domingo, 31 de agosto de 2025

Pelé Branco

Belo Horizonte, 1968. Recebendo a reportagem da revista "O Cruzeiro", de volta da excursão da seleção brasileira treinada por Aymoré Moreira, Tostão abriu o verbo contra o médico Lídio Toledo e o preparador físico Admildo Chirol. "O médico Lídio Toledo e o preparador físico Admildo Chirol estavam nesta seleção para servir à imprensa carioca e aos jogadores do Botafogo, transformando o ambiente num verdadeiro inferno. (...) o médico e o preparador físico sempre inventaram machucados em alguns jogadores para substituí-los por seus preferidos (...) os jornalistas cariocas exigiram de Lídio Toledo e Admildo Chirol a escalação de Carlos Roberto em meu lugar (...). (...) Na Tchecoslováquia (...) tive uma pequena contusão (...), mas tinha condições de atuar contra a Iugoslávia, (...) mas Lídio Toledo fez tudo para me convencer de que não estava bom e que seria muito arriscado entrar em campo. Reagi, afirmando que me sentia bem fisicamente e só não entraria em campo por motivos técnicos. Lídio Toledo insistiu tanto que logo percebi sua intenção: escalar Carlos Roberto em meu lugar". Na imagem, Tostão, ao lado da mãe, em seu apartamento. Revista "O Cruzeiro", edição de 03/08/1968 (foto).

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Milton Nascimento e família

"MILTON NASCIMENTO, SUA MÃE  ADOTIVA  LILIAN E SEUS IRMÃOS, 1986

Milton Nascimento ao lado de Lília Silva Campos, sua mãe adotiva. 

Milton Nascimento, conhecido como Bituca, foi adotado por Lília Silva Campos e o marido dela, Josino Campos.

Lília era professora de música e influenciou Milton em sua paixão pela música, ensinando-o a tocar piano.

A adoção ocorreu após a morte da mãe biológica de Milton, Maria do Carmo do Nascimento, quando ele ainda era muito jovem.

A família adotiva mudou-se para Três Pontas, Minas Gerais, onde Milton cresceu e iniciou sua carreira musical.

A foto retrata um momento de lazer e carinho familiar, evidenciando a forte ligação de Milton com sua família adotiva, que ele descreveu como essencial em sua vida e formação."

@grupo anos 80

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Pelé e Puskas

Ferenc Puskas: “O melhor jogador de futebol da história foi Di Stéfano: recuso-me a classificar Pelé como jogador de futebol, ele foi mais do que isso”

Just Fontaine: “Quando vi o Pelé jogar, fiquei com a sensação de que tinha chegado a minha hora de pendurar as botas”

George Best: “Se eu tivesse nascido feio, eles não teriam ouvido falar de Pelé”
Alfredo di Stéfano: “Pelé era magnífico, o melhor que tinha era a sua capacidade de marcar gols, foi o melhor”

Tarcísio Burgnich: “Antes do jogo eu disse a mim mesmo: ‘É de carne e osso, como todo mundo’ estava errado”.

Johan Cruyff: “Pelé foi um herói. Eu também. E hoje é a vez do Messi. Pelé foi o único jogador de futebol que ultrapassou os limites da lógica”

Hugo Gatti: “De outro planeta era Pelé, não Maradona”
César Luis Menotti: “Pelé era uma mistura de Messi, Maradona, Cruyff e Di Stéfano”

Andy Warhol: “Pelé é um dos poucos que contradiz minha teoria: em vez de 15 minutos de glória, ele terá 15 séculos”

Diego Armando Maradona: “Minha mãe me dizia: ‘Por que você está sendo comparado com Pelé? Você é melhor. Pelé jogava com jogadores de futebol que nem se mexiam’. Não gosto de ser comparado com ele: ele diz besteira quando toma o comprimido errado. O bom de ser comparado com Messi é que o Pelé está fora”.

Bielsa: “Curti Pelé, Maradona e agora Messi. Participar de comparações parece-me que não tem como objetivo engrandecer o escolhido, mas sim diminuir o descartado”

Romário, sempre Romário
Romário: “Depois de Pelé esteve Maradona e depois de Maradona cheguei eu. Como jogador ele é o nosso rei, o nosso deus, mas teria que usar uma focinheira”

Willington Ortiz: “Pelé foi melhor que Maradona, porque era um jogador mais completo, cabeceava e dirigia com propriedade ambos os perfis”

Vinicius: “Nada mais especial do que ser convocado com a seleção no dia do aniversário de O’ Rei. Viva Pelé, o melhor de todos os tempos”

Neymar: "Ninguém se compara a você Pelé. Grato por tudo que você foi para o futebol. Viva O’ Rei”

Beckenbauer: “Pelé é o melhor de todos os tempos”

Ronaldo Nazario: “Para os brasileiros, falar de Pelé é falar de uma entidade. De algo muito superior a todos”.

Um tal disse a mim mesmo que são opinião pessoal, bem isto com muita companhia vejo

A foto Gattin Argentina 1.93 Pelé 1.73


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Wiliamina Paton

Numa manhã gelada de 1857, em Dundee, Escócia, nasceu uma menina que não precisaria de um telescópio para tocar as estrelas — bastava-lhe a mente. Seu nome era Williamina Paton Stevens Fleming.

