Doutrina congregacional
A igreja local possui autonomia para sua própria
reflexão teológica, expansão missionária, relação com outras congregações e
seleção de seu ministério. O congregacionalismo está baseado nos seguintes
princípios:
Cada congregação de fiéis, unida pela adoração,
observação dos sacramentos e disciplina cristã, é uma Igreja completa, não
subordinada em sua administração a qualquer outra autoridade eclesiástica senão
a de sua própria assembleia, que é a autoridade decisória final do governo de
cada igreja local.
Não existe nenhuma outra organização ou entidade
maior ou mais extensa do que uma Igreja local a quem pode ser dada
prerrogativas eclesiásticas ou ser chamada de Igreja.
As igrejas locais estão em comunhão umas com as
outras, são interdependentes e estão intercomprometidas no cumprimento de todos
os deveres resultantes dessa comunhão. Por isso, se organizam em
concílios, sínodos ou associações. Entretanto, essas organizações não
são Igrejas, mas são formadas por elas e estão a serviço delas.
O congregacionalismo é o regime de governo mais
comum em denominações como anabatistas, Igreja
Batista, Discípulos de Cristo, Igreja de Cristo no
Brasil, Igreja Evangélica de Panorama e obviamente a própria denominação que
deu nome ao termo: a Igreja Congregacional.
28
Artigos (Síntese doutrinária do congregacionalismo)
(Os 28 Artigos da Breve Exposição das Doutrinas
Fundamentais do Cristianismo)
Art. 1º – Do Testemunho da Natureza quanto
à Existência de Deus – Existe um só Deus(1), vivo e pessoal(2); suas
obras no céu e na terra manifestam, não meramente que existe, mas que possui
sabedoria, poder e bondade tão vastos que os homens não podem compreender(3);
conforme sua soberana e livre vontade, governa todas as coisas(4). (1) Dt.6:4;
(2) Jr 10:10; (3) Sl 8:1; (4) Rm 9:15,16.
Art. 2º – Do Testemunho da Revelação a
Respeito de Deus e do Homem – Ao testemunho das suas obras Deus
acrescentou informações(5) a respeito de si mesmo(6) e do que requer dos
homens(7). Estas informações se acham nas Escrituras do Velho e do Novo
Testamento(*) nas quais possuímos a única regra perfeita para nossa crença
sobre o Criador, e preceitos infalíveis para todo o nosso proceder nesta
vida(8).(5) Hb 1:1; (6) Ex 34-5-7; (7); II Tm.3.15,16; (8); Is.8.19,20.(*) Os
livros apócrifos não são parte da Escritura devidamente inspirada.
Art. 3º – Da Natureza dessa Revelação –
As Escrituras Sagradas foram escritas por homens santos, inspirados por Deus,
de maneira que as palavras que escreveram são as palavras de Deus(9). Seu valor
é incalculável(10), e devem ser lidas por todos os homens(1). (9) II Pe
1:19-21; (10) Rm 3:1,2. (1) Jo 5:39.
Art. 4º – Da Natureza de Deus –
Deus o Soberano Proprietário do Universo é Espírito(2), Eterno(3), Infinito(4)
e Imutável(5) em sabedoria(6), poder(7), santidade(8), justiça(9), bondade(10)
e verdade(1). (2) Jo 4:24; (3) Dt 32:40; (4) Jr 23:24; (5) Ml 3; (6) Sl 146:5;
(7) Gn 17:1; (8) Sl 144:17; (9) Dt 32: 4; (10) Mt 19:17; (1) Jo 7:28.
Art. 5º – Da Trindade da Unidade –
Embora seja um grande mistério que existam diversas pessoas em um só Ente, é
verdade que na Divindade exista uma distinção de pessoas indicadas nas
Escrituras Sagradas pelos nomes de Pai, Filho e Espírito Santo(2) e pelo uso
dos pronomes Eu, Tu e Ele, empregados por Elas, mutuamente entre si(3). (2) Mt
28:19: (3) Jo 14:16,17
Art. 6º – Da Criação do Homem –
Deus, tendo preparado este mundo para a habitação do gênero humano, criou o
homem(4), constituindo-o de uma alma que é espírito(5), e de um corpo composto
de matérias terrestres(6). O primeiro homem foi feito à semelhança de Deus(7),
puro, inteligente e nobre, com memória, afeições e vontade livre, sujeito
Àquele que o criou, mas com domínio sobre todas as outras criaturas deste mundo(8).
