sábado, 30 de abril de 2016
Alô, alô, vovós atualizadas.
Joquebede, mãe de Moisés e avó de Gerson e Eliezer, certamente não tinha acesso facilitado aos netos. Isso porque Zipora não partilhava do ministério que Moisés, com certa dificuldade, assumiu.
Em Ex 4:24-26, vemos o primeiro sintoma da rejeição dela, quando circuncida seu filho a contragosto, jogando aos pés do marido o prepúcio do menino e acusando Moisés de sanguinário.
Nesse texto, além de Moisés estar tentando fugir de Deus, sua esposa não aceitava a circuncisão, um ritual que simbolizava a aliança do povo de Israel com Deus. Muito provavelmente, ela não acompanhou seu esposo no retorno ao Egito.
Aquele casamento foi circunstancial, ou seja, Moisés que era homem cosmopolita, educado no Egito, encontrava-se fugido e exilado no deserto de Midiã. Conhece a mais velha de sete irmãs, de cultura pastoril, e com ela se casa. Quando decide retornar ao Egito e ainda dizendo que Deus o convocava como líder e libertador, sua esposa surtou.
Qual foi o papel da avó Joquebede na educação de seu filho Moisés? Fundamental. O autor de Hebreus em 11:21 mostra que ela e seu esposo Anrão ocultam, sem medo, o menino, crendo no plano de Deus para a vida dele.
E em Hb 11:24-27 está indicado como a educação recebida nos caminhos do Senhor levou Moisés a rejeitar fama no Egito, identificando-se como servo e, desse modo, tomando para si a mesma vergonha que carregam os que escolhem Jesus e rejeitam a fama do mundo.
E quando já no Egito, Moisés, que havia nomeado um dos filhos pela sua condição, Gerson, "estrangeiro", durante esse período não conta com a presença da familia: ou Zipora, com as crianças, retornou ao Egito a partir daquela estalagem ou, se seguiu para o Egito, posteriormente retorna para a sua terra.
Isso porque Jetro, o sogro de Moisés, pai de Zipora, reconduz a família ao deserto e ao encontro de Moisés após a travessia do Mar Vermelho, Ex 18:1-8. E, mais tarde, o texto bíblico nos informa que Moisés tomou uma mulher de Cuxe, na África, como esposa, o que desgostou seus irmãos Arão e Miriam.
Portanto, Joquebede era avó de netos de um casamento desfeito. Mulher de sua marca, que reunia as características de uma fé madura e coragem para: (1) com o marido Anrão, pela fé, ocultar Moisés apenas recém-nascido; (2) arquitetar o estratagema do cestinho no rio, para salvá-lo das mãos do Faraó; (3) sabedoria para colocar a filha como mediadora entre ela e a filha de Faraó; (4) colocar-se dentro do palácio, ambiente hostil a judeus, como ama do próprio filho.
Evidentemente que uma avó dessa marca jamais deixaria de lado, a sua própria sorte, seus netos. Se a nora, Zipora, vivia às turras com o marido Moisés, que estratégias deve ter utilizado, já que se mostrava tão sábia, para fazer chegar aos netos a mesma instrução que, certamente, dela partiu e foi decisiva na vida de Moisés?
E você, vovó moderna, de nossos dias? Há obstáculos para o seu acesso aos netos? Você é avó crente de netos que são filhos de um casal separado? Qual tem sido sua estratégia para alcançar seus netos?
Antes de tudo, ore pelos netos. Depois, procure se comunicar com eles, levando a eles a Bíblia, a palavra de Deus. Há meios atuais para fazer isso que, certamente, seu neto conhece e é perito em fazer.
Aprenda os recursos da internet: WhatsApp, comunicação em tempo real pelo smartphone, pelo celular; Facebook e seus recursos, como envio de imagens, mensagens e também conversa ao vivo; Skype e imo, que são conversa ao vivo, com imagem sua e deles aparecendo, grátis em qualquer lugar, seja pelo notebook ou pelo celular.