Aos 14 anos, já ensinava. Mas a vida, implacável, a empurrou rumo ao desconhecido: emigrou para os Estados Unidos e logo foi abandonada pelo marido, grávida e sem um tostão. Sozinha num país estranho, aceitou o único trabalho possível — empregada doméstica na casa de Edward Pickering, diretor do Observatório de Harvard.

Frustrado com seus assistentes homens, Pickering teria dito: “Minha criada escocesa faria um trabalho melhor que todos vocês!” — e não era força de expressão.

Em 1881, Williamina largou o avental e mergulhou nas estrelas. Sem diploma, sem título, sem cátedra — apenas com coragem e curiosidade — passou a analisar placas fotográficas do céu. Foi pioneira entre as chamadas “Computadores de Harvard”, um grupo de mulheres que, trabalhando nas sombras, redesenharam os contornos do universo conhecido.

Sozinha, Williamina catalogou mais de 10.000 estrelas, descobriu 10 novas, identificou 59 nebulosas e mais de 300 estrelas variáveis. Criou o sistema de classificação estelar que ainda hoje orienta astrônomos ao redor do mundo.

E em meio a uma ciência dominada por homens, ela foi a primeira mulher a tornar-se membro honorário da Real Sociedade Astronômica.

Williamina não apenas estudou as estrelas. Ela se tornou uma.

Porque existem mulheres que, mesmo invisíveis aos olhos do mundo, redesenham os céus — e fazem todos nós enxergar mais longe.

ARTE E ESPIRITUALIDADE
RODOLFO MARCOS E DAVI LAGO

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Talentos

 Aqui uma inusitada reunião de talentos em uma foto rara ! 

O show se chamava : Talento 1968 e reuniam, os atores , Walmor Chagas e Raul Cortez com Eliana Pittman , Lennie Dale , Caetano Veloso e Gilberto Gil ! Não tenho muitos detalhes , mas deve ter sido sensacional . Walmor Chagas e Raul Cortez , nasceram em um dia 28 de Agosto . Walmor em 1930 e Raul em 1932. Walmor viveu 82 anos . Raul , 73 anos . Saudades !

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Machu Picchu

Em 24 de julho de 1911, o mundo conheceu a cidade inca de Machu Picchu. Nesse dia o explorador americano Hiram Bingham "descobriu" o monumento Inca localizado nas alturas da montanha de mesmo nome, na província de Urubamba, região de Cusco.

Hiram Bingham era um professor de história interessado em encontrar as últimas fortalezas incas em Vilcabamba e ouviu histórias sobre Machu Picchu. O explorador chegou a Machu Picchu onde encontrou duas famílias camponesas morando na região: os Recharte e os Álvarez. Eles usaram as plataformas do sul do complexo arqueológico para cultivar e beber água de um canal de origem inca que ainda funcionava e trazia água de uma nascente.

Pablo Recharte, uma das crianças que moravam em Machu Picchu, guiou Bingham em direção à “zona urbana” da cidadela inca coberta por ervas daninhas.

Aqui está uma foto de 1915 e hoje

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quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Mal Hermes - Estação

 Olá pessoal!

Próxima estação: Estação Marechal Hermes

Foi construída noo modelo de estação inglesa do século XIX sendo inaugurada em 1913.

O bairro foi projetado pelo poder público no início do século XX. Tanto a construção da estação de trem como a duplicação da linha férrea fizeram com que Marechal Hermes tivesse uma conexão fácil e direta até a Central do Brasil, o que ocasionou o seu crescimento.

Essas obras possibilitaram o seu crescimento no que tange a comércio, moradias, urbanização e saneamento.

O nome alude ao então presidente, Marechal Hermes da Fonseca, que inaugurou tanto o bairro quanto a estação.

É visível no prédio da estação o modelo ferroviário predominantemente inglês, feito com tijolos maciços, trazidos diretamente da Inglaterra pelos navios mercantes. Apesar disso, a estação adota o estilo eclético, pois sua estrutura é marcada pela presença de telhas francesas, quatro fachadas, amplas coberturas e detalhes em azulejos de origem alemã e belga e arcos de ferro fundido franceses.

A estação também contava, em sua inauguração, com uma torre de aproximadamente seis metros de altura, que exibia um relógio de quatro faces, mas segundo o Inepac, a torre e o relógio foram levados para Minas Gerais.

É considerada uma das mais antigas e luxuosas estações da cidade,devido o prédio da estação com modelo inglês,além de preservação das estruturas é pela ótima atendência de boa qualidade.

#EFCB
#EstradaDeFerroCentralDoBrasil
#LinhaDoCentro
#EstaçãoMarechalHermes
#Trem


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segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Perguntei à IA

 ChatGPT

Você disse:
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto... E conversamos toda a noite, enquanto A via-láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: “Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?” E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
 Onde neste soneto de Olavo Bilac ocorre ironia e paradoxo?
O ChatGPT disse:
Excelente pergunta! Vamos analisar o soneto de Olavo Bilac ("Ouvir estrelas") procurando ironia e paradoxo.
🔹 Ironia
A ironia aparece logo no início:
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo / Perdeste o senso!"
Aqui, o interlocutor fictício ridiculariza o eu-lírico, acusando-o de estar louco por dizer que consegue “ouvir estrelas”.
A ironia está no contraste entre o descrédito e a zombaria do outro e a profundidade da experiência amorosa descrita pelo poeta.
Ou seja: aquilo que parece insensatez é, na verdade, a revelação de uma forma elevada de sensibilidade.
🔹 Paradoxo
O paradoxo central está na imagem de "ouvir estrelas".
Trata-se de uma contradição aparente, pois estrelas só podem ser vistas, não ouvidas.
O poeta transforma essa impossibilidade lógica numa experiência poética: ouvir estrelas significa compreender o que é inalcançável através do amor.
Outro ponto paradoxal:
“Pois só quem ama pode ter ouvido / Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Aqui, o paradoxo é que o amor concede uma forma de “audição espiritual” que transcende os limites da razão.
✅ Resumo:
• Ironia: na fala do interlocutor que acusa o poeta de “perder o senso” ao dizer que ouve estrelas.
• Paradoxo: na própria expressão “ouvir estrelas” e na ideia de que o amor dá ao ser humano a capacidade de compreender o incompreensível.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Carregador de Piano