(4) Gn 1:2-27; (5) Ec 12:7; (6) Gn 2:7; (7) Gn 1:26,27; (8) Gn 1:28
Art. 7º – Da Queda do Homem – O
homem assim dotado e amado pelo Criador era perfeitamente feliz(9), mas tentado
por um espírito rebelde (chamado por Deus, Satanás), desobedeceu ao seu
Criador(10); destruiu a harmonia em que estivera com Deus, perdeu a semelhança
divina; tornou-se corrupto e miserável, deste modo vieram sobre ela a ruína e a
morte(1). (9) Gn 1:31; (10) Gn 2: 16,17; (1) Rm 5:12.
Art. 8º – Da Conseqüência da Queda –
Estas não se limitam ao primeiro pecador. Seus descendentes herdaram dele a
pobreza, a desgraça a inclinação para o mal e a incapacidade de cumprir bem o
que Deus manda(2); por conseqüência todos pecam, todos merecem ser condenados,
e de fato todos morrem(3).(2) Sl 50:7; (3) I Co 15:21
Art. 9º – Da Imortalidade da Alma –
A alma humana não acaba quando o corpo morre. Destinada por seu Criador a uma
existência perpétua, continua capaz de pensar, desejar, lembrar-se do passado e
gozar da mais perfeita paz e regozijo; e também de temer o futuro, sentir
remorso e horror e sofrer agonias tais, que mais quereria acabar do que
continuar a existir(4); o pecado da rebelião contra o seu Criador, merece para
sempre esta miséria, que é chamada por Deus de segunda morte(5). (4) Lc
16:20-31; (5) Ap 21:8
Art. 10º – Da Consciência e do Juízo Final –
Deus constituiu a consciência juiz da alma do homem(6). Deu-lhes mandamentos
pelos quais se decidissem todos os casos(7), mas reservou para si o julgamento
final, que será em harmonia com seu próprio caráter(8). Avisou aos homens da
pena com que com punirá toda injustiça, maldade, falsidade e desobediência ao
seu governo(9); cumprirá suas ameaças, punindo todo pecado em exata proporção à
culpa(10).(6) Rm 2:14,15; (7) Mt. 22:36-40; (8) Sl 49:6; (9) Gl 3:10; (10) II
Co 5:10
Art. 11º – Da Perversidade do Homem e do
Amor de Deus – Deus vendo a perversidade, a ingratidão e o desprezo
com que os homens lhe retribuem seus benefícios e o castigo que merecem(1),
cheio de misericórdia compadeceu-se deles; jurou que não desejava a morte dos
ímpios(2); além disso, tomou-os e mandou declarar-lhes, em palavras humanas,
sua imensa bondade para com eles; e quando os pecadores nem com tais palavras
se importavam, ele lhes deu a maior prova do seu amor(3) enviando-lhes um
salvador que os livrasse completamente da ruína e miséria, da corrupção e
condenação e os restabelecesse para sempre no seu favor(4).(1) Hb 4:13; (2) Ez
33:11; (3) Rm 5:8,9; (4) II Co 5: 18-20.
Art. 12º – Da Origem da Salvação –
Esta Salvação, tão preciosa e digna do Altíssimo (porque está perfeitamente em
harmonia com seu caráter) procede do infinito amor do Pai, que deu seu
unigênito Filho para salvar os seus inimigos(5). (5) I Jo 4:9
Art. 13º – Do Autor da Salvação –
Foi adquirida, porém, pelo Filho, não com ouro, nem com prata, mas com Seu
sangue(6), pois tomou para Si um corpo humano e alma humana(7) preparados pelo
Espírito Santo no ventre de uma virgem(8); assim, sendo Deus e continuando a
sê-Lo se fez homem(9). Nasceu da Virgem Maria, viveu entre os homens(10), como
se conta nos evangelhos, cumpriu todos os preceitos divinos(1) e sofreu a morte
e a maldição como como o substituto dos pecadores(2), ressuscitou(3) e subiu ao
céu(4). Ali intercede pelos seus remidos(5) e para valer-lhes tem todo o poder
no céu e na terra(6). É nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo(7), que oferece,
de graça, a todo o pecador o pleno proveito de sua obediência e sofrimentos, e
o assegura a todos os que, crendo nEle, aceitam-no por Seu Salvador(8).(6) I Pe1:18,19;
(7) Hb 2:14; (8) Mt 1:20; (9) Jo 1:1,14; (10) At 10:38; (1) I Pe 2:22; (2) Gl
3:13; (3) Mt 28:5,6; (4) Mc 16:19; (5) Hb 7:25; (6) Mt 28:18; (7) At 5:31; (8)
Jo 1:14.