Em sua igreja, imagine um dia de encontro, Dia das Vovós, por exemplo, como programação especial e dirigida especificamente a eles. Uma Classe de Cinco Dias em sua casa, estratégia da Apec, especialistas na evangelização de crianças, em que lições bíblicas serão ensinadas, para os seus e outros netos.
Vovó de fé, estilo Joquebede, não há, no Senhor, limites para a sua criatividade. Pode se lançar, com fé, na evangelização de seus e muitos outros netos.
sábado, 23 de abril de 2016
Mal traçadas linhas 21
Festa.
"Com quem será, com quem será, com quem será tra-lá-lá lá-lá casar". Ouvi ao me deitar, deveria ser cercanias das 22h. Pela madrugada, levantando para tomar uma água, entre outros que tais, avistei os restos da festa.
Num terraço, no Bairro Guanabara, ampla vila de casas que, quando cheguei aqui no bairro, para morar no 3o andar de edifício ao lado, em 1967, já existia. Entrada ampla, que se bifurca numa conexão com mais três ruas sem saída, com calçamento dos velhos paralelepípedos de granito e casas estilo anos 60, condomínio fechado, um must para o Méier desses idos anos.
O terraço, esquecido, lá estava, totalmente iluminado, ainda, com gomos de balões, todos brancos, rivalizando e reverberando luminosidade. Silêncio no terraço. Silêncio fora, naquela madrugada. A festa havia acabado.
Festas nunca deveriam acabar. Por isso, aqueles banquetes imperiais duravam dias, às vezes meses a fio, como descreve o livro de Ester. Não adianta, o tempo devora as festas, sua razão de ser, sua motivação, sem contar o cansaço e o tédio. As festas se inserem no tempo e o calendário trabalha contra elas.
Deveria haver festa para sempre e tudo ou qualquer coisa, fosse motivo, pretesto de festa. Um pouco assim mesmo, alma brasileira. Evidentemente, festas por legítimos motivos, pois caso houvesse dissimulação, subterfúgios, motivações fingidas, enfim, extinguem a verdadeira alegria.
Passarinhos estão sempre em festa. Caso não haja alerta para predadores, estarão sempre cantando. Isso quando o canto já não é alerta de defesa. Plantas, vegetação de um modo geral, batidas por brisa, balançam em festa, gratas. Córregos chiam suas águas, serpenteando, roçando pedras, precipitando-se abaixo, em festa.
Folga o dia em que tudo será e em permanente festa. Quando eu era criança, um dos pesadelos que me assaltava era meu esforço hercúleo em direção a uma festa, houvera sido convidado, o medo era que não alcançasse a tempo e se concretizava o temor: ao chegar, deparava somente os restos, acabara-se a festa.
Jesus gostava de festa. Ele era festeiro. A Bíblia não menciona Jesus sorrindo (e nem dançando) mas, certamente, praticava os dois.
Aliás, acabou o vinho no casamento. Se Jesus fosse o moralista que desejam que fosse, um ranzinza, não poria em questão mais vinho para ainda maior regalo, mais festa, dança e alegria.
Fico imaginando as gargalhadas de Jesus, como deveriam soar sonoras. Um piadista, o Mestre, não perdia uma chance. Aliás, de novo, aquele pastor Claudio Duarte, um festeiro, menciona algumas piadas de Jesus registradas na Bíblia, verdadeiras gozações, olhos de ver.
Para ser festa, é necessário bom humor. Para ser sincero, sem justiça, além de não ser estabelecida a paz, não há festa que seja coerente, alegria genuinamente compartilhada. Só o esgar de um falso riso ou uma gargalhada sinistra.
O bem quer festa. O mal não a deseja. Ele quer a dor, a injustiça e o sofrimento. Por isso Mateus Evangelista registrou que Jesus vivia por andar por todos os cantos, curando, libertando os cativos pela maldade e ensinando sua filosofia da troca do ruim e do pecado pelo belo.
Um festeiro, esse Jesus. Liberdade é sinônimo de festa, bom humor, uma boa comida e algum vinho. Temperado com justiça porque, como diz Tiago, em paz se semeia o fruto da justiça. E, sem ela, não há festa. Um festeiro, esse Jesus.
terça-feira, 19 de abril de 2016
Mal traçadas linhas 20
Ricos.