Você sabia dessa? Se você tivesse um piano em casa e precisasse transportar ele para outro lugar, o modo mais seguro era através dos carregadores de Piano.

Geralmente eram de seis ou oitos homens de mesma altura que, enquanto carregavam, cantavam e o canto era puxado por um solista e respondido pelo coro dos demais carregadores.

As melodias serviam para ajudar no sincronismo dos passos e assim, evitar o desnivelamento do piano evitando deformações na estrutura e assim, evitar que o piano desafinasse.

São coisas do nosso Recife de Antigamente.

Foto: Luis Saia, 1938


Eu Eu tinha 4 aninhos nessa época não conhecia um piano nem de brinquedo.Em 58 foi a maior seca no Nordeste foi muita gente embora prá minas Gerais. E o pior que iam vendido. E nós ficamo no nosso cantinho e estamos contando nossa história. E ainda com muito orgulho.

Em 1956 chegando a Maceió para fazer o Curso Científico, na Senador Mendonça me deparei com uma cena deste tipo, qual foi minha surpresa, matuto de Bom Conselho PE.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Taxista herói - mais histórias

 

E tem o causo do antigo terraço, ali pelo Bosque, cruzamento de Mal Deodoro com uma outra rua, que não veio ao caso, por capricho da memória. Era lugar de tomar umas e rebolar alguns pagodes, vinham dois taxistas à frente de nosso herói, o primeiro não parou ao sinal do freguês, nem o segundo, nosso herói decidiu parar. “Pois é, eu disse, vou parar para esse abençoado, embora nem goste”, naquelas circunstâncias, é claro. Quais? Ainda não esclarecidas. Entrou e Baaahhhh, bateu a porta, olhei contrariado e perguntei “Para onde?” Papouco, ele disse. Para quem não sabe, Papouco ou Papoco é uma bairro, bem no centro da cidade, todo no barranco do Rio Acre, que começa e se estende além da curva que deu nome ao seringal Volta da Empresa. Para quem ainda não sabe, é um recanto onde beira rio, bosque de árvores e gente, vamos dizer, muito decidida, reside. Cheguei lá, ele desceu, eu tomei da tabela, sim, porque existe uma, e o dito cujo disse “Não vou pagar não”. Eu disse, está certo, ele abriu a porta do carro e saiu, eu pensei, meu Deus, que capeta é esse. Foi quando então puxei o freio de mão e saí do carro e me aproximei, peguei pelas golas da camisa, meio que o levantei, e lhe dei uma mãozada, que caiu meio atordoado tremendo no chão e logo perguntei: “Cadê o dinheiro que tem aí?” Ele pegou a carteira dele, assim, havia um bocado de dinheiro, eu torei o meu e lhe devolvi o restante: “Tome aí essa porcaria”. E foi ali, no Papoco, com ou sem todo esse perigo. Tomei da carteira, retirei minha parte, devolvi-lhe o restante. Como essa, há muitas histórias, muitas lembranças legais. A Praça é bom demais. Gostei muito de trabalhar na Praça. Essa e muitas outras histórias. Bom demais. Você conhece muitas pessoas, muitas amizades. Nos finais de semana, que havia festas, sexta, sábado, domingo, nos finais de semana, eu começava a trabalhar de manhã cedo, rodava até umas 12h, 1h da tarde, vinha a casa, almoçava e tirava um sono de 3h então sapecava dentro do carro e somente chegava no outro dia. Eu era de menor, por volta de 1982, nem carteira tinha quando comecei na Praça. Comprei o carro e fui trabalhar, naquele tempo, sem muita fiscalização. Havia um amigo no DETRAN, que eu conhecia, um negro todo cambota, jogador de futebol, eu lhe disse que queria tirar a carteira. Havia um teste, numa espécie de guincho, um caminhão para os testes. Naquele tempo, eram os Fuscas, os Opalas, o Corcel I, Chevette, Variant, Brasilia, os carros da época. Vieram depois o Corcel II, os Del Rei, lembra, ele perguntou? Ora, em 1982 eu tinha 15 anos. Embora meu forte não sejam marcas de automóvel o meu forte, eu lembro. Acompanhamos essa evolução. E o celular? Os tijolões, eu carregava um todo besta. A gente se amostrava, n esse tempo, eu estava no Ceará. Eram os anos 90. Era costume ver o pessoal se amostrando, andando de lá, para cá, com os tijolões na mão. E era caro. Chamadas tinham de ser rápidas, pá, pá, pá, pá, para não drenar os créditos. Perguntei por Sena, se fazia lotação. Tudo no barro, lembrou. “Sena Madureira, Deus me livre, era lama, meu irmão, tu é doido, é?”