Art. 14º – Da Obra do Espírito Santo no
Pecador – O Espírito Santo enviado pelo Pai(9) e pelo Filho(10),
usando das palavras de Deus(1), convence o pecador dos seus pecados e da
ruína(2) e mostra-lhe e excelência do Salvador(3), move-o a arrepender-se, a
aceitar e a confiar em Jesus Cristo. Assim produz uma grande mudança espiritual
chamada nascer de Deus(4). O pecador nascido de Deus está desde já perdoado,
justificado e salvo; tem a vida eterna e goza das bênçãos da Salvação(5).(9) Jo
14:16,26; (10) Jo 16:7; (1) Ef 6:17; (2) Jo 16:8; (3) Jo 16:14; (4) Jo1:12,13;
(5) Gl 3:26
Art. 15º – Do Impenitente – Os
pecadores que não crerem no Salvador e não aceitarem a Salvação que lhes está
oferecida de graça, hão de levar a punição de suas ofensas(6), pelo modo e no
lugar destinados para os inimigos de Deus(7). (6) Jo 3:36; (7) II Ts 1: 8,9
Art. 16º – Da Única Esperança de Salvação –
Para os que morrem sem aproveitar-se desta salvação, não existe por vir além da
morte um raio de esperança(8). Deus não deparou remédio para os que, até o fim
da vida neste mundo, perseveraram nos seus pecados. Perdem-se. Jamais terão
alívio(9). (8) Jo 8:24; (9) Mc 9:42,43
Art. 17º – Da Obra do Espírito Santo no
Crente – O Espírito santo continua a habitar e a operar naquele que
faz nascer de Deus(10); esclarece-lhe a mente mais e mais com as verdades
divinas(1), eleva e purifica-lhe as afeições adiantando nele a semelhança de
Jesus(2), estes fruto do espírito são prova de que passaram da morte para a
vida, e que são de Cristo(3).(10) Jo 14:16,17; (1) Jo 16:13; (2) II Co 3:18;
(3) Gl 5:22,23
Art. 18º – Da União do Crente com Cristo e
do Poder para o Seu Serviço – Aqueles que tem o Espírito de Cristo
estão unidos com Cristo(4), e como membro do seu corpo recebem a capacidade de
servi-Lo(5). Usando desta capacidade, procuram viver, e realmente vivem, para a
glória de Deus, seu Salvador(6).(4) Ef 5:29,30 ( 5) Jo 15:4,7 (6) I Co 6:20
Art. 19º – Da União do Corpo de Cristo –
A Igreja de Cristo no céu e na terra é uma(7) só e compõe-se de todos os
sinceros crentes no Redentor(8), os quais foram escolhidos por Deus, antes de
haver mundo(9), para serem chamados e convertidos nesta vida e glorificados
durante a eternidade(10). (7) Ef 3:15; (8) I Co 12:13; (9) Ef 1:11; (10) Rm 8:
29,30.
Art. 20º – Dos Deveres do Crente –
É obrigação dos membros de uma Igreja local, reunirem-se(1) para fazer oração e
dar louvores a Deus, estudarem sua Palavra, celebrarem os ritos ordenados por
Ele, valerem um dos outros e promoverem o bem de todos os irmãos; receberem(2)
entre si como membros aqueles que o pedem e que parecem verdadeiramente filhos
de Deus pela fé; excluírem(3) aqueles que depois mostram a sua desobediência
aos preceitos do Salvador que não são de Cristo; e procurarem o auxílio e
proteção do Espírito Santo em todos os seus passos(4).(1)Hb 10:25; (2) Rm 14:1;
(3) I Co 5:3-5; (4) Rm 8:5,16.
Art. 21º – Da Obediência dos Crentes –
Ainda que os salvos não obtenham a salvação pela obediência à lei senão pelos
merecimentos de Jesus Cristo(5), recebem a lei e todos os preceitos de Deus
como um meio pelo qual Ele manifesta sua vontade sobre o procedimento dos
remidos(6) e guardam-nos tanto mais cuidadosa e gratamente por se si acharem
salvos de graça(7).(5) Ef 2:8,9; (6) I Jo 5:2,3; (7) Tt 3:4-8.