Alguns homens da Bíblia foram ricos. Sem problemas. Não concordo que a riqueza e os ricos sejam estigmatizados. Aliás, qualquer estigmatização é viciosa.
O problema não é a riqueza, caso tenha, evidentemente, sido amealhada de maneira honesta. É raro, mas ocorre. Porém o problema sempre vai estar no vínculo com o caráter do rico em questão.
Tiago, em sua carta, reclama da tendência humana a bajular o rico, seja ele quem for. Pelo nível social ascendente, fosse em qual época da história, costuma-se atribuir, em detrimento dos outros à volta, importância mais elevada a quem, naturalmente, destaca-se pelo volume dos bens que possui.
Jesus, por exemplo, no contato com o jovem rico, estabeleceu um padrão de referência e abordagem desse assunto, colocando rico, riqueza e bajulação nos seus devidos lugares.
Como todo, ou quase todo rico, aquele anônimo jovem - no sentido de não lhe conhecermos o nome, não em relação ao cartaz que já granjeara - achava que nada lhe faltava, que todas as portas se lhe abriam, provavelmente era esse um cacoete de sua condição econômica.
Procurou Jesus, talvez leve incômodo por uma coisa que também o dinheiro não resolve, chamada morte, para perguntar sobre "vida eterna", evidentemente, no caso dele, prolongar o seu estilo de vida.
Jesus pôs os pingos nos ii: (1) estilo de vida é desfazer-se de toda a riqueza e se tornar meu discípulo, blefou Jesus; (2) mais importante do que seus bens, é o lugar que você dá a Deus um sua vida, ensinou-lhe Jesus; (3) sua importância, Jesus tentava que compreendesse, não residia na quantidade dos bens que possuía.
Ha ha ha... Digo que Jesus blefava, porque não estava literalmente interessado que o jovem abrisse mão dos bens em troca de uma possibilidade de fé - aliás, atualmente um monte de gente está enriquecendo vendendo ilusões como se fosse fé -, mas Jesus queria testar no jovem aquilo a que ele dava maior importâcia e, infelizmente, ficou claro que não era prioridade para ele seguir Jesus.
Tiago, eu sua carta, bem define, em termos práticos, aos irmãos da comunidade a quem dedicou sua epístola, os danos de se deixar conduzir pelo falso status que a riqueza proporciona. Ele antecipa em séculos uma equilibrada e lúcida crítica ao modelo capitalista, quando exercido de modo predador, se é que não seja essa, em essência, sua ênfase.
Tiago aponta para a rapidez com que se opta pela aparência em troca do conteúdo, quando com extrema facilidade adulamos, carinhamos e agradamos ricos além da conta, desproporcionalmente, esperando algum troco. E relegamos ao desprezo quaisquer outros ao redor sem status ou pedigree.
No caso da congregação à qual foi dirigida a epístola, eram dados aos ricos os melhores lugares, vício este milenar e frequentemente visto nos dias de hoje. Raras são as igrejas que, ao menos, dirigem-se ao estranho que lhes entra pelas portas com trato diferenciado e requintado, a não ser que sua (boa) aparência revele o status.
Jesus, como sempre e incomodamente, segundo os critérios do verniz social, pôs tudo em seu devido lugar. Aquele jovem julgava ter ascendido ao que era melhor. Faltava-lhe, em sua opinião, o aval de Jesus. Contada nos três evangelhos, somente Marcos, que sempre denunciava os sentimentos de Jesus, assinalou a frustração do Mestre em, amando o jovem, não estar ao alcance dissuadi-lo em amar menos as riquezas para, literalmente, entrar nos eixos.
Provavelmente, riqueza seja mesmo seguir Jesus. Um tipo não é incompatível com o outro, quer dizer, ricos também seguem Jesus, mas não é aconselhável inverter valor e considerar os bens fora de seu eixo. É bom conservá-los subordinados, relegados ao plano de seu interesse e não deslocados à posição de um altar de idolatria ou marca de diferenciação social.
