sexta-feira, 19 de maio de 2017

Mal traçadas linhas 41

Salvar alguém como eu.

  Alguém compôs esse hino aí. Deve constar de um arroubo de reflexão sobre sua própria condição. Faz a gente refletir sobre a nossa própria.

  Supõe que, uma vez confirmada a palavra bíblica de que Deus se ocupa, pessoal, intransferível e individualmente com a nossa salvação, que vocação, no mínimo, estranha que o Altíssimo instituiu para Si mesmo.

 Sim, porque quando imagino Deus ocupado em me amar, caramba, agora num arroubo meu de (falsa) humildade, até me emociona que o Altíssimo assim possa agir. Afinal, sempre tomado pelos mais elevados e definitivos arroubos, Ele sim, de Sua divindade, amar-me combina com Ele.

   Mas aí, penso em cada ser humano. Essa diversidade é desconcertante. Claro que somos seletivos nessa história de "amor" ao próximo. Não saímos, por aí, amando. Envernizando nossa cara de pau, ciosos de não queimar nosso filme, adotamos uma visão cristã da coisa, porém não radical.

   E quando pensamos em Jesus, expressão humana exata de Deus, daí refletimos, procurando enxergar numa pálida ideia essa imagem de um envolvimento sem acepção (ou assepsia) de pessoas.

  Imagine Deus ocupar-se em amar todos e cada um. Quando o Altíssimo, que tudo sabe e a tudo perscruta ainda se faz Espírito para, além de uma vez se ter feito homem, ocupar-se da intenção de estar dentro dos que ama, cara, uma vocação dessas, de se envolver, individualmente, com a falência humana, que louvável vocação.

  Amor. Mais ou menos isso que eu penso quando palidamente reflito no que consiste entender que Deus se ocupa com o que cada um carrega consigo no mais íntimo, aí onde às vezes nem mesmo a criatura humana tem coragem de imergir e, se e quando o faz, veste sua fantasia e se impõe uma máscara. Hipócritas caras de pau nós somos.

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