quinta-feira, 13 de março de 2025

National Kid

https://www.youtube.com/watch?v=i9n6lYsHflk 

Velhice, país estrangeiro

 

Partilhado pelo amigo Pedro Assis Ribeiro de Oliveira:

O que morre primeiro? O homem ou o mundo ao redor?
Gene Hackman morreu antes de seu coração parar de bater.
Teve fome. Teve sede.
E ninguém veio.
E então Gene Hackman, o grande Gene Hackman, morreu. Não de doença, não de fome. Morreu de esquecimento. Qual a verdadeira morte? A do último suspiro ou a do instante em que ninguém percebe a sua falta?
Gene Hackman morreu sozinho. Um dia, todos nós estaremos solitários no momento do encontro com o nosso destino final. É inevitável. Mas para Gene a morte chegou de um jeito mais lento, mais esquecido e doloroso. Ninguém bateu à porta. Nenhum amigo ligou. Nenhum familiar estranhou a ausência.
Betsy, sua esposa, morreu primeiro. Hantavírus. Uma doença rara, transmitida pelo pó das fezes de roedores. Pouco antes ela foi à farmácia e levou o cãozinho ao veterinário. Não sabia que aquelas eram suas horas finais, que seria abatida por algo mortal carregado pela poeira invisível, das coisas que existem e não se veem. Um dia ela estava ali, no outro não. Talvez tenha passado a manhã dobrando roupas. Talvez tenha planejado o jantar. E então veio a febre, o cansaço, o nada. De repente, o fim. Fulminante, sem aviso, sem tempo para despedidas e providências.
Gene ficou sozinho, sem entender. Por sete longos dias, perambulou pela casa sem saber o que fazer, sem lembrar como agir. Aos 95 anos, o Alzheimer já havia apagado parte de sua memória e a capacidade de pedir ajuda. Talvez tenha, no fundo da mente, sentido o vazio. Talvez tenha chamado por Betsy. Mas isso não se soube ou saberá, porque ninguém estava lá.
Ninguém veio.
O que acontece quando um homem se torna invisível?
Gene Hackman foi um dos maiores atores de Hollywood. Um ícone. O rosto duro, a voz grave, o talento bruto. Interpretou presidentes, assassinos, heróis. Foi duas vezes vencedor do Oscar, amado pelo público, respeitado pelos colegas. No auge da carreira, era forte, imbatível, voz que não tremia. Mas o que isso significa quando se tem 95 anos e se está sozinho e desamparado em casa? Quando a memória se apagou, o corpo está fragilizado e os amados ausentes?
A fama é um engano que o tempo desfaz.
O que resta quando o telefone para de tocar? Quando as pessoas presumem que você não quer ser incomodado? Quando a casa grande e confortável se torna um território de esquecimento?
De que vale um nome célebre quando se está idoso, doente e só?
A solidão não chega de repente. Ela começa no dia em que ninguém mais pergunta como você está. No dia em que as pessoas supoem que você já tem tudo, que está bem. O esquecimento vem devagar. Constrói-se aos poucos, como uma casa onde ninguém entra.
Gene – que não se dava ares de celebridade – buscou se distanciar de Hollywood. Escolheu o isolamento, apostou que a esposa, trinta anos mais jovem, o assistiria até o final. Acreditou que não precisava de um cuidador, enfermeiro ou outros empregados. Porém, o que durante muito tempo foi bênção, converteu-se em armadilha. A casa grande ficou menor. O silêncio ficou maior. A porta ficou fechada.
Ninguém bateu.
E o homem um dia visto por milhões, partiu sem que ninguém olhasse.
A solidão dos que vivem muito por vezes me assusta. A velhice é um país estrangeiro e inóspito. Ninguém quer visitá-lo sem garantias e medidas de segurança, mas poucos são os que ousam pensar no que acontecerá quando os dias se tornarem longos demais e as noites silenciosas em excesso. Raros são os que tomam decisões conscientes para que a vida não se dissolva quando não houver mais reuniões de trabalho, estreias, jantares com amigos, idas ao cinema.
Recolho em mim cada lição dessa tragédia: morrer é um caminho sem testemunhas; a fama, uma ilusão que se desmancha na poeira; o sucesso, um eco que não se sustenta; e escolhas para a velhice devem considerar vários cenários, pois a vida é mutável e imprevisível. Ela nos surpreende em uma esquina qualquer, com a sua maleta transbordante de espantos.
No fim, somos casas sem luz se não há quem bata à porta.
Por Sonia Zaghetto