Como disse Paulo Apóstolo a Timóteo, amor ao dinheiro é raiz de todos os males: esta, sim, talvez, uma boa definição para capitalismo.
sábado, 16 de abril de 2016
Igreja Evangélica Congregacional do Manoel Julião - Congregação
Amados irmãos da diretoria da
Missão Evangelizadora do Brasil e de Portugal
Em conversa prévia com o pastor Gustavo Costa, da Igreja Evangélica Fluminense, fomos comunicados de seu desejo, juntamente com essa Missão e irmãos seminaristas, iniciar um trabalho no Norte do Brasil, especificamente no Acre, numa proposta de parceria com o Projeto Chácara já desenvolvido pelos irmãos da Congregação no Acre.
Desejamos expor nossa visão dessa empreitada, visto que algumas condições são necessárias, a fim de que uma futura ou possível parceria seja concretizada:
1. A chácara vem sendo adquirida pelo grupo da Congregação e já se encontra em nome da futura Igreja Evangélica Congregacional do Manoel Julião;
2. Isso objetivamente implica dizer que o Projeto assim desenvolvido tem concepção e implantação específica dos irmãos e pastor que já o desenvolvem, evidentemente, abertos e, inclusive, desejosos de um tipo qualquer e sugestivo de parceria;
3. Porém, diante do exposto na prévia conversa acima mencionada, há intenção de uma amplitude de ministérios, citados que foram ribeirinhos e, provavelmente, tribos indígenas e, ainda, implantação de um Seminário;
4. Muito embora a implantação de um Seminário, a longo prazo, seja nosso desejo, nosso imediato desejo é implantar um Acampamento específico para crianças, dentro do modelo e necessidades da clientela que já atendemos;
5. Para tanto, estamos terminando a construção da residência do caseiro e preparando a casa maior exclusivamente para salas de interesse para atividades com crianças e, eventualmente, nas temporadas, utilizada como dependências para o acampamento;
6. Avaliamos, portanto que, para uma efetiva parceira a ser combinada, relacionada a objetivos comuns cuidadosa e objetivamente planejados, será necessário à MEBP, caso seja essa Missão que vá empreender essa empreitada missionária, com ribeirinhos e, eventualmente, indígenas, uma base específica que abrigue sua liderança e seus missionários em campo avançado no Acre;
7. Avaliamos incompatíveis os objetivos da Missão e aqueles de nosso Projeto, caso se misturem num mesmo local, no caso a chácara em questão, já planejada e disponibilizada para os objetivos de nosso Projeto, que envolvem espaços para a comunidade, como sala de leitura, reforço escolar, assistência médica, nutrição, assim como retiros, convenções, eventos diversos, enfim, atividades que exigem a disponibilização dos cômodos da casa, não comportando hospedagem fixa;
8. Avaliamos, também que, caso a empreitada da Missão tenha a amplitude que, na conversa prévia entre eu e pastor Gustavo ficou configurada, mais ainda se torna imperioso um local específico para uma futura base da Missão no Acre;
9. Parceria implica definição de objetivos em comum e, para tanto, a Missão é estreante no Acre. Não diminuo, evidentemente, a capacidade dos irmãos e rapidez de adaptação. Mas o que questiono é a distância no espaço e no tempo, decorridos 21 anos em que estou aqui e as diferenças de visão entre os irmãos do Rio e minha liderança aqui;
10. Respeito, melhor dizendo, esforço-me por respeitar o ponto de vista alheio e, para isso, começo respeitando o meu próprio ponto de vista. Por isso não julgo fácil, rápido e pronta a adaptação da visão dos irmãos às realidades do Norte, mormente adaptação à visão minha, especificamente, tão peculiar e de convivência imprevisível, visto meu isolamento por tanto tempo;
11. Por isso não desejo, e essa é a visão que vou transmitir aos meus liderados, que num mesmo e específico local possamos estabelecer ministério(s) de visões diferenciadas. Acredito que uma parceria será possível, bem planejada e posta em prática caso, antecipadamente e antes de qualquer aventura, por usar este termo, da Missão no Acre, se os irmãos conseguirem uma base própria para sua liderança e missionários, como ponto de partida de todas as ações nessa parte do Norte do Brasil.