. Então, chegou a fazer? Muito, foi a resposta. São 140 km, naquela época, puro tabatinga, eu digo aqui. De primeiro, era assim: frete, caso quisesse, era frete. Sena, pediam. Eu dizia, rapaz, difícil, é x, é tanto, eu dizia. E para Xapuri, muitos advogados, quando era o caso. Havia o Jorge Nei, eu acabava por reunir uma nata de gente que queria ir só comigo. Os colegas ficavam enciumados. Mas porque o meu carro, ainda que sujo e empoeirado por fora, era, por dentro, um luxo só. Cheiroso, limpinho, gostoso: até as mulheres o priorizavam. Havia quem andava igual a um colonheiro, chapéu véio na cabeça, não levando a sério a coisa, sem um diferencial. Eu chegava com meu carro, já muito conhecido, havia uma fila de gente para entrar. Ficava chapado comigo. Eu chegava assim, nesses forrós por aí, parava meu carro, eu tinha uma Parati(zona), quando lançaram esses carros, eu a comprei, fazendo Praça, aí logo depois do IML, na Av. Antônio da Rocha Viana havia uma churrascaria, Zebu, lembra-se, da Zebu, não, não lembro (talvez nem seja do meu tempo), sim, anos 90, passando do IML, numa entradinha, assim, na esquina (um terreno hoje baldio, eu acho até que constroem algo por ali). Pois havia lá, à noite, um forró, era festa, e tal, vinham os peões, no balde, e se ganhava muito dinheiro. Aí, eu parei a minha Parati lá, os outros taxistas também, eu parei a minha Parati, assim, e por detrás havia um monte de areia. Então veio um cara, parou a moto dele perto da minha Parati, e tal, e o movimento, ele foi ver, apareceram umas gatinhas, assim, então ligou a moto. E, para se mostrar, para cima dela, para se mostrar, acelerava, nhém-nhém-nhém-nhém-nhém, rodopiava, levantava uma tantão de areia, toda por cima de meu carro. E meu carro bem limpinho, agora ficou coberto de areia. Ara, quando eu vi aquilo ali, eu era meio arrojado. Quando eu vi aquilo ali, cheguei assim pisei no pé dele e desliguei a moto. E disse: “Olha, se tu quiser sair daqui numa boa, está aqui a flanela, vai limpar meu carro”. Muitos risos. “Vai limpar meu carro, mermão. Não pensa que vai fazer essa babaquice aqui não, ficar se amostrando aqui, olha aí o meu carro”. Eu acho que ele se sentiu humilhado, porque eu pisei em cima do pé dele, assim, o pé de apoio. Ele não tinha como sair para nenhum canto, pisei e tirei a chave, desligando. “Pois é, se quiser ir embora numa boa, vai e limpa meu carro. Ele foi, limpou, numa boa, e foi embora.” Tô lhe falando, o pessoal era gaiato. Outra vez, eu havia comprado um Vectra e dei para um motorista, para um menino trabalhar. Então, por ali, lá no 6º DP, na (Baixada da) Sobral, eu nem sei o que o cara fez por lá, o cara abriu a porta de trás, vinha um policial, numa moto, bateu no carro e o motorista ligou para mim. Aí, eu fui lá, cheguei, o cara era da Polícia, eu cheguei assim, e ele queria sair fora, eu também pisei no pé dele, não dava para sair, tirei a chave, e disse “Ninguém vai sair daqui não, vamos acertar essa coisa”. Não, eu sou polícia, e tal, eu disse, pode ser até o capeta, polícia, você está errado, é um cidadão igual a mim, está entendendo? Era do 2º DP, chegaram por lá uns policiais, pois, eu disse, vamos resolver, tem de resolver. Eu era sem papa na língua, eu resolvia mesmo. Eu, antes do evangelho, era meio doido. Hoje, em comparação, sou bom demais. Mas não deixava chance para vagabundo, não: metia a peia mesmo. E carregar bêbado? Ninguém gostava. É bicho enjoado mesmo. Um deles bateu a porta do carro me saiu andando. Foi esse do Papouco. Aqui retornamos ao início, nessas histórias do taxista herói.

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

A beleza e o óbvio


 Quando.                                                                         Que lindos! Termino este texto. Surpreso sempre por toda essa beleza. Na sequidão de estio ela florescem.  Sempre surpreendem. Dura pouco sua beleza. Mas seu impacto perdura. Lembram quem somos. Também somos fugazes. E também florescemos. Seja no estio ou antes ou depois dele. Nos cabe florescer. Vos designei, disse Jesus: daí frutos e prevaleçam. Autêntico fruto. Pleno de beleza. Visto e marca, óbvia e visível da digital divina. Alguém tem dúvida? Triste dúvida. Porque vai digladiar conta o óbvio. Porque a beleza tem dono e autor. Aliás,  até a moral está inscrita na beleza. Arte pura. Porque o Autor, que fez para uma devida finalidade, é certo e justo. Portanto, o que não corresponde à finalidade do Autor, é imoral. Feio. Bruto. Horrível. Atenta para a beleza. Reflita a beleza. Deleita-te com a beleza. Tem dono e Autor. Seja belo, então.  É  o apelo permanente. 

Estação dos Ipês:

Erico Veríssimo

 


O escritor Érico Veríssimo nasceu em Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, em 1905 e faleceu em Porto Alegre, em 1975; tendo sido um dos mais destacados escritores da literatura brasileira. Sua obra mais conhecida é “O Tempo e o Vento”.

Seu talento foi reconhecido, conquistando o Prêmio Jabuti em 1965 e o Prêmio Machado de Assis, por duas vezes, em 1934 e 1954; tendo algumas de suas obras adaptadas para o cinema e séries de televisão.

Varzelândia, MG: Missões

 












Elis, 1980

 

RARIDADE! 🚨 Elis Regina, em 1980, em sua casa na Serra da Cantareira, em São Paulo! 

Uma sessão fotografada para uma reportagem da revista “Manchete” com o marido César Camargo Mariano e com os filhos: João Marcelo (filho de Ronaldo Bôscoli), Pedro Mariano e Maria Rita

A maior Seleção de todos os tempos

 

🏆 Brasil x Itália 1970: A Final que Entrou para a HistóriaEra 21 de junho de 1970. Um estádio lotado, mais de 100 mil pessoas assistindo o maior espetáculo da Terra: a final da Copa do Mundo. De um lado, a forte seleção da Itália. Do outro, o Brasil de Pelé, Tostão, Gérson, Jairzinho e companhia. Essa imagem é o registro do encontro entre os dois capitães, minutos antes da bola rolar no gramado sagrado do Estádio Azteca, no México. Mal sabiam eles que estavam prestes a participar de um dos maiores jogos da história. O Brasil não só venceu… goleou. Um sonoro 4 a 1 que entrou para a eternidade. Pelé marcou o primeiro, e depois vieram Gérson, Jairzinho e Carlos Alberto Torres — com aquele chute épico que virou símbolo da perfeição no futebol. Com esse título, o Brasil se tornou tricampeão mundial e ficou com a Taça Jules Rimet em definitivo. Mas essa foto vai além do futebol: ela representa respeito, rivalidade e glória. Dois gigantes frente a frente, prestes a escrever uma página dourada na história da humanidade com uma bola nos pés.

               


Santo Cristo e Praça Saens Peña, Rio, RJ

 Av. Francisco Bicalho e Canal do Mangue.

Ao fundo, o antigo Gasômetro (Bairro Imperial de São Cristóvão).

Santo Cristo 1924.


Praça Sáenz Peña. Rua Conde de Bonfim.
Ao fundo, o cinema Metro-Tijuca, demolido em 1977.
Tijuca, anos 1940

Acidente em Deodoro


  Meus pais descreviam essa noite, ali em Cascadura, onde residiam, com as pessoas saindo para a Rua Mendes de Aguiar, algumas com camisola e pijamas, assustadas, sem saber ao certo o que acontecia. Cid e Dorcas percorreram o corredor que os separava do povo, visto morar no 90, ap 102, Fundos, em Cascadura. O meu imaginário de criança desenhava essas cenas e até hoje nos fragmentos de memória, tornou-se uma recordação viva de um recorte da infância em narrativa dos pais.

 O ACIDENTE DE 1958 EM DEODORO-RJ

" ABALOU BANGU "
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Fonte : Arquivo Nacional
No Dia 02 de agosto de 1958 pouco depois da conquista da Copa do mundo, uma explosão gigantesca iluminou o céu, sacudiu o chão, rachou paredes e estilhaçou vidros em diversos bairros como Bangu, Marechal Hermes, Ricardo de Albuquerque, Tijuca e Grajaú .
O estrondo foi tão intenso que muitos moradores deixaram suas casas em pânico, sem saber o que ocorria, questionando se era guerra, revolução ou até um acidente nuclear .
Relatos apontam que sepulturas foram arrancadas no cemitério de Ricardo de Albuquerque e restos mortais apareceram flutuando na Praia de Ramos, quilômetros distante .
O complexo militar era o maior da América Latina, com 10 paióis e cerca de 60 depósitos de armas e munições — ou seja, armazenava armamento suficiente para gerar destruição em larga escala .
Ao longo de três dias houve várias explosões, cada vez mais intensas, ampliando o terror entre a população .
O evento gerou a expressão popular “abalou Bangu”: nas primeiras versões dizia-se que o estrondo "abalou Deodoro até Bangu" — com o tempo, virou apenas “abalou Bangu”, significando algo que causou grande impacto .
O historiador Luiz Antonio Simas classifica a explosão como uma das maiores tragédias da história do Rio de Janeiro .
Moradores de regiões como Nilópolis, Marechal Hermes e Bangu relatam ter acordado no meio da madrugada com clarões e estrondos seguidos — muitos correram em pânico e foram orientados pelo Exército a se deitarem no chão a cada novo estouro. Alguns desses relatos fazem parte de crônicas e redes sociais .

Jamais, em toda a história da nossa cidade, houve uma madrugada tão alucinante, tão aterrorizante, tão inesquecivelmente catastrófica quanto aquela de 2 de agosto de 1958. O Estado ainda respirava os ares de euforia da conquista da Copa do Mundo na Suécia, quando, perto da meia-noite, o inferno se abateu sobre o Rio. 
De repente, um estrondo apocalíptico rasgou o silêncio da noite. Uma explosão colossal, vinda da serra do Gericinó, incendiou o céu, fez o chão tremer como em um terremoto, rachou paredes, estilhaçou vidros e lançou o pânico sobre Bangu e arredores. Homens, mulheres e crianças, em puro desespero, abandonaram suas casas em fuga cega, agarrando filhos e o pouco que podiam carregar, enquanto corriam para longe daquela luz fantasmagórica que anunciava o caos. 