Art. 22º – Do Sacerdócio dos Crentes e dos
Dons do Espírito – Todos os crentes sinceros são sacerdotes para
oferecerem sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo(8), que é
o Mestre(9), Pontífice(10) e Único Cabeça de sua Igreja(1); mas como Governador
de sua casa(2) estabeleceu nela diversos cargos(3) como de Pastor(4),
Presbítero(5), Diácono(6), e Evangelista; para eles escolhe e habilita, com
talentos próprios, aos que ele quer para cumprirem os deveres desses
ofícios(7), e quando existem devem ser reconhecidos pela igreja e preparados e
dados por Deus(8). (8) I Pe 2:5-9; (9) Mt 23:8-10; (10) Hb 3:1; (1) Ef. 1:22;
(2) Hb 3:6; (3) I Co 12:28; (4) Ef 4:2; (5) I Tm 3:1-7; (6) I Tm 3: 8-13; (7) I
Pe 5:1; (8) Fl 2:29.
Art. 23º – Da Relação de Deus para com Seu
Povo – O Altíssimo Deus atende as orações(9) que, com fé, e, em nome
de Jesus, único Mediador(10) entre Deus e os homens, lhe são apresentadas pelos
crentes, aceita os louvores(1) e reconhece como feito a Ele, todo o bem feito
aos Seus(2). (9) Mt 18:19; (10) I Tm 2:5; (1) Cl 3:16,17; (2) Mt 25:40,45; (3)
Hb 10:1; (4) At 10:47,48; (5) Mt 26:26-28.
Art. 24º – Da Cerimônia e dos Ritos
Cristãos – Os ritos judaicos, divinamente instruídos pelo Ministério
de Moisés , eram sombras dos bens vindouros e cessaram quando os mesmos bens
vieram(3): os ritos cristãos são somente dois: o batismo com água(4) e a Ceia
do Senhor(5).
Art. 25º – Do Batismo com Água – O
batismo com água foi ordenado por Nosso Senhor Jesus Cristo como figura do
batismo verdadeiro e eficaz, feito pelo Salvador , quando envia o Espírito
Santo para regenerar o pecador(6). Pela recepção do batismo com água, a pessoa
declara que aceita os termos do pacto em que Deus assegura as bênçãos da
salvação(7). (6) Mt. 3:11; (7) At 2:41
Art. 26º – Da Ceia do Senhor – Na
Ceia do Senhor foi instituída pelo Senhor Jesus Cristo, o pão e o vinho
representam vivamente ao coração do crente o corpo que foi morto e o sangue
derramado no Calvário(8); participar do pão e do vinho representa o fato de que
a alma recebeu seu Salvador. O crente faz isso em memória do Senhor, mas é da
sua obrigação examinar-se primeiro fielmente quanto a sua fé, seu amor e o seu
procedimento(9). (8) I Co 10:16; (9) I Co 11:28,29.
Art. 27º – Da Segunda Vinda do Senhor –
Nosso Senhor Jesus Cristo virá do céu como homem(10), em Sua própria glória(1)
e na glória de Seu Pai(2), com todos os santos e anjos; assentar-se-á no trono
de Sua glória e julgará todas as nações. (10) At 1:11; (1) Mt 25:31; (2) Mt
16:27
Art. 28º – Da Ressurreição para a Vida ou
para a Condenação – Vem a hora em que os mortos ouvirão a voz do Filho
de Deus e ressuscitarão(3); os mortos em Cristo ressurgirão primeiro(4); os
crentes que neste tempo estiverem vivos serão mudados(5), e sendo arrebatados
estarão para sempre com o Senhor(6), os outros também ressuscitarão, mas para a
condenação(7). (3) Jo 5:25-29; (4) I Co 15:22,23;(5) I Co 15:51,52; (6) I Ts 4:16;
(7) Jo 5:29.
Os Vinte e oito artigos da ” BREVE EXPOSIÇÃO DAS
DOUTRINAS FUNDAMENTAIS DO CRISTIANISMO ” foram lavrados pelo Dr. Robert Reid
Kalley e aprovados em 02 de julho de 1876 e este documento, de memorável valor
histórico, consagrou-se como síntese doutrinária das Igrejas Evangélicas
Congregacionais do Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário