domingo, 5 de abril de 2020

Genérico

     Ser humano é substantivo. Principalmente, precedido do artigo definido "o", que vai dar "o ser humano". Genérico. Dizer "genérico", já é problemático para o ser humano. 
    Mas adiante falo sobre isso. Antes, desejo destacar aqui que o ser humano não sabe ser humano. Agora, "ser" está sendo verbo, no infinitivo. 
    Infinitivo é ser sem nunca deixar de ser. E, no caso, humano, nesta construção, será predicativo. Desse jeito, definitivamente, ser terá, infinitamente, estreita e permanente relação com humano. 
    Vai ver que, daí, dessa relação, surgiu o substantivo unindo esses dois vocábulos: ser humano. 
   Você pode não acreditar na Bíblia. Ou escolher que parte dela te interessa. Mas a principal parte, ainda que não seja aceita assim ou que tenha fé, que assim a aceite, conta que existe Deus. 
      E que esse Deus se fez homem. Para ensinar o ser humano a ser humano. Partindo do princípio de que ele, o ser humano, é genérico. 
    Muito difícil, quase impossível o ser humano, todos eles, qualquer deles, poucos entre eles, enfim, admitirem-se genéricos. 
     Admitir-se genérico é o princípio do amor. Quem não se admite genérico, não ama. Apenas simula. Às vezes, e, principalmente, pelo discurso. 
    Ou pelo teatro, representando. Hipócrita, no sentido original, no grego, é ator. No sentindo de amar, não vale a demagogia do discurso e nem a burla, o histrionismo, a representação.  
    João apóstolo foi temerário em definir Deus numa palavra só: amor. Ele disse Deus é amor. Também disse o verbo de fez carne e tabernaculou entre nós, quer dizer, montou nas costas sua tenda, e se misturou à humanidade. 
     Deus, singular, único, se tornou genérico, quer dizer, plural. Para ensinar o ser humano a ser humano. Quer dizer, mais ainda do que isso: para tornar o ser humano ser humano. 
     O ser humano, a humanidade toda, abandonou sua condição de ser humano. O vírus também é ser. Indefinido. Carrega um programa dentro, com os terminais de conexão. 
     Adere à célula, que é ser vivo, hospeda-se e a desintegra. Opera disfunção. Ele está lá fora, cumprindo o seu ciclo. Está ditando as normas. Estamos subordinados a elas.
     O Vírus é o meu pastor, nada me faltará. Já repetiu hoje seu salmo?  Não vá dizer "o Senhor é o meu pastor, nada me faltará". A não ser que esteja, de verdade, no aprendizado. Conectado a Deus, e não ao vírus.
    Ainda que não creia na história da Bíblia, ou de nenhuma outra religião, muito interessante que tenham inventado assim, como seja, que o Deus que inventou o ser humano se fez homem para tornar humano o ser humano. 
    Ainda que não acredite, seja humano. Ame. Ainda que seja o inimigo. Aliás, ame, principalmente, o inimigo: porque se aprender assim, de verdade, será fácil amar todos os outros.
    Sem histrionismo, quer dizer, sem hipocrisia, sem burla, sem falsidade, sem demagogia. Como diz João Apóstolo, "quem diz que ama a Deus, a quem não vê, e não ama o irmão, a quem vê, mente". 
    Seja genérico. 

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