E então... novas explosões. Cada uma mais violenta que a outra, sacudindo a cidade, alimentando o terror. "O que está acontecendo?", gritavam uns aos outros, entre lágrimas e preces. Seria uma guerra? Uma revolução? O Brasil havia sido atacado? Ou seria, Deus nos livre, o fim do mundo?
Só no dia seguinte, quando os jornais estamparam a notícia em manchetes gigantescas, o pesadelo ganhou nome: o maior depósito de munições do Exército, em Deodoro, havia explodido. Um complexo monstruoso, o maior da América Latina, com dez paióis e 60 depósitos abarrotados de armas e explosivos capazes de varrer o Rio do mapa. E, naquela noite, quase o fizeram. 
O impacto foi tão brutal que túmulos no cemitério de Ricardo de Albuquerque foram despedaçados, e restos humanos – sim, ossadas de mortos – foram encontrados flutuando na Praia de Ramos, a quilômetros de distância. Imaginem o poder daquela explosão.
Foi um evento tão grandioso, tão aterrador, que marcou a alma de todo carioca que o testemunhou. Até hoje, quem viveu neste período, lembra com clareza daquele dia em que o céu pegou fogo e a terra rugiu. O dia que abalou Bangu.


OUTROS DEPOIMENTOS:
Luciano Torres
Só queria saber o que aconteceu na Tijuca e no Grajaú que estavam tão longe. E não citaram Realengo,Vila Militar,Bento Ribeiro, Oswaldo Cruz, Anchieta,Olinda,Nilopolis,Paraná e outros bairros mais próximos. Tem muita fantasia nessa narrativa, detalhe tenho 79 anos e nessa época morava em frente a estação de Anchieta e vi e passei essa tragédia, por falo que tem alguns fatos que não condizem extrapolando em algumas situações.

Maria Freitas
Meu pai morreu lutando por uma indenizaçaõ,
Com 18 anos na época.. Servia sua amada Patria estava de serviço nesse dia fatídico...
Meu pai lutou e lutou muito pois nao foi só ele tinha outros companheiros na mesma luta..
Enfim ficou a luta a decepçaõ e o pior sequelas pcicologicas..
Nós filhos ..vimos nosso pai se sentir humilhado com tanto descaso..
Meu pai morreu ainda buscando a tal indenizaçao que nunca veio..
O que nos resta é lamentar...naõ pela indenizaçaõ... mas pelo descaso das vidas dos soldados que nesse dia estavam no cumprimento do seu dever.

Cristiane Aparecida
Na época meu pai tinha 8 anos morador de Realengo ,ele contou que ele os irmãos a mãe e o pai saíram a pé de Realengo até compo grande de madrugada contou que foi horrível parecia que o mundo estava acabando

Marcia Alves
Foi sinistro mesmo.
Nessa época eu tinha nove anos e morava em Olinda-Nilopolis.
Acordamos com os estrondos terríveis e labaredas muito altas.
Pessoas a pé, com roupas de dormir, crianças no colo, cachorros e gatos, fugindo de Deodoro, Ricardo, Guadalupe em direção à Nilópolis ou até Nova-Iguaçu.
Um verdadeiro terror.

Ana Paula de Barros
Minha mãe MORAVA no BLOCO 19 fica perto e tiveram q sair correndo com a roupa do corpo. Ela lembra perfeitamente tudo q aconteceu. Meu avô teve q pedir no rádio que localizasse a família pois não estava em casa no momento. Várias família afetadas. As pessoas foram abrigadas na casa de pessoas que nem se conheciam. Em Marechal Hermes, Ricardo de Albuquerque, Osvaldo Cruz e etc os moradores ouviram e abrigaram as pessoas q estavam fugindo.

Sheila Pinheiro da Silva
Eu morava em Iraja tinha 6 anos,e tivemos que correr sem paradeiro deixando tudo para trás eram bolas de fogo no céu e as pessoas gritavam dizendo e o fim do mundo,Até que anunciou no rádio que foi explosão nos paiois da Reduc.Nunca mais esqueci desta cena

Nelma Carneiro
Eu e minha família morávamos na rua Itaím em Coelho Neto, passamos a madrugada sentados na calçada, os vizinhos também, as crianças todas enroladas nos lençóis apavodos. Lembro que foi horrível. As explosões eram altíssimas

Fátima Nascimento
Eu tinha só 5 anos ,mas lembro bem dessa noite, pessoas andando pelas ruas na madrugada, rezando e fugindo, de camisola,roupa de dormir, eu não entendia nada, mas sabia q algo ruim estava acontecendo, morava em Bangu, na antiga Rua do Retiro, hj Ministro Ari Franco.

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Não mexa com minha história - Parte 1

Vamos começar pelos nomes dos avô e avó, Filomena (sem esquecer Quixeramobim). O pai do pai era Artur, avô paterno. A esposa era branquinha, do olho azul (como minha bisavó Dorcas), semente de alemão (ora, de novo, como em minha família!). E esse avô era bem moreno, do cabelo pixaim. Geralmente, as pessoas não gostam de pessoas negras. Da minha mãe eu lembro pouco o nome. Havia uma tia Maria, tia legítima de minha mãe. Quando eu saí de Lagoa Cercada, em Quixeramobim, fui para a casa dela. “Dei um trabalho desgraçado para ela”. Risos. Gargalhadas. Era valente, eu tinha uns 16, 17 anos. Saí da roça para estudar. Nunca deixei de estudar, mas era muito arengueira. Fiquei morando em Mossoró, até 1978. Só que na casa de minha tia Maria, eu fui morar com o tio, irmão de meu pai, tio Chico, só que eu bati nas filhas dele. Então eu fui expulsa de lá. De lá, eu peguei um ônibus, voltei à minha tia Maria, que eu ia embora para Natal. Seria com minha irmã, que morava com um tio terceiro. Porque quando essa irmã foi morar em Natal, a Fátima, mais velha, também de Mossoró, havia passado em Medicina e em primeiro lugar. E fui então morar com a tia Araci, que era como uma mãe. Mas voltando à saída do interior, para eu sair de lá, foi uma novela: porque era eu e Fábio ajudando papai no roçado. O Fábio saiu, ficou sobrecarregado. Meu pai era Lauro, mas conhecido na região como Zé Júlio. Porque foi colocado Zé Júlio? Quando eu fui saber, já tinha meus 17, 18 anos. Ficou sem saber por que Lauro Rodrigues Ventura até essa época. E lá no interior, perguntassem por Lauro, ninguém sabia. Meu pai era Zé Júlio? E por que o nome Zé Júlio? Meu pau, quando casou com a minha mãe, ele morava em Mossoró, muito jovem. Minha irmã Fátima, que já beira 70 anos, tinha 2 anos. Meu pai estava com ela nos braços e um dos irmãos dele pediram para ele ir lá na Milharina, porque os policiais estavam batendo num tio nosso. E ele saiu, com Fátima nos braços. E foi à Milharina e, quando chegou, o soldado estava batendo no Juarez e ele pediu para não fazer assim, que ele ia levar para casa. A resposta foi “Eu bato nele e bato em você também”, resposta do policial. Papai só fez entregar Fátima para mamãe e entrou na luta com esses policiais, que eram três, com um faquinha diminuta, mas ele era muito rápido. Chegou a levar um golpe na perna, que perdurou nos efeitos. Mas cegou a vitimar um deles. Com conhecimentos, saíram com ele de Mossoró, e foi num jipe do exército. Alcançou Aracati, no Ceará, vizinha de Mossoró. E tanto quanto minha mãe, foi criado no cajual, trabalhador, trabalhou em salinas, então foi se esconder pelo Brasil afora, para não ser pego ou morto. Foi quando conheceu esse fazendeiro, local onde a família então foi criada, numa fazenda em Lagoa Cercada, Quixeramobim. 1h hora de viagem entre as duas. Foi essa a razão de ser criado um novo registro para Lauro, agora Zé Júlio, imagina! Decorreram então 22 anos e ficou para trás o perigo de ser preso. E voltou a Mossoró, conhecendo a família do policial vitimado, ainda que por legítima defesa, da parte dele. A viagem de Lucia para estudar em Mossoró se deu nessa época de já poder retornar. Tendo ficado escondido todo esse tempo, eu vim então conhecer a minha avó já com meus 17 anos. Conheci tia Maria, mais dois tios por parte de minha mãe, Francisca, o tio Manoel e uma outra ainda que com pouca relação. Tenho uma rede de linha tecida por minha mãe, com o nome bordado, sem que ela soubesse ler, apelido Fanquinha. Vou retirar esse pedaço e moldar um quadro. Ficou perfeito, precisa ver. Mas ela não sabia assinar o nome. Sim, eu fui estudar, mas fui uma pessoa que dei trabalho. Mas por quê, porque valente demais. Foi como tirar uma onça de dentro do mato e colocar na cidade. Quando eu fui para Mossoró, o acesso à escola para onde eu ia, era sem dinheiro nenhum, ir e voltar a pé. Certo dia, eu vinha pela rua principal, com fome, cansada, terminada a aula uma 18h, e no sentido contrário um sei lá quem inventou de me tocar os seios, ara, dei-lhe uma pisa, mas uma pisa, que só sei que chegou uma pessoa que me tirou de cima dele. “Encaixei minha pernas nos braços dele, que tome-lhe peia, tome-lhe peia!”. 

A moça na época dessa peia.

E ele era um vigia de outro colégio pelo qual eu passava defronte. Só sei que eu cheguei em casa e fiquei caladinha, não disse nada a minha tia. Pois sim fiquei caladinha, e havia a feira livre, aonde eu ia com a minha tinha, para ajudar a carregar as compras, foi quando tia Maria encontrou um conhecido, todos a conheciam, ela confeccionava redes, foi quando alguém a chamou: “D. Maria Ferreira, como é que está a sua sobrinha, está tudo bem?”. Ora, está aqui, respondeu minha tia. “Mas ora, essa menina é valente, hein?!” Pronto, eu disse. “Ela deu uma pisa num cara”, esclareceu a X9. Se não tirassem de cima dele... Mas a tia Maria... “Eu não estou sabendo de nada.” E vieram os esclarecimentos: “Mas venha cá, minha filha, você brigou?!” Ora, eu fui obrigada, minha tia. Bati no cara, porque ele queria pegar nos meus peitos. É aquela história, tia, eu me defendi. Mas não diga pro meu pai não, porque senão ele me leva de volta para Queixada. Mas da próxima vez que você brigar, eu conto. Mas ora, na escola, quem mexia com ela? Ninguém.