quarta-feira, 12 de março de 2025

Ora, sim, todas as mulheres

Da família

Fosse aqui enumerar

Eu cometeria injustiças.

Será que de todas lembraria?

Podemos começar pelas primas?

Mas ora, por quê? Porque...

Acreanos respondem

Por quê?

Com “Porque”.

Deve ser por que

Enumerar mulheres

E suas virtudes, é arapuca

Se a gente esquece,

Vira inimigo delas.

E não há coisa pior.

Vamos lembrar a emblemática

Eunice. 

Porque

Ela representa todas:

As filhas, as netas, as noras

Sorriso de Eunice

Quem não lembra?

Lemos esse sorriso

No rosto delas:

Das primas, das filhas, das noras

Netas, bisnetas, trinetas, enfim.

(Ora, e das esposas dos primos) 

Vocês são lindas.

Mas esse sorriso contamina.

Quem viu, nunca mais esqueceu.

Vivemos de tentando imitar.

Hoje a Mana mais velha,

Carinhosamente chamada

Maninha, caso entre nós,

Completaria 95 anos.

Mulher de fibra que,

Mesmo diante de grandes provas,

Sorria. Maninha perdeu três filhos

Um indefinido, foi-se, ainda antes

Outra menina, já se sabia, e Cid,

Ele mesmo, Cid Araujo de Oliveira,

Maninha sepultou 12 de março de 1956.

Isso mesmo, era um dia de hoje

Era seu aniversário.

Mas Maninha sorriu em 6 de maio de 1957,

Quando eu nasci. Milagre.

Esta família sabe de muitos

Milagres. Cada vez que sorrimos,

Cada vez que choramos, Eunice,

O seu sorriso nos representa.

Ora, que sorriso, sem exagero meu,

Dos mais parecidos com outro sorriso,

Este o de Jesus. Que veio para que

Somente houvesse sorrisos.

Eunice, a sua fé em Jesus

Foi e é grande conforto

Para toda a família.

Você nos representa.

Todas as mulheres

Da família somos gratas.

E nós, homens, vivemos

Em meio a esse jardim.


terça-feira, 11 de março de 2025

Links batutas

 1. Histórias do Chico - DVD Anos Dourados

https://www.youtube.com/watch?v=VMVcB3XVEmk

2. Rock and Blues Club

https://www.facebook.com/rockbluesclub/videos/184903346741539/?mibextid=rS40aB7S9Ucbxw6v

3. Máquina do Tempo

https://www.facebook.com/share/v/1Xq5o8xV2v/

4. Tom e Elis 1974

https://www.youtube.com/watch?v=0CoAke5XyAg

5. MPB indo bem, comenta Tom

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2024/12/a-musica-brasileira-que-ia-muito-bem-de-repente-acabou-disse-tom-jobim-a-bbc-em-1986-sobre-ditadura-militar.shtml

6. Clarisse Lispector

https://novabrasilfm.com.br/web-stories/curiosidades-sobre-clarice-lispector

7. DJ Junior Sales

https://youtu.be/Jra-8zvv8zE?si=IVO4xfYZrFZoIOY_

8. Karl Barth

https://aste.org.br/karl-barth-e-sua-influencia-na-teologia-latino-americana-palavra-evento-e-praxis-de-libertacao/

9. Martinho Cardoso

https://www.facebook.com/share/v/14WHULaUn9/

10. Zico com a trave mais baixa

https://youtube.com/shorts/nsS-kw3ONuY?si=1R1aTsKGW-NEqUJ9

11. Guilherme Gandra

https://www.instagram.com/reel/DDsPWXpv1b-/?igsh=MTd2OXdkdjF1dWdvNg==

12. Luiz Gonzaga - 1972

https://www.youtube.com/watch?v=SsTxgG7olgo

13. Marco Antonio Vila

https://noticias.uol.com.br/colunas/marco-antonio-villa/2021/12/02/centrao-e-bancada-evangelica-sao-produtos-do-lulofernandismo.htm

14. Denzel Washington

https://www.youtube.com/watch?v=Ke3PyrKXocM

15. Nelson Melo

https://www.facebook.com/share/r/1BDa3aKXJJ/

16. Show dos Beatles mais antigo - Radio Rock

https://www.facebook.com/share/v/14Z5SN5q1a/

17. João Donato - 1975

https://youtu.be/5lbZ0kcR_48?si=ZenPfutyfiUtlq62

18. João Donato - 1990

https://youtu.be/EBtpKBg842o?si=IvnHuEwauMXuJyFa

19. Profeta Jonas

https://youtu.be/FB-E5jUZas0?si=nKdmM1-mPycfiV5s

20. Waldick e Cauby

https://www.facebook.com/share/v/18kqFiQeQi/

21. Nelson Gonçalves

https://youtu.be/V2ftqa-rUjU?si=-TJj3_Iq_5qlBsyo

22. Copa Palace - Ben Jor

https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/01/08/alem-de-ben-jor-copacabana-palace-virou-moradia-de-luxo-para-mais-famosos.htm

23. Mahau Cruz

https://www.facebook.com/share/p/163HX7af3N/

24. Maysa - 1975

https://youtu.be/e4zRYdryY1o?si=oADvw3-mDrItvITN

25. Café Filosófico

https://youtu.be/uZm5XiwlZ3I?si=JMHCEuM0f4sgYEE7

26. CNN

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/essequibo-entenda-a-historia-da-disputa-entre-reino-unido-guiana-e-venezuela/

27. Toquinho e Vinicius

https://youtu.be/rWZWn04QRs4?si=FJNMwuWly6g5BX38

28. Revolução Russa

https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/530450

29. Festival MPB 1967

https://youtu.be/kB5XJR6w2C4?si=l_Y5V6jHtXoLyGTk

30. Semana de 1922

https://youtu.be/LdO_ebONK9I?si=0JtIy-s-F-Ms2YOz

31. Fitas K7

https://www.facebook.com/share/r/1FYwCTy3jq/

32. Ave rara no Acre

https://globoplay.globo.com/v/13326512/

33. As únicas três mais

https://rollingstone.com.br/musica/as-3-unicas-bandas-maiores-que-pink-floyd-segundo-a-forbes/

34. Baden, Pixinguinha e Dorival

https://www.facebook.com/share/p/1BCwx74Fx8/

35. Ruy Castro e o Oscar

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/2025/03/de-repente-na-noite-do-oscar.shtml

segunda-feira, 10 de março de 2025

E tudo mudou

 Cleonice Reis Pedroti publicou:

"E tudo mudou...


O rouge virou blush 

O pó-de-arroz virou pó-compacto 

O brilho virou gloss 


O rímel virou máscara incolor 

A Lycra virou stretch 

Anabela virou plataforma 

O corpete virou porta-seios 

Que virou sutiã 

Que virou lib 

Que virou silicone 


A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento 

A escova virou chapinha 

"Problemas de moça" viraram TPM 

Confete virou MM 


A crise de nervos virou estresse 

A chita virou viscose. 

A purpurina virou gliter 

A brilhantina virou mousse 


Os halteres viraram bomba 

A ergométrica virou spinning 

A tanga virou fio dental 

E o fio dental virou anti-séptico bucal 


Ninguém mais vê... 


