia em manchetes gigantescas, o pesadelo ganhou nome: o maior depósito de munições do Exército, em Deodoro, havia explodido. Um complexo monstruoso, o maior da América Latina, com dez paióis e 60 depósitos abarrotados de armas e explosivos capazes de varrer o Rio do mapa. E, naquela noite, quase o fizeram. 
O impacto foi tão brutal que túmulos no cemitério de Ricardo de Albuquerque foram despedaçados, e restos humanos – sim, ossadas de mortos – foram encontrados flutuando na Praia de Ramos, a quilômetros de distância. Imaginem o poder daquela explosão.
Foi um evento tão grandioso, tão aterrador, que marcou a alma de todo carioca que o testemunhou. Até hoje, quem viveu neste período, lembra com clareza daquele dia em que o céu pegou fogo e a terra rugiu. O dia que abalou Bangu.


OUTROS DEPOIMENTOS:
Luciano Torres
Só queria saber o que aconteceu na Tijuca e no Grajaú que estavam tão longe. E não citaram Realengo,Vila Militar,Bento Ribeiro, Oswaldo Cruz, Anchieta,Olinda,Nilopolis,Paraná e outros bairros mais próximos. Tem muita fantasia nessa narrativa, detalhe tenho 79 anos e nessa época morava em frente a estação de Anchieta e vi e passei essa tragédia, por falo que tem alguns fatos que não condizem extrapolando em algumas situações.

Maria Freitas
Meu pai morreu lutando por uma indenizaçaõ,
Com 18 anos na época.. Servia sua amada Patria estava de serviço nesse dia fatídico...
Meu pai lutou e lutou muito pois nao foi só ele tinha outros companheiros na mesma luta..
Enfim ficou a luta a decepçaõ e o pior sequelas pcicologicas..
Nós filhos ..vimos nosso pai se sentir humilhado com tanto descaso..
Meu pai morreu ainda buscando a tal indenizaçao que nunca veio..
O que nos resta é lamentar...naõ pela indenizaçaõ... mas pelo descaso das vidas dos soldados que nesse dia estavam no cumprimento do seu dever.

Cristiane Aparecida
Na época meu pai tinha 8 anos morador de Realengo ,ele contou que ele os irmãos a mãe e o pai saíram a pé de Realengo até compo grande de madrugada contou que foi horrível parecia que o mundo estava acabando

Marcia Alves
Foi sinistro mesmo.
Nessa época eu tinha nove anos e morava em Olinda-Nilopolis.
Acordamos com os estrondos terríveis e labaredas muito altas.
Pessoas a pé, com roupas de dormir, crianças no colo, cachorros e gatos, fugindo de Deodoro, Ricardo, Guadalupe em direção à Nilópolis ou até Nova-Iguaçu.
Um verdadeiro terror.

Ana Paula de Barros
Minha mãe MORAVA no BLOCO 19 fica perto e tiveram q sair correndo com a roupa do corpo. Ela lembra perfeitamente tudo q aconteceu. Meu avô teve q pedir no rádio que localizasse a família pois não estava em casa no momento. Várias família afetadas. As pessoas foram abrigadas na casa de pessoas que nem se conheciam. Em Marechal Hermes, Ricardo de Albuquerque, Osvaldo Cruz e etc os moradores ouviram e abrigaram as pessoas q estavam fugindo.

Sheila Pinheiro da Silva
Eu morava em Iraja tinha 6 anos,e tivemos que correr sem paradeiro deixando tudo para trás eram bolas de fogo no céu e as pessoas gritavam dizendo e o fim do mundo,Até que anunciou no rádio que foi explosão nos paiois da Reduc.Nunca mais esqueci desta cena

Nelma Carneiro
Eu e minha família morávamos na rua Itaím em Coelho Neto, passamos a madrugada sentados na calçada, os vizinhos também, as crianças todas enroladas nos lençóis apavodos. Lembro que foi horrível. As explosões eram altíssimas

Fátima Nascimento
Eu tinha só 5 anos ,mas lembro bem dessa noite, pessoas andando pelas ruas na madrugada, rezando e fugindo, de camisola,roupa de dormir, eu não entendia nada, mas sabia q algo ruim estava acontecendo, morava em Bangu, na antiga Rua do Retiro, hj Ministro Ari Franco.

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