quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Jornada Teológica de Ano Novo - 4 - Um Deus e seus planos?

      É radical e de uma vez por todas. Se a opção for por admitir que as Escrituras apresentam um Deus, que nela é único, e que se comunica com o ser humano, elas próprias são a primeira fonte de comunicação desse e com esse Deus. 

    Pelo modo como nela está expressa a história da revelação de um Deus, seriam as Escrituras fraude sistematicamente organizada, na concepção e autoria dos seus textos? Ou ainda uma reunião de lendas, literatura piegas ou construções mitológicas sobre a saga de um povo?

     Nosso objetivo não é discutir texto a texto, ou discorrer sobre o modo específico como tratam do Deus, de que modo a literatura nela exarada reflete sua cultura e época, porque isso já está exaustivamente feito. Mas, em linhas gerais, supor que a ideia sobre um Deus ali descrito fosse tal que se sobressaísse a qualquer outra, por outros meios, exposta. 

     E assim, de uma vez por todas, estaria definido se vale a pena considerar Deus esse das Escrituras ou negá-lo e, consequentemente, negá-las, e assim definir se vale a pena procurar outro ou achar Deus fora das Escrituras. Eventualmente, poderemos considerar que elas dão alguma pista sobre Deus, que seria, em alguma proporção, Aquele que aparece, em esboço, em suas páginas. 

     Então vamos, mais uma vez, anotado que será em linhas gerais, ao perfil do Deus delineado em suas páginas, quer dizer, nas páginas das Escrituras. Elas o indicam como criador, iniciando com uma descrição como tudo foi, por etapas, feito. Para logo indicar a relação pessoal desse Deus com o homem/mulher, segundo elas dizem, criados à Sua imagem e semelhança. 

    Mas para que essa "imagem e semelhança", por motivos óbvios, não seja indicada como um rascunho, devido ao vexame, para um Deus, que representaria a performance da condição humana, as Escrituras indicam logo a razão da distorção e incoerência verificada, descrevendo o modo como homem/mulher contradisseram sua origem.

     Homem/mulher, criados para viver num paraíso, o que combina, segundo as Escrituras, com o perfil do Deus nela descrito, resolvem contradizer Deus, desconhecendo-O como parceiro de suas próprias condutas. Portanto, são expulsos para o que se chama Terra, ainda que esta fosse criada, anteriormente, com essa ideia de ser um jardim paradisíaco. Pois o planeta se tornará, agora, à imagem e semelhança dos seres criados, sem nenhuma depreciação para eles, visto mesmo que, quer exista ou não exista um Deus, o planeta não deixa de ser à imagem e semelhança desses seres que nele habitam.

     Pulando por cima de duas histórias, a primeira indicando que, ao invés de seguir a sugestão do Criador, para que se espalhassem e ocupassem com inteligência o solo, resolveram amontoar-se no que inventaram e passaram a chamar "cidade", com torre e tudo. E a segunda, na qual Deus quase que se desconhece, porque notou duas coisas: 1. A maldade do homem/mulher aumentava, quer dizer, multiplicava-se na terra (ou Terra?); 2. E que isso era sem cura, quer dizer, era continuamente mal o principal desígnio do coração de homens/mulheres. 

     O que essas duas histórias apresentam em comum, segundo ilustram essas partes das Escrituras, é a disposição de não estar nem aí para o Criador, em Suas sugestões. Inventam o que hoje se chama cidade e definem fronteiras e brigam entre si, por nada, e, em termos de refinamento de maldade, esta só aumenta e continua aumentando, com ou sem motivo, se é que, para ser mal, seja necessário um motivo, essas histórias, com ou sem existência de um Deus, são um retrato da humanidade. 

     Respectivamente chamadas, essas duas narrativas, de Torre de Babel, palavra esta que significa "confusão", sendo a outra denominada de história do dilúvio, a narrativa seguinte vai apresentar um homem a quem Deus escolhe e separa, revelando a ele um plano de constituir um povo entre todos os outros povos, para que, ao final, possa reunir, de novo, junto com Ele e para Ele, toda essa turma, quer dizer, todos os povos como um só, os quais 1. espalharam-se pela terra (ou Terra) toda e 2. decidiram ser maus, multiplicado e continuamente, e maus cada vez mais. 

    Esse é o começo da história, em linhas gerais, das Escrituras.  Convenhamos: ainda que nesse comecinho, existindo ou não, já dá para simpatizar com um Deus desse, disposto a consertar com parceira o rascunho em que o pessoal transformou a coisa toda e ainda pretende reunir com Ele todo mundo junto, de novo.
      

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