12. Em minha visão, uma parceria necessita de um fórum neutro e de planejamento contínuo, uma base avançada para que, desde muito cedo, missionários e/ou representantes da Missão possam realizar diligências e planejamentos no Acre, bem como discutir e implantar parcerias. Creio ser essa medida essencial para o bom relacionamento com o Projeto já em andamento, preservadas as diferenciações e preservada a amplitude e os desafios que, ainda mencionando a conversa prévia, parece-me ter consigo a Missão.
Certos de que os passos para uma possível caminhada em conjunto já estão sendo dados e rogando ao Espírito luz, sabedoria e assistência a nós, despedimo-nos, na graça de Deus.
Cid Mauro Araujo de Oliveira.
Amados irmãos da diretoria da
Missão Evangelizadora do Brasil e de Portugal
Em conversa prévia com o pastor Gustavo Costa, da Igreja Evangélica Fluminense, fomos comunicados de seu desejo, juntamente com essa Missão e irmãos seminaristas, iniciar um trabalho no Norte do Brasil, especificamente no Acre, numa proposta de parceria com o Projeto Chácara já desenvolvido pelos irmãos da Congregação no Acre.
Desejamos expor nossa visão dessa empreitada, visto que algumas condições são necessárias, a fim de que uma futura ou possível parceria seja concretizada:
1. A chácara vem sendo adquirida pelo grupo da Congregação e já se encontra em nome da futura Igreja Evangélica Congregacional do Manoel Julião;
2. Isso objetivamente implica dizer que o Projeto assim desenvolvido tem concepção e implantação específica dos irmãos e pastor que já o desenvolvem, evidentemente, abertos e, inclusive, desejosos de um tipo qualquer e sugestivo de parceria;
3. Porém, diante do exposto na prévia conversa acima mencionada, há intenção de uma amplitude de ministérios, citados que foram ribeirinhos e, provavelmente, tribos indígenas e, ainda, implantação de um Seminário;
4. Muito embora a implantação de um Seminário, a longo prazo, seja nosso desejo, nosso imediato desejo é implantar um Acampamento específico para crianças, dentro do modelo e necessidades da clientela que já atendemos;
5. Para tanto, estamos terminando a construção da residência do caseiro e preparando a casa maior exclusivamente para salas de interesse para atividades com crianças e, eventualmente, nas temporadas, utilizada como dependências para o acampamento;
6. Avaliamos, portanto que, para uma efetiva parceira a ser combinada, relacionada a objetivos comuns cuidadosa e objetivamente planejados, será necessário à MEBP, caso seja essa Missão que vá empreender essa empreitada missionária, com ribeirinhos e, eventualmente, indígenas, uma base específica que abrigue sua liderança e seus missionários em campo avançado no Acre;
7. Avaliamos incompatíveis os objetivos da Missão e aqueles de nosso Projeto, caso se misturem num mesmo local, no caso a chácara em questão, já planejada e disponibilizada para os objetivos de nosso Projeto, que envolvem espaços para a comunidade, como sala de leitura, reforço escolar, assistência médica, nutrição, assim como retiros, convenções, eventos diversos, enfim, atividades que exigem a disponibilização dos cômodos da casa, não comportando hospedagem fixa;
8. Avaliamos, também que, caso a empreitada da Missão tenha a amplitude que, na conversa prévia entre eu e pastor Gustavo ficou configurada, mais ainda se torna imperioso um local específico para uma futura base da Missão no Acre;
9. Parceria implica definição de objetivos em comum e, para tanto, a Missão é estreante no Acre. Não diminuo, evidentemente, a capacidade dos irmãos e rapidez de adaptação. Mas o que questiono é a distância no espaço e no tempo, decorridos 21 anos em que estou aqui e as diferenças de visão entre os irmãos do Rio e minha liderança aqui;
10. Respeito, melhor dizendo, esforço-me por respeitar o ponto de vista alheio e, para isso, começo respeitando o meu próprio ponto de vista. Por isso não julgo fácil, rápido e pronta a adaptação da visão dos irmãos às realidades do Norte, mormente adaptação à visão minha, especificamente, tão peculiar e de convivência imprevisível, visto meu isolamento por tanto tempo;
11. Por isso não desejo, e essa é a visão que vou transmitir aos meus liderados, que num mesmo e específico local possamos estabelecer ministério(s) de visões diferenciadas. Acredito que uma parceria será possível, bem planejada e posta em prática caso, antecipadamente e antes de qualquer aventura, por usar este termo, da Missão no Acre, se os irmãos conseguirem uma base própria para sua liderança e missionários, como ponto de partida de todas as ações nessa parte do Norte do Brasil.