Ping-Pong virou Babaloo 

O a-la-carte virou self-service 


A tristeza, depressão 

O espaguete virou Miojo pronto 

A paquera virou pegação 

A gafieira virou dança de salão 


O que era praça virou shopping 

A areia virou ringue 

A caneta virou teclado 

O long play virou CD 


A fita de vídeo é DVD 

O CD já é MP3 

É um filho onde éramos seis 

O álbum de fotos agora é mostrado por email 


O namoro agora é virtual 

A cantada virou torpedo 

E do "não" não se tem medo 

O break virou street 


O samba, pagode 

O carnaval de rua virou Sapucaí 

O folclore brasileiro, halloween 

O piano agora é teclado, também 


O forró de sanfona ficou eletrônico 

Fortificante não é mais Biotônico 

Bicicleta virou Bis 

Polícia e ladrão virou counter strike 


Folhetins são novelas de TV 

Fauna e flora a desaparecer 

Lobato virou Paulo Coelho 

Caetano virou um chato 


Chico sumiu da FM e TV 

Baby se converteu 

RPM desapareceu 

Elis ressuscitou em Maria Rita? 

Gal virou fênix 

Raul e Renato, 

Cássia e Cazuza, 

Lennon e Elvis, 

Todos anjos 

Agora só tocam lira... 


A AIDS virou gripe 

A bala antes encontrada agora é perdida 

A violência esta coisa maldita! 


A maconha é calmante 

O professor é agora o facilitador 

As lições já não importam mais 

A guerra superou a paz 

E a sociedade ficou incapaz... 

... De tudo. 

Inclusive de notar essas diferenças"


Luís Fernando Veríssimo

sexta-feira, 7 de março de 2025

Amor


Você.
Eu até achava
Que não tinha jeito
Ia acabar sozinho.
Eu vivia meio cego
Desatino. Sem tino
Surdo e mudo.
Em volta uma Rainha
Linda. Gentil. Sábia.
Dentro, um Universo.
Puro acalanto.
Pura Arte.
Mãos de Regente.
Tons de música.
Sons. Sonho.
Beleza. Cheiro. Cor.
Sorriso, o mais lindo.
Olhar, o mais incisivo.
Maroto. Esperto. Misterioso.
Esconde o quê?
O que revela?
Pretende o quê?
O que espera?
Um dia as mãos se encontram
E nunca mais se deixaram.
Se misturaram. Amam.
Casaram. Carinharam.
Cuidaram. Adornaram.
Acalentaram.
Trabalharam.
Moldaram. Artífices.
Pura arte.
Divina arte.
As mãos nas mãos.
Há Deus, o Autor
Do amor.

Elas

Elas. Atenção! São daquElas
Vixe!  Pá virada.
Brincadeirinha. Que nada.
Nada, não. São de tudo.
Engraçadas, animadas, sim,
Meio (só meio) adoidadas.
Falando sério, agora:
Inteligentes, competentes, sim,
Meio (mas só meio) irreverentes.
Nem tanto, sério, dedicadas,
Aplicadas, na verdade,
Muito amadas.
Como é bom viver
Entre Elas. BElas.
Formosas, charmosas, até meio
(Só meio) dengosas.
Todo o tempo, trabalhadeiras,
A tempo, também até fora de tempo,
Toda dedicação à educação
Fazem serão, ora, e sempre
Serão nossas amigas
Companheiras,
Nossos sorrisos,
Até gargalhadas
Hahahahahaha...
Nossa alegria
Festa e até fantasia.
Valeu, meninas,
E gratos, Altíssimo,
Por Elas
Que presentão!
Quão felizes somos
Reconhecendo
O tamanho dessa dádiva.
O que seria de nós
Sem Elas, ó, Mulheres?
Quão sem graça
Seria o mundo
Sem Elas.
Tão lindas
Tão bElas.
Grata, singela,
Despretensiosa
Homenagem
Neste dia, ora,
Todos os dias
São dElas.

Declamação

https://youtu.be/87wRnh2j-Ig?si=qGZ2aOzRawG5QCAL


domingo, 2 de março de 2025

O homem que enriqueceu

 

Boa noite Cid Mauro.