Estes foram os 17 anos.

O taxista

Como você conheceu o Cavalcante?

O Cavalcante, é assim: quando eu comecei a trabalhar na Praça é como eu digo para os meus filhos “Invista nas tuas ferramentas, compra ferramentas...”. Não adianta trabalhar, sem investir. Na Praça, eu tinha várias licenças, vários carros. E ele trabalhava com uma mulher, numa empresa de ônibus, ele era motorista de ônibus, o Cavalcante, motorista de ônibus aqui em Rio Branco. Essa mulher, com quem ele trabalhava, tinha um Chevette e ele trabalhava com o Chevette dela, um verdinho. Porque ele trabalhava nessa empresa e essa mulher comprou esse carro e ele trabalhava para ela, tirava porcentagem. Era alugado a ele, trabalhava o dia todinho, por exemplo, tirava 100 reais, por exemplo, 40, 50 ou 60%, dependendo do acerto. Era essa a história: ela comprou esse carro e ele foi trabalhar para ela. Trabalhava na Praça e parece que, com um tempo, ela se separou e então, por via dos fatos, ela vendou o carro. E alguém me indicou para ele. Ora, quase todos os taxistas de Rio Branco trabalharam para mim, quase todos. Indicaram: “O cara que tem uma porção de carro na Praça é o Jorge”. E aí ele veio atrás de mim e aí eu dei essa parati para ele trabalhar.  Eu fiz um negócio com ele: de segunda a segunda ele me pagava 350 reais. Se ele fizesse mais, supondo 2 mil, 3 mil, era dele, está entendendo, era alugado para ele. Seria, por exemplo, uns 1400 por mês, que era dinheiro, na época. E eu pagava os consórcios dos carros, Trescinco. Só em Cuiabá, eu peguei uns 4 ou 5 carros pelo Consórcio Trescinco. Eu peguei um Santana, foi nele que eu saí de lá de manhã cedo e cheguei aqui em Rio Branco 11 horas da noite (2.000 km). Vim voando! Eu cheguei aqui e o vendi e, com esse dinheiro, comprei dois Uno em São Paulo. Eu fui buscar com o Marco Aurelio, meu cunhado. Nesse tempo não havia ar, eu mandei colocar ar no carro, fui buscar em Embu das Artes (a 505 km de São Paulo), na Régis Bittencourt, a Rodovia da Morte. Cavalcante veio trabalhar comigo, um monte de tempo, trabalhou comigo, morou em minha casa, por questões com a esposa, trabalhava e morava em minha casa, na Morada do Sol, onde havia um quarto, ficava no quarto da Gabi, minha filha, por ser só Gabi e Gabriel (na verdade, chamado Jorge, como o pai). Trabalhou muito tempo e fez um ocorrido, quando trabalhou no carro uma semana inteira, sem necessidade de ter feito, porque veio a segunda, não apareceu, veio a terça, e eu “Alguém viu o Cavalcante por aí?” Passou a RX, e tal, mas ninguém viu o carro rodando, nem nada, aí um cara viu que meu carro estava lá no posto, no Ricardinho, num bairro, deixou o carro lá, para lavar, e sumiu, até hoje... rsrsrsrsrs. Aí, depois apareceu e queria trabalhar comigo de novo. Pergunto: onde que a Lúcia (que indicou Cavalcante para a chácara da igreja) entra nessa história?  Ah, ela nos conhecia, ela trabalhava na Praça, era Rádio Táxi, os taxistas eram todos conhecidos e outros mais. Ele trabalhou comigo, trabalhou com a Lúcia. Morou na casa da Lúcia também. Cavalcante era do tipo de meus dois irmãos, um cara que trabalha muito, que trabalha mesmo, mas no final não tem nada. Ora, se você trabalha, prospera, você trabalha em várias áreas, como eu. Sempre gostei, desde pequeno, de ter o que é meu, sem ficar pedindo a ninguém. Quando pequeno, vendia picolé. Quando fui morar em Natal, vendia algodão doce. A mulher fazia aquele bichinho, aquele bibelozinho de isopor, um bonequinho que pendia para lado e outro, eu vendia aquilo ali no tabuleiro. Já vendi tudo em minha vida. Eu ganhava dinheiro. Quando eu morava com meu ex-cunhado, o vizinho nos chamavam, então íamos limpar quintal, pelo Tropical, pelas casas daqueles ricão ali: “Você não quer limpar quintal, não? Uma vez até uma mulher acusou-nos de roubo, deu em nada. Eu disse “meu pai não nos ensinou a pegar o que não é nosso não”. Até de ter cometido imoralidade eu já fui acusado por uma mulher. Mas foi uma intriga. E era um tempo em que eu tinha um Fusca. Mas eu tinha o álibi de não ter saído da garagem, naquele dia, por obras na rua. A minha mulher sabia disso. Mas, mesmo assim, a ter sido preso eu fui. E o delegado me conhecia, de bater papo, Dr. Nilo Francesi. Fui procurado pela Polícia, mais ou menos me conheciam. Então eu fui lá na casa dela, para questionar essa denúncia, argumentando que estava muito me prejudicando. “Eu tenho família para criar”. E mais uma vez chega lá em casa a Polícia. Fui ouvido na delegacia, ainda assim fiquei uns 5 dias preso. Mas tudo ficou esclarecido, por acerto com o Delegado, Deus sabe e começava a mudar minha vida.