12. Em minha visão, uma parceria necessita de um fórum neutro e de planejamento contínuo, uma base avançada para que, desde muito cedo, missionários e/ou representantes da Missão possam realizar diligências e planejamentos no Acre, bem como discutir e implantar parcerias. Creio ser essa medida essencial para o bom relacionamento com o Projeto já em andamento, preservadas as diferenciações e preservada a amplitude e os desafios que, ainda mencionando a conversa prévia, parece-me ter consigo a Missão.
Certos de que os passos para uma possível caminhada em conjunto já estão sendo dados e rogando ao Espírito luz, sabedoria e assistência a nós, despedimo-nos, na graça de Deus.
Cid Mauro Araujo de Oliveira.
quinta-feira, 14 de abril de 2016
Mal traçadas linhas 19
O Salmo 139.
Já leu? Então, releia.
Tive uma professora no Seminário, Beth Bacon, de Língua Hebraica e Análise do Antigo Testamento. Ela sugeria que, ao lermos um livro da Bíblia, uma perícope ou unidade qualquer, fizéssemos de conta que não existia o restante do Livro, imaginando somente o que esse trecho, assim fatiado do todo, diz sobre Deus.
É assim que vamos imaginar aqui este Salmo. Nele está escrito que Deus nos modelou, ainda substância informe, no ventre de nossa mãe. E fez isso escrevendo antecipadamente todos os nossos dias. Desejo me deter exatamente nessas duas afirmações: (1) desde ainda substância informe, celular e microscópica, somos - como diz Paulo Apóstolo - um poema de Deus; (2) não tão somente contente com isso, o Altíssimo também decide ser autor do restante dos dias.
Mesmo para adeptos da evolução, isso é fantástico. É claro que a fé dos adeptos dessa teoria é diferente. Mas também absolutamente necessária e componente indispensável ao método. Sim, exatamente porque numa teoria não se têm todas as respostas. Faz-se suposição. E onde todas as respostas simplesmente não existem, o que não se sabe, coincide com a definição bíblica de fé: "certeza de coisas que se esperam e convicção de fatos que não se veem."
Mas vamos voltar aos poemas e narrativas de Deus. Podemos chamar poema o ponto de partida de sua, minha, nossa vida, e narrativa a história de cada um. Evidentemente, puro equívoco interpretar este Salmo dizendo que Deus agenda e programa cada dia da vida de todo mundo, tudo já predeterminado. Não é isso.
Mesmo que o salmista, autor deste antigo poema, tenha dito isso, de vez em quando (como dizia um outro meu professor, Manoel Porto Filho), os salmistas de Israel se enganavam.
Em sua ocupação primordial, Deus compôs, meticulosa e individualmente, o poema desse encontro de células matrizes, trazendo dentro de si toda a complexidade genética que é o ser humano. Quanto a definir seus rumos no Jardim Paraíso que a terra já foi um dia, poesia seria o resultado da parceria Deus-homem.
A história, a narrativa seria outra, caso houvesse parceria. A vida de quem tem com Deus parceria, diz o autor de Hebreus, faz aparecerem homens/mulheres dos quais o mundo não é digno.
Esse autor anônimo radicalizou aqui, nesta afirmação. Mas eu o entendo. Quando olhamos à volta, no genérico, para o que ele, esse autor, chama mundo, não somos cegos: vemos múltiplas marcas de uma autoria que não tem Deus como parceiro.