Está é uma das ruas estreitas da minha terra Guiricema. Está casa (foto e link no final) onde estão estacionadas 2 motos em frente continua a mesma dos meus 10 anos de idade aí era antiga hospedaria, depois oficina de Alfaiate onde aprendi costurar os primeiros retalhos as vezes 7 a 8 oficiais de Alfaiate.

O Estilista: José Toledo de Aguiar dono da fábrica, os oficiais Deli do Tulica, meu primo Jurandir dos Reis, Tusa, Edmundo, Toninho Barduni, Nicolau Barbieri, Alaor, estes ditados já partiram deste mundo. Vivos estão meu compadre sou padrinho de batismo do seu primogênito, eu estava com uns 16 anos +- Sosote ou (Gilvan) com seus 83 anos ainda trabalhando em sua casa enquanto cuida dos netos. Quando vou lá prego pra ele mas é um beato. católico pé roxo. Continuando o nome dos colegas, João de S. Lima, Alair irmão do Sosote, Francisco LaGatta os remanescentes. Aos sábados havia craques do violão que iam sapiar , era músicas bem cantadas por meu primo Reis e outros que gostava de sabadá músicas de Nelson Consalves , Ataufo Alves, Vicente Celestino, Francisco Alves. Demônios da Garoa, E outros da antiga. Quando vi está casa neste vídeo veio uma grata recordação dos meus 10 anos até ir para o RJ Estados da Guanabara com 20 anos 1960 .

Em maio de 1961 sentei praça no Corpo de Bombeiros  do Estado da Guanabara. Até meu chamado para servir no Exército do Senhor na obra missionária, quando me desvencilhei da corporação que amo muito. mas a  troca foi superior. Saí ganhando. Pois saía das bocas dos colegas que eu estava dando um golpe que estava saindo para ficar rico, eu confirmava as palavras proféticas deles. E não é que é verdade ! Sou milionário cheio da Graça de Deus.

Durma em paz querido, amanhã vamos para o culto do retiro.

Boa noite.

Link do ponto antigo mencionado:

https://www.facebook.com/share/r/17hJSYB7px/

sábado, 1 de março de 2025

Escolhas

 Igreja é escolha de Deus. Não poderia, jamais, ser nossa, seja para nela entrar, seja para, uma vez dentro, outros convidar.

  Somos pleno preconceito. Nossas escolhas estão, definitivamente, comprometidas por essa razão. Deus vive, por assim dizer, de consertar nossas escolhas.

   Bem, vamos melhorar a redação: Deus vive de orientar nossas escolhas, sim, e aprimorar o que escolhemos atrás, quando nem saberíamos, ao certo, no que ia dar.

  Eunice, minha avó materna, chamou sua filha Dorcas, minha mãe, para dizer que desmanchasse o namoro com Cid, seminarista batista, que um dia seria pastor, porque sabia que ela, jamais, abandonaria, como muitos, a lide congregacional.

  A filha argumentou com o, na época, namorado, os dois contemporizaram e fizeram a tal união ecumênica: ela, congregacional, jamais trocou-se pela outra denominação, e ele foi pastor batista solitário por toda a vida.

   Já em 1972, eu com 15 anos, assisti aos lances de suspenses matrimoniais entre Heraldo e Lourdes, ele, para mim, um estranho, ela, para mim, com Gilca, Miriam e Jair, filha do Presbítero Jeconias, nosso líder de adolescentes.

  Era a Congregacional de Cascadura, datando de 1953, grupo dissidente do Encantado, que passou por Madureira, como Congregação da Fluminense, e se fixou em Cascadura, João Romeiro 212, em 1961.

   Lá cheguei em 1966. E em 1972, o viúvo Heraldo Rolim Benevides implodiu a muralha de impedimentos, paquerou, termo da época, d. Lourdes, enfrentaram juntos toda a dureza, como diz the american people, it was tough, man, mas se casaram.

  Conheci, nessa época, os três filhos que Heraldo trazia de seu primeiro casamento. O mais velho, Carlos Tadeu, mais próximo de minha idade, com ele até discutíamos altos papos doutrinários, numa época em que estava em voga o que chamavam avivamento.

  O do meio, Paulo José, se tornou diácono, um dia, e um promotor de eventos na igreja, desde cantatas a peças de teatro, todas de cunho evagelístico, que envolviam jovens e adolescentes, uma tônica no período em que fui pastor, 1983-1994.

   A caçula, comigo até hoje, já 32 anos de casados, conheci nesse tempo, ela com 5 e eu com 15 anos, quando o futuro, para nós, mal se esboçava. A questão das escolhas, como eu havia dito: as que Deus faz e como nos ensina a fazer.

   Cid e Dorcas, Heraldo e Lourdes com traços semelhantes de vida, dois funcionários públicos casados com duas professoras, ambas imperiosas no trato com seus respectivas maridos, guardadas (e mantidas) as devidas proporções.

   Eu, supertímido, no trato com as meninas, somente fui mesmo namorar aos 19 anos, e esse ano era 1976. E como o contexto era mesmo esse, levei a primeira namorada a Cascadura, era óbvio.

    E quem, pergunto, mas quem, em primeiríssima mão, vem ao meu encontro, ora, quanta ironia (do destino), pelo corredor entre bancos já dentro da antiga igrejinha de infância? Sim, elas mesmas, as duas, Lourdes, 41, com Regina, 9, para conhecer a namorada de Cid Mauro.

   Devidamente apresentadas, sorrisos sociais de praxe, eis que Lourdes, bem típico dela, encerra a fala com uma tirada estupenda: "Bem está, parabéns pelo namoro, mas quem vai casar com Cid Mauro é minha filha", completou, apontando para baixo.

   Regina fechou o sorriso, escondeu-se vexada por detrás da mãe, a namorada sorriu amarelo, descrente, tinha a minha idade e jamais uma menina de 9 anos lhe representaria algum risco. Riscos, havia, mas eram outros...

   Eu dei um piparote no ombro da menina, de cabelo curtinho, cortado rente e colado à cabecinha, e recomendei que não se aborrecesse, porque era brincadeira de mãe. Ela deu o sorriso que ainda conserva com ela e a vida seguiu.

   Escolhas. Quem escolhe para ser igreja é Deus. Como já disse, igreja é algo que nos é dado. Mas a escolha é divina. Porque jamais escolheríamos pelos critérios que Deus escolhe.

  E nem escolheríamos as pessoas que Deus escolhe. Para nós, seria expurgo de uns, em detrimento de predileção tendenciosa de outros. Definitivamente, essa escolha não é nossa. Mas Deus escolhe e coisas, no contexto dessa escolha, acontecem.

   Cid escolheu Dorcas, Heraldo escolheu Lourdes, Cid Mauro escolheu Regina. Combinaram entre si e se casaram. Já até se disse que foi jogo de cartas marcadas. Bem, 1954, 1972 e 1993, nessa ordem, contextos de escolhas, cultura e casamentos diversos.

  Mas quem e quanto mais envolveu Deus na coisa, maior colheita de benefícios obteve. Em 2025, exatamente hoje, faz 100 anos que Heraldo nasceu. Quase comemoramos seus 90 anos em 2014. Mas os de Lourdes nós aguardamos comemorar neste ano.

  Dorcas, se estivesse entre nós, completaria 95 e Cid, se fosse um campeão de anos, emplacaria 107. Eu, Deus permitindo, chego aos 68 e Regina, minha garota, bem, jogos matemáticos, é melhor deduzirem do que eu me expor.

   Escolhas. Regência de Deus sobre nossas vidas. Casamentos. Lutas viscerais, internas e externas, conflitos poucos ou muitos, intensos, mais e menos. Tempo decorrido. Muitas histórias vividas e outras a contar e ainda a viver.

   Vale lembrar. Vale ser grato. Vale crer. Vale descansar vida, tempo e escolhas nas mãos de Deus.