Em 1999, jogando pelo Bangu, Renato Gaúcho enfrentou o Vasco no fim de sua carreira de jogador.
Dono de uma carreira vitoriosa, com passagens marcantes por Flamengo, Fluminense e Grêmio, onde conquistou títulos e ficou marcado como goleador, Renato Gaúcho estava parado havia mais de um ano, com uma lesão na panturrilha. O ano era 1999, quando o Bangu esperava cumprir aquela que considerava sua profecia: a conquista de Campeonato Estadual em anos múltiplos de 33. Foi assim em 1933, o do primeiro da era profissional, e do segundo, em 1966. Por isto, boa parte da torcida viu na chegada do astro um bom presságio.
Depois de mostrar sinais de que queria voltar aos gramados, Renato Gaúcho foi convidado pelo então diretor de futebol do Bangu, Bris Belga, com quem trabalhara anos antes no Fluminense. Na apresentação, atraiu quase cinco mil pessoas a Moça Bonita. Mas o sonho durou pouco. Renato jogou alguns amistosos de pré-temporada, no sul de Minas Gerais, e fez duas partidas pelo Campeonato Carioca. Em ambas, teve atuação discreta. Atuou apenas um tempo, contra Vasco e Flamengo.
Pesquisador do Bangu e ex-diretor de patrimônio do clube, o jornalista Carlos Molinari lembra a passagem do craque em fim de carreira pela equipe da Zona Oeste.
– Foi contratado por R$ 5 mil mensais, na época. O Loco Abreu, trazido em 2017, ganhava R$ 85 mil. Renato tinha problemas com o peso, estava fora de forma, porque vivia comendo na Porcão. Na pré-temporada, em Minas, chegava sempre de helicóptero aos jogos e virava assunto. A presença dele fez aumentar as quotas de amistosos do Bangu, que subiram de R$ 2 mil para R$ 8 mil. Aquele ano a camisa do Bangu foi um sucesso, tinha um desenho parecido com a do Ajax, da Holanda – afirma.
O investimento para uma boa campanha em 1999 era uma promessa que o então patrono do clube, o contraventor Castor de Andrade, morto dois anos antes, não sobreviveria para tentar realizá-la. O alvirrubro lançou a campanha “Em 1999, o Bangu vai entrar para ganhar”. Bris Belga admite que, àquela altura, Renato não tinha mais condições de seguir a carreira de jogador de futebol.
– Ele insistiu, e eu o trouxe. Montamos um projeto para atrair visibilidade para o Bangu, foi um marketing muito bom, que custou pouco ao clube e deu muito retorno. Ele tem muito carisma, atraiu bem mais gente na apresentação do que o Loco Abreu. Eu ri muito quando vi o tamanho da festa para o Loco. A do Renato foi bem maior. Mas, fisicamente, não dava mais. Em 1996, no Fluminense, ele já sofria com dores na panturrilha. Além de desgastante, era muito doloroso para ele, e afetava a imagem de ídolo – explica Bris.
Molinari qualifica a contratação de Renato Gaúcho “propaganda enganosa”. O jornalista lembra ainda que, dias antes, o novo contratado deu uma entrevista dizendo que chamaria seu amigo Maradona para a estreia, contra a seleção carioca, mas o ex-craque argentino não deu o ar da graça em Moça Bonita, na partida vencida pelos donos da casa por 2 a 1.
– Ele anunciou isto, mas nunca aconteceu e ele jamais foi cobrado – lembra.
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