Definitivamente, o homem escolheu seguir carreira solo. Então, não me venha dizer que o que está aí é agenda de Deus, que foi predeterminado por Deus. Vemos as marcas da carreira solo do homem e, nesse meio em caos, traços de alguém que escolheu fazer com Deus parceria.
Estes são aqueles que o tal anônimo autor aponta como homens/mulheres dos quais o mundo não é digno. Simplesmente porque esses homens e mulheres seguem tão anônimos como esse autor, porém deixando marcas que são notáveis, nos dois sentidos, admiráveis e nítidas de serem vistas.
Mas não depertam interesse dos que se julgam donos do seu próprio destino. E estes são maioria. Também vão se tornando donos do destino de todos, usurpando para si o que deveria ser um bem comum. Isso é pecar contra, pelo menos, uma possibilidade de comunhão.
Destaco aqui dois versículos dessa composição: o primeiro, v.14, no qual o autor volta seus olhos para uma contemplação dessa obra singular de Deus, que é a tecitura da vida; o segundo, v.23-24, trecho em que esse mesmo autor pretende que Deus escreva, numa parceria com ele, os dias de sua historia.
"Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem."
"Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno."
domingo, 10 de abril de 2016
Mal traçadas linhas 18
Uma vez só.
Você já parou para pensar que está imerso no tempo, numa condição em que o tempo faz diferença para você, sim, porque ele decorre, escorre, é contabilizado, e isso faz diferença, muita diferença? Aliás, que horas são, que dia é hoje e, qual é mesmo a sua idade?
Já parou para pensar que, um dia, quando o tempo não mais fizer diferença para você, o nome disso pode ser morte? Espere, mencionar isso aqui não é chantagem emocional. Uma porção de gente que critica fé argumenta que ela existe e só existe nos crédulos, porque eles têm medo dela, da morte.
Estupidez. Avaliam que todo crente é burro, que crer não é pensar. Do mesmo modo que podemos encontrar pessoas sem fé que sejam humildes, também podemos encontrar pessoas inteligentes que creem. Morte é contingência da vida, crendo ou não, não é para ser temida, é para ser aceita.
Mas o que quero mesmo dizer aqui é que, o dia em que você crer, vai passar da morte para a vida, como diz a Bíblia. Vai deixar o tempo e entrar na eternidade. Eternidade, por definição, é o lugar onde Deus sempre esteve ou, se preferir (dizer ou entender) de outro jeito, o lugar onde Deus sempre está.
O dia em que você crer em Deus vai, definitivamente, deixar o tempo e entrar, atravessar o portal de acesso à eternidade, definitivamente. O contato com Deus é único, ou seja, acontece de uma vez por todas. O dia em que Ele te encontrar, nunca mais vocês dois vão separar-se. Ei, Ele está bem aí, no teu encalço.
A não ser que você o rejeite. Não me pergunta como se rejeita Deus. Desde muito cedo meus pais me ensinaram sobre Deus, e eu sempre acreditei. Não tive, tipo, aquelas crises de rejeição dessa ideia. Então, não sei como é lutar intimamente contra a ideia de Sua, de Deus, existência.
Quando você disser para Deus, quero, creio, aceito, e ouvir dEle "tu és meu filho, eu hoje te gerei", não mais a morte, e sim o tempo será, para você, contingência. A comunhão com Deus nos projeta do tempo, ou seja, a partir do tempo, para a eternidade.
O contato com Deus é único, uma vez só: "Ei, Pai: estou voltando. Estive longe, meio perdido, meio perdida. Mas agora, mesmo um pouco, ou muito envergonhado, estou voltando. Você me aceita?". Pronto, neste contato, nesta oração, de uma só vez, da morte para a vida, troca de contingências - aliás troca, não: fim das contingências -: passagem do tempo para a eternidade.
sábado, 2 de abril de 2016
Mal traçadas linhas 17
O silêncio de Deus.
A palavra 'logos', no grego significa, exatamente, 'palavra'. E a Bíblia diz que a palavra se fez carne e o nome dela é Jesus. Nada mais eloquente. Deus não mandou recado, não foi anjo que veio, nem profeta humano: Deus se fez homem em Jesus.
Quando encontramos alguém que diz, seja lá por que argumento, que Deus é intangível, desconhecido, nunca visto, detectado ou comprovado, somente repita isso: Deus se fez homem, o Verbo se fez carne. Não há nada mais eloquente do que isso.
Mas, e o silêncio de Deus? Há eloquência também no silêncio. Lembro-me do Salmo 19: "Não há linguagem, não há palavra, mas por toda a terra se faz ouvir a sua voz."
A Bíblia diz que a fé antecede a palavra. Sim, ela também diz que a fé vem pelo ouvir e o ouvir a palavra de Deus. Aqui já dissemos isto, já falamos da eloquência de Deus.
Mas agora quero falar do silêncio de Deus, que antecede e antecipa a fé. Está escrito que, por meio da criação, estão explícitos o poder, a divindade e os atributos de Deus.
Os que creem no acaso e só isso enxergam, ou seja, nós existimos a partir da colisão de partículas e da sopa primordial dos oceanos, onde moléculas se tornaram células, esses mesmos não podem negar a natureza, mestra de toda a ciência.
Pois a Bíblia, que é o GPS da fé, também diz que, antes de ser formulado qualquer discurso, a natureza fala, sem linguagem e sem palavra, mas por toda a terra faz ouvir a voz de Deus.
Rubem Alves, um herege moderno, diz que podemos não somente nomear Deus por muitos nomes, mas também detectá-lo, por exemplo, pelos recursos ao nosso alcance: os cinco sentidos.
Já ouviu o choro de um bebê, o latido, mesmo irritante, de um cachorro ou o zumbido de uma abelha? Você ouviu Deus. Já sentiu na boca o gosto da fruta de sua preferência, o efeito refrescante da água ou o paladar de seu prato predileto? É o gosto de Deus.
Já viu a mãe amamentando seu filho, um passarinho colhendo e carregando no bico material para o ninho ou, quantas vezes, o pôr do sol? Então, viu Deus. Já sentiu cheiro de capim ou de terra molhada ou ainda perfume de flor? Trata-se do cheiro de Deus.
E o tato? Já beijou seu filho, marido, esposa, namorado ou mesmo seu amigo? Qualquer criança? Sentiu Deus. E a brisa que refresca toda a sua pele, táctil? Pois é, depois diz que não.
Não é que as coisas sejam Deus. Ele é autor delas. Têm sua, dEle, assinatura. Pense nisto. Amor tem um autor. Amor não é sentimento ou emoção que nos foi legada pela mãe macaca primordial, aprimorado por nós, top de linha da evolução que, inclusive, desenvolvemos a linguagem, para nomear 'amor' este instinto cerebral primordial e ainda inventarmos Deus.
Amor tem autor. Tem assinatura. Mentiram para você quando disseram que a hipótese de trabalho de Darwin tem todas as respostas. Tanto Darwin, quanto Deus, precisam de fé para serem creditados. Desculpe-me você, mas a teoria de Darwin serve só para explicar como funciona, é uma hipótese de trabalho. Não explica a origem e nem fala do fim, para ele tão fatalista. Consegue explicar por que o gato é parente do leão e por que jacaré, crocodilo e lagartixa têm a mesma forma.
Mas não consegue, por exemplo, dizer como a partícula se fez a si mesma, na imensidão infinita do espaço. Troco Darwin, naquilo que não consegue explicar, por qualquer poeta. Este vai dizer apenas que, na imensidão infinita desse espaço sideral apenas e ainda provável, desconhecido, reside o silêncio de Deus. Sim, deste espaço que a ciência de Darwin diz que dele se conhece menos do que 5%, porque o restante é materia escura.
Deste Deus, eloquente em suas palavras, mas que antecipa a fé na percepção daquilo que os sentidos podem comprovar. Deus tem gosto, pode ser ouvido, tocado, visto e cheirado. E mesmo assim, como diz Rubem Alves, não está nas coisas. Mas se fez carne e peregrinou entre nós. Você pode encontrá-Lo no silêncio ou no Logos que se fez carne. Por toda a terra se faz ouvir a Sua